Fundação Florestal realiza parceria para expedição no Rio das Almas
Objetivo é fazer um levantamento do rio em termos ambientais, arqueológicos, históricos e culturais
Um importante tributário do Rio Paranapanema passará, em breve, por processo de diagnóstico socioambiental, histórico, arqueológico e cultural. Essa é a finalidade da Expedição de Reconhecimento do Rio das Almas, cuja primeira fase será realizada de 26 a 28 deste mês. A empreitada percorrerá da nascente – situada na Estação Ecológica Xitué, limite com o Parque Estadual Intervales, próxima aos municípios de Ribeirão Grande e Capão Bonito (sudoeste do Estado) – até a foz, num trecho de aproximadamente 40 quilômetros.
A iniciativa é uma parceria entre as ONGs Ideas (Instituto de Desenvolvimento Ambiental Sustentável) e Inter Rios, o Colégio Técnico Celso Charuri (do Centro Paula Souza), todos com sede no município de Capão Bonito, e a Fundação Florestal, da Secretaria de Estado do Meio Ambiente que administra a Estação Ecológica Xitué e o Parque Intervales.
Realizada em módulos, a expedição tem como objetivo avaliar o estado de conservação do rio a partir de sua nascente, região em que ele se encontra protegido pela Mata Atlântica. Segundo Maurício de Alcântara Marinho, responsável pela gestão do parque e da estação, a intenção é conhecer um pouco mais a situação ambiental e a importância do Rio das Almas. Ou seja: avaliar a situação da mata ciliar e levantar pontos de interesse histórico, arqueológico e cultural existentes ao longo do curso d’água, identificando problemas de lixo, esgoto e outras fontes de poluição.
Local de extração de ouro no século 17, o Rio das Almas concentra em trechos de seu leito vestígios dos ‘encanados’, empilhamentos de blocos formando canais, que propiciavam o desvio das águas para a atividade de garimpo do ouro de aluvião. Os ‘encanados’ representam um dos principais patrimônios culturais da região do Alto Paranapanema, como também é conhecida a região em que se encontra o rio. Até hoje, essas estruturas constituem parte considerável do leito do Rio das Almas e alguns afluentes, tendo sido o leito original abandonado há mais de 300 anos, devido à atividade de garimpo.Abastecimento – A expedição buscará reconhecer, também, parte das populações ribeirinhas e das atividades econômicas ao longo do curso d’água, elaborando um diagnóstico socioambiental. O Rio das Almas é a principal fonte de abastecimento dos municípios de Ribeirão Grande e Capão Bonito que, juntos, somam cerca de 60 mil habitantes. A empreitada visa ainda à realização de um documentário e ao levantamento de informações para subsidiar os projetos desenvolvidos pela ONG Ideas, principalmente o Roteiro Turístico dos Encanados e o Projeto Agroecológico.
De acordo com Marinho, além de integrar esforços de diferentes setores da sociedade, a iniciativa de reconhecimento do rio possibilitará o fortalecimento das ações de proteção ambiental, pesquisa e desenvolvimento de práticas sustentáveis e culturais com as populações vizinhas das unidades de conservação.
Participarão da expedição integrantes das entidades mencionadas e representantes de prefeituras, especialistas em meio ambiente, turismo e educação dos municípios de Ribeirão Grande e Capão Bonito. A intenção é montar acampamento de mínimo impacto para fazer os pernoites. As demais fases deverão ocorrer ainda no primeiro semestre deste ano.Serviços
Expedição Reconhecimento do Rio das Almas
Início: 26 de janeiro, às 7 horas, na sede do PEI
Retorno: 28 de janeiro, às 19 horas, no mesmo local
Projetos: compensação ambiental
Subsidiar as visitações, estimulando a atividade turística e gerando renda, é a finalidade do Roteiro Turístico dos Encanados, que será disponibilizado aos municípios da região do Alto Paranapanema. Já o Projeto Agroecológico prevê a recuperação de 411 hectares, por meio da interligação de fragmentos florestais. O objetivo é formar corredores ecológicos, que beneficiem pequenos e médios agricultores. Para completar esses fragmentos, os produtores participarão da formação de viveiros de espécies nativas.
Esses e outros projetos desenvolvidos pela ONG Ideas na região do Alto Paranapanema são decorrentes da compensação ambiental em razão de processos de licenciamento. A entidade responsável pela criação da Ideas (ocorrida em 2006) é a Companhia de Cimento Ribeirão Grande (CCRG), que também garantirá o seu funcionamento pelo período mínimo de cinco anos.
O objetivo da criação da Ong foi promover nos municípios da região a ação interinstitucional pró-ativa e participativa, envolvendo as entidades existentes na busca de um objetivo comum: o desenvolvimento sustentável em escala local e regional.
Estação e parque: grande contínuo
A Estação Ecológica Xitué e o Parque Estadual Intervales compõem, juntamente com os Parques Estaduais Turístico do Alto Ribeira (Petar) e Carlos Botelho, o contínuo de Paranapiacaba. Trata-se de uma área de mais de 120 mil hectares de florestas conservadas, equivalente a 100 quilômetros de extensão por 20 de largura. A essa área somam-se ainda grandes propriedades, terras devolutas, comunidades quilombolas e áreas habitadas pela população ribeirinha, que fazem da região um dos principais patrimônios ambientais do planeta.
Intervales, por exemplo, é um reconhecido roteiro de ecoturismo, nacional e internacionalmente. Além de trilhas e cachoeiras, o parque concentra flora e fauna diversificada, especialmente em termos de aves. Isso faz com que receba um tipo particular de turista, os observadores de aves, procedentes dos Estados Unidos, Alemanha e Holanda.
A Estação Ecológica Xitué, criada em março de 1987, com 3.095 hectares, preserva remanescentes florestais da Mata Atlântica e do Rio das Almas. Limita-se ao sul com Intervales e a noroeste com o Hotel Paraíso Ecolodge, empreendimento ecoturístico com base sustentável.
Da Agência Imprensa Oficial
(M.C.)
01/22/2008
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