Freire critica membros do governo por sustentarem especulações
O senador Roberto Freire (PPS-PE) criticou em Plenário, nesta terça-feira (14), a postura do ministro da Fazenda, Pedro Malan, e do presidente do Banco Central (BC), Armínio Fraga, que, em sua avaliação, sustentam as especulações sobre o risco de investimento no Brasil, caso o pré-candidato do PT à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, venha a vencer as eleições em outubro próximo. O presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, disse o senador, precisa "calar essa irresponsabilidade".
Freire disse que enquanto especulações desse tipo eram levantadas por "consultores sem nome de bancos internacionais" o assunto não chegava a preocupá-lo, mas ressaltou que a situação é outra quando agentes públicos brasileiros, que exercem autoridade pública, "vocalizam esse fetiche, esse humor do mercado, em um terrorismo inadmissível".
- Se fosse verdade o que dizem, não precisaria haver eleição: o mercado indica, o mercado faz, o mercado determina. É a ditadura do mercado, que tem humor, que se preocupa com o que pensam os candidatos de oposição no Brasil - protestou.
Freire manifestou sua estranheza em relação à declaração do ministro da Fazenda, Pedro Malan, de que não se pode renegociar a dívida interna, lembrando que o próprio Malan renegociou a dívida externa brasileira, pactuando novos prazos e juros.
- Que autoridade pública é essa? Está vocalizando o que interessa ao mercado, ou, então, sendo propagandista. Seria legítimo que o fosse, mas não utilizando a autoridade que lhe foi conferida pelo presidente da República - disse Freire.
Na avaliação do senador, com sua atitude, Malan está atentando contra a democracia. Para ele, aqueles que classificam como heresia a indicação para o país de um rumo diferente daquele que defendem é que praticam uma heresia.
- Pratica a heresia antidemocrática quem não quer admitir que novos rumos se querem dar ao Brasil. E quem vai decidir é o povo brasileiro, e não um burocrata, mesmo que seja ministro - afirmou o senador.
14/05/2002
Agência Senado
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