Garibaldi recomenda cautela na utilização de militares nas favelas cariocas



Ao comentar a participação de militares no assassinato de três jovens por traficantes no Rio de Janeiro, no último sábado (14), o presidente do Senado, Garibaldi Alves Filho, recomendou cautela na utilização das Forças Armadas nas favelas cariocas.

- É preciso ter cuidado com essa função que está sendo exercida. Ela é muito necessária, por um lado, mas podem acontecer desvios, por outro lado. Sempre se disse que a tropa não estava preparada, treinada para esse tipo de coisa, mas a necessidade obrigou - disse.

As Forças Armadas atuam no Morro da Providência desde 2007, com o objetivo de garantir a segurança das obras do projeto Cimento Social, do Ministério das Cidades, que promove reformas nas casas dos moradores. O projeto foi inspirado em proposição (PLS 541/07) do senador Marcelo Crivella (PRB-RJ), que tramita na Casa desde o ano passado.

Nesta segunda-feira (16), um tenente, um sargento e um soldado que participavam do monitoramento das obras confessaram ter entregado os jovens de 17, 19 e 24 anos, moradores do Morro da Providência, a traficantes de drogas do Morro da Mineira, dominado por uma facção criminosa rival. A intenção teria sido punir os rapazes por desacato, que acabaram sendo torturados e mortos pelos traficantes. Ao todo, 11 militares são acusados de envolvimento com o crime.

Garibaldi atribuiu o crime à "situação caótica da segurança pública no Rio de Janeiro". O episódio também foi veementemente condenado, nesta terça-feira (17), pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, que acompanha a apuração do caso junto ao Ministério da Defesa.

- Eu acho que tem saída, mas não sou eu que vou propor o que fazer. Acho que tudo passa por treinamento, reciclagem - comentou Garibaldi.

Folha condenada

Na ocasião, o presidente do Senado disse ainda não concordar representação da Justiça Eleitoral de São Paulo contra a Empresa Folha da Manhã S/A, que edita o jornal Folha de S. Paulo. A medida foi adotada após a Justiça considerar como propaganda eleitoral antecipada a entrevista concedida ao jornal por Marta Suplicy, pré-candidata do PT à Prefeitura de São Paulo, publicada no dia 4 de junho.

- Assim, todos os jornais e revistas teriam que ser condenados. Acho que houve uma precipitação. É um caso que não merece entrar nos anais da nossa Justiça - avaliou.



17/06/2008

Agência Senado


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