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- Além de caros e inadequados para o fim de incluir digitalmente a população, os ônibus foram entregues a entidades filantrópicas e ONGs que não existem - afirmou Gabeira, antes de iniciar a inquirição de assessores parlamentares acusados de receber recursos da chamada máfia das ambulâncias, que também operava com outros tipos de veículos.

O deputado disse que o PSB tentou fazer da inclusão digital um "trunfo eleitoral", chegando agravar um programa destinado a propaganda gratuita no Rio de Janeiro dentro de um ônibus que trazia pintada na lateral a frase "Brasil País de Todos", lema do governo Luiz Inácio Lula da Silva.

O "aparelhamento eleitoral" do ministério teria se dado por meio da apresentação de emendas - coletivas e individuais - ao orçamento. Segundo Gabeira, as verbas foram posteriormente liberadas pelo ex-secretário de Inclusão Digital do MCT e candidato a deputado federal pelo PSB do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg.

O deputado do PV disse que não estava acusando este ou aquele parlamentar de se beneficiar pessoalmente das verbas liberadas por meio da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), um órgão do governo federal de elevado conceito. Ele chegou a mencionar os deputados Alexandre Cardoso (RJ) e o líder José Renato Casagrande (ES) como autores de emendas contemplando a compra de ônibus.

- Estou, sim, apresentando elementos, nexos, para que a imprensa investigue jornalisticamente o assunto, mas tenho certeza que a Comissão Parlamentar de Inquérito dos Sanguessugas provará duas coisas: o ministério foi aparelhado pelo PSB e um grupo de parlamentares colocou dinheiro público no bolso - disse Gabeira, acrescentando que os ônibus custaram cerca de R$ 300 mil , mesmo sendo alguns de segunda mão.

O deputado considera importante que os ex-ministros Eduardo Campos, candidato ao governo de Pernambuco pelo PSB, e Roberto Amaral esclareçam o que sabem sobre a destinação dessas verbas, assim como Rodrigo Rollemberg, que, de acordo com o deputado, foi citado no depoimento à CPI por Luiz Antônio Trevisan Vedoin, sócio-proprietário da Planam, a empresa de Cuiabá que coordenou a maior parte das operações do esquema dos sanguessugas. O ex-secretário teria dito num telefonema a um terceiro que havia muito dinheiro no MCT para a inclusão digital.

Outros "nexos" apresentados por Gabeira durante a coletiva se relacionam à empresa KM, com sede em Jaboatão dos Guararapes (PE). Segundo Vedoin, a KM dominava a o fornecimento de veículos como ambulâncias e outros na região Nordeste. Foi a empresa que fez o protótipo dos ônibus para inclusão digital , testado depois em Alagoas, embora a Planam tenha intermediado a venda de veículos semelhantes no Rio.

- Outra coisa que é preciso observar: esses ônibus estão escondidos em garagens. Como deveriam estar rodando para cumprirem sua função, fica claro que há algo de irregular com os veículos - disse Gabeira.

O deputado prometeu que irá cuidar da área de inclusão digital na próxima fase das investigações da CPI, que deverá estar voltada para o MCT e o Ministério da Saúde.

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