Fundação Casa de Arujá atenderá internos viciados em drogas



Jovens terão acompanhamento de equipe capacitada por entidade norte-americana

A nova unidade da Fundação Casa, em Arujá, agora tem programa diferenciado para atendimento e recuperação de adolescentes viciados em drogas. Desde o dia 19, os 56 jovens (40 internos permanentes e 16 em regime de internação provisória) estão sendo atendidos por funcionários qualificados por especialistas da Associação Internacional Daytop, entidade norte-americana especializada na recuperação de dependentes químicos.

A sistemática utilizada pela Daytop baseia-se no método da Comunidade Terapêutica, utilizado em grupos de recuperação, como o Alcoólicos Anônimos (AA) e Narcóticos Anônimos (NA).

“A Comunidade Terapêutica, formada por psicólogos, assistentes sociais, educadores e demais funcionários da Casa, trabalhará em equipe. Seguirá um programa de tratamento baseado em quatro componentes distintos e essenciais para o processo de recuperação desses adolescentes: as situações relacionadas ao comportamento, ao afeto, à vocação e às questões espirituais”, explica Dorival Cardoso de Lima, diretor da unidade Arujá.

Cardoso, que também é psicólogo clínico, ressalta que os familiares dos jovens serão convidados a participar de reuniões com os profissionais da Comunidade Terapêutica: "A família é muito importante no resgate de valores, pois é nela que esse garoto encontra amor, amparo, afeto e disciplina. Dentro dessa abordagem, seguiremos a filosofia da família ideal e estimularemos as mudanças comportamentais para o aprendizado social por meio da recuperação da auto-estima”, esclarece o diretor.

Cardoso informa que a unidade Arujá receberá meninos com idades entre 12 e 18 anos e, excepcionalmente, na faixa dos 21. “Também teremos internos não-dependentes químicos. Eles participarão do programa elaborado pela Daytop, pois o modelo de tratamento proposto baseia-se no aprendizado social e na auto-ajuda”, acrescenta o diretor.  

Valores morais

No mês passado, funcionários e integrantes da entidade norte-americana se reuniram na sede da Fundação Casa, em São Paulo. Na ocasião, os técnicos da Casa tiveram oportunidade de conhecer a atuação da Daytop em diversos países e Estados brasileiros. 

Foram capacitados 70 funcionários – metade da Fundação Casa, e os demais ligados à Ong Saab – Sociedade Assistencial Ampara Brasil, parceira na iniciativa.Há 12 anos, a Daytop desenvolve método de recuperação com adolescentes e adultos, ressaltando a abordagem de aspectos emocionais e no resgate de valores morais. A aplicação do conceito de ajuda às pessoas em dificuldade, feita pelos próprios pares, é a base desse método, no qual cada pessoa se interessa e se sente responsável pelas outras. 

A apresentação das diretrizes de trabalho da Comunidade Terapêutica aos técnicos da Casa ficou a cargo do diretor-assistente da Daytop, Freddi Loke, que veio especialmente de Nova York (EUA) conhecer o trabalho desenvolvido pela instituição. E também discutir formas de adaptação desse método, a partir da realidade de cada região de atendimento, em especial o Alto Tietê, onde a unidade de Arujá está localizada.“Estamos definindo o Plano de Ação por meio de debates em grupos com a área técnica da Casa, psicólogos, assistentes sociais e educadores. Nesse momento, formataremos o modelo pedagógico a ser adotado aqui; definiremos os papéis e funções dos vários departamentos e, também, desenvolveremos a estrutura organizacional da unidade”, empolga-se Cardoso. 

Descentralização 

A qualificação durou quatro semanas. O primeiro módulo foi dado pela Escola de Formação e Capacitação Profissional da Fundação Casa. As quatro semanas restantes ficaram a cargo da Daytop, que apresentou aos participantes a metodologia e o modelo da Comunidade Terapêutica (CT); sua estrutura; os objetivos; a filosofia e o trabalho que será realizado pelos grupos participantes, dentro de uma sistemática baseada na vivência e na prática.

“Utilizaremos a filosofia da Comunidade Terapêutica da Daytop para reintegrar esses jovens à sociedade. Para tanto, buscaremos parcerias na região, com empresários e com a sociedade civil organizada. Nosso objetivo é recolocá-los no mercado de trabalho”, diz Shirley Aparecida Cristal, gerente da Ong Saab.

Ela não poupa elogios à capacitação oferecida aos integrantes da Ong e ao modelo descentralizado adotado pela Fundação Casa: “O mais bonito que vi aqui foi a descentralização adotada para as unidades da Casa. A imagem que o cidadão tinha da antiga Febem está mudando. É comum as pessoas da região perguntarem quando os meninos chegarão à unidade. É interessante perceber que, num município pequeno como o nosso, eles não sejam tratados como marginais”, surpreende-se Shirley. 

Premiação 

Na primeira semana de novembro, a Fundação Casa recebeu o Selo Prêmio Cultura Viva, do Ministério da Cultura, em Belo Horizonte, durante o Encontro Nacional de Cultura, Educação e Cidadania/Teia 2007.

A condecoração é concedida pelo governo federal às organizações e entidades que valorizam a participação popular na vida cultural, a partir de ações educativas que englobam o campo das artes, do patrimônio cultural e da comunicação cultural.

Na ocasião, também foram premiadas as 18 melhores iniciativas desenvolvidas na área em 2007. Em sua segunda edição, a homenagem contemplou as ações direcionadas às práticas culturais e educativas nas áreas do patrimônio cultural, da comunicação cultural e das artes, compreendendo artes cênicas; visuais; musicais; e artes da palavra (literatura, cordel, lendas, mitos, dramaturgia e contação de histórias); e audiovisual.

Para a premiação, foram selecionadas 18 iniciativas: três em cada uma das categorias Escola Pública de Ensino Médio; Fundação ou Instituição Empresarial; Gestor Público; Grupo Informal; Organização da Sociedade Civil; e Pontos de Cultura.  

Marilia Mestriner

Da Agência Imprensa Oficial 



11/29/2007


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