GENERAL CARDOSO ADMITE DESCONTROLE NA ABIN E ANUNCIA DEMISSÃO DE ARIEL DE CUNTO



O ministro chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, general Alberto Cardoso, admitiu nesta quinta-feira (dia 30), em sessão secreta, aos parlamentares integrantes do Órgão de Controle e Fiscalização Externa da Política Nacional de Inteligência, a possibilidade de funcionários e/ou ex-funcionários estarem realizando investigações fora da estrutura oficial da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e pediu a ajuda do Congresso Nacional na criação de mecanismos de controle para combater essa prática criminosa.

O general também anunciou ter demitido o diretor-geral da Abin, coronel da reserva Ariel de Cunto, por ter designado Carlos Alberto del Menezzi, um ex-torturador, para um cargo de confiança. Para o lugar de Ariel de Cunto foi indicada a diretora-adjunta da Abin, Marisa Diniz.

A senadora Heloísa Helena (PT-AL) disse após a reunião que o general reafirmou o compromisso moral do governo de não manter em seus quadros quaisquer pessoas envolvidas com a tortura praticada durante o regime militar. O líder do governo no Congresso, deputado Artur Virgílio (PSDB-AM), revelou que está sendo discutida a elaboração de um estatuto para, nos moldes do Banco Central, manter um controle sobre ex-funcionários da Abin. "A Abin deve ser cada vez mais Estado e menos governo", resumiu Virgílio. Os parlamentares do Órgão de Controle e Fiscalização Externa agendaram uma visita à sede da Abin na próxima quinta-feira (dia 7).

"Estamos caminhando em terreno desconhecido", afirmou o líder do PSDB na Câmara dos Deputados, Aécio Neves (MG). Ele ressaltou a necessidade de fortalecer um órgão de controle importante como esse do Congresso Nacional. O deputado lembrou que tudo é muito novo ainda e revelou que o general Cardoso demonstrou total disposição para dividir informações com o Congresso.

Heloísa Helena disse que é preocupação de todos criar mecanismos de controle que ajudem a identificar os agentes externos à estrutura oficial que estão disseminando informações como se fossem da Abin. Ela informou também que o general Cardoso está fazendo um relatório detalhado para identificar quais são os funcionários da Abin que participaram da repressão e informou que 15% do quadro é proveniente do antigo Serviço Nacional de Informação (SNI).

30/11/2000

Agência Senado


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