Freire compara renúncia de ACM ao gesto dos "anões do orçamento"
- A ação não tem nenhum motivo nobre. O senhor Antonio Carlos Magalhães renunciou para fugir do voto consciente deste Plenário contra seu ato comprovado de ter violado o sigilo de voto desta Casa - afirmou.
Roberto Freire disse que embora Antonio Carlos tenha tentado justificar seu gesto citando vários tipos de renúncias que poderiam ser consideradas ações sérias e meritórias, esse conceito não se aplicava ao caso em questão. Insistiu que a renúncia teve por objetivo fugir de um processo de cassação.
- Foi uma mera ação visando se livrar de um processo por ação indecorosa de violação do painel do Senado - disse Freire, para quem Antonio Carlos teria infringido não apenas o decoro parlamentar mas, também, o Código Penal, cometendo crime de prevaricação.
- Eu fico indignado quando ele tenta passar para a sociedade que o culpado é o Conselho de Ética, o voto da senadora Heloísa Helena ou do senador Ramez Tebet. Existe aí uma inversão de valores e isso precisa ficar registrado para a Casa - afirmou Freire, acrescentando que não há interesse em discutir o voto desses senadores, "já que eles não cometeram nenhum crime e Antonio Carlos Magalhães cometeu".
Freire contestou ainda o que considerou tentativas de Antonio Carlos de impor lições de moral ao Senado, afirmando que a Casa "não vai receber lição de moral do senhor Antonio Carlos Magalhães".
- Ele vem aqui como se fosse o campeão da moral e fala inclusive da moral de um governo que ele serviu e, se não denunciou ações que julga imorais, indecentes e até criminosas, poderia mais uma vez estar cometendo crime de prevaricação - observou.
O senador lembrou que Antonio Carlos não era um simples militante, mas um dos principais líderes do governo, tendo apoiado o processo de privatização que criticou em seu discurso.
Em aparte, o líder do PFL, senador Hugo Napoleão (PI), afirmou que a renúncia de Antonio Carlos foi um gesto político, da mesma maneira que teria sido um processo político a atuação do Conselho de Ética. Napoleão apresentou seu reparo ao discurso de Freire dizendo que ele atacava pelas costas alguém que não tinha mais o direito de defesa no Senado. Freire considerou o reparo como um desencargo da função de líder mas o considerou injusto. Ressaltou que tudo o que disse já o havia dito na presença do senador Antonio Carlos.
30/05/2001
Agência Senado
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