FREIRE DESTACA VIDA DE LUTA, SACRIFÍCIO E PRISÕES



"Apesar dos esforços feitos para diminuir a importância da participação de Luís Carlos Prestes navida nacional, à medida que o tempo se distancia de sua época fica clara sua ação decisiva em favor da democracia, das transformações sociais, da soberania nacionale dos direitos dos trabalhadores", disse hoje (dia 25) o senador Roberto Freire (PPS-PE), ressaltando o idealismo do líder comunista, sua coerência política e identidade com a causa dos deserdados.

Para Freire, hoje se tenta identificar Prestes como líder de uma intentona comunista de l935, movimento isolado e malogrado da história do Brasil. "Nada mais falso. Ele é o expoente do movimento tenentista que, desde a década de 20, em rebeliões sucessivas, buscou a superação do atraso político e a modernização nacional contra a Velha República de conchavos e nomeações políticas. A Coluna Prestes, marcha de 35 mil quilômetros, é o símbolo de sua revolta com a forma como se governava o Brasil".

Freire lembrou que Prestes, nos escassos dois anos em que exerceu mandato de senador (1946/47), defendeu uma agenda de lutas que continuam presentes até hoje. "Mudanças estruturais, moralização do orçamento, reforma agrária, combate à miséria e ao desemprego, essas continuam sendo as bandeiras dos verdadeiros socialistas e democratas brasileiros. Por esses objetivos Prestes teve uma vida de privações, na clandestinidade e na prisão, exilado e perseguido".

O senador pernambucano fez um longo relato da vida turbulenta de Prestes para concluir que "é simplista defini-lo como símbolo da derrota da verdadeira revolução no Brasil. Ele não liderou nenhum governo, mas ajudou a operar esta revolução no século que ora se encerra. Nos dias de hoje, revolução deixou de ser "um assalto ao céu, de armas na mão, para se tornar um processo multifacético de ações organizadas dos variados setores sociais provocando mudanças e conquistas políticas, econômicas e sociais", enfatizou..

Para Freire, o Brasil precisa rever a biografia de Prestes e explicar melhor episódios como seu apoio a Getúlio Vargas por ocasião do Estado Novo. "Ele nunca aceitou a ditadura, mas ficou politicamente ao seu lado, por acreditar que Vargas levaria adiante sua promessa de convocar uma Assembléia Constituinte com eleições livres e diretas. A Constituição que acabou valendo foi a tristemente conhecida como "Polaca". É claro que ele não acertou sempre. Tenho que reconhecer que os comunistas tiveram uma posição equivocada contra Vargas, durante seu governo constitucional que terminou com seu suicídio em l954".

Em aparte, o senador Pedro Simon (PMDB-RS) afirmou que o seu estado pode se orgulhar de ser o solo pátrio de uma figura gigante como Prestes. "Não preciso me identificar com suas idéias comunistas para respeitar e homenagear um líder que sempre colocou os interesses do país acima de questões pessoais. E louvar sua coerência política, que o levou a ter uma vida de sacrifícios sem jamais deixar de defender as mesmas idéias", disse.

Para Bernardo Cabral (PFL-AM), "os idealistas nunca alcançam o reconhecimento de seus contemporâneos, mas a história termina por lhes fazer justiça".O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) ressaltou a atualidade dos ideais comunistas de Prestes e seus seguidores. "Hoje, mesmo as nações ricas e capitalistas do mundo reconhecem ser a atual sociedade muito injusta. O ideal seria dar,a cada um,não de acordo com sua capacidade, mas de acordo com sua necessidade", observou.



25/03/1998

Agência Senado


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