Geraldo Cândido quer ação governamental contra o racismo



O senador Geraldo Cândido exigiu, em discurso no plenário, uma ação efetiva do estado para retirar a população afro-descendente da condição de marginalização perante a sociedade brasileira. "Para que tenhamos orgulho de conviver na multiplicidade de raças e de culturas", disse. O senador citou dados que comprovam a existência de racismo no país. Por exemplo, na comparação das taxas de desemprego do ano passado, 86,4% dos desempregados em Salvador eram negros; no Recife e Distrito Federal esse número atingia cerca de 68% e, em São Paulo, esse número ficava em 40%. Cândido informou ainda que as mulheres negras compõem os maiores índices de desempregados em todo o país.

Na opinião de Cândido, esses dados refletem uma situação de preconceito, herdada de um passado colonial. Mesmo com a legislação brasileira condenando o racismo, ainda existem no país práticas racistas, discriminatórias e constrangedoras, acredita. Um exemplo, citou, é a exigência de "boa aparência" em anúncios de emprego. Para evitar essa situação, que para ele reflete preconceito contra negros, obesos e pessoas com problemas dermatológicos, Cândido apresentou projeto proibindo o uso dessa expressão nos classificados. A matéria já foi aprovada no Senado e aguarda exame da Câmara dos Deputados.

O senador, que tratou do assunto por ocasião da comemoração, nesta quarta-feira (dia 21), do Dia Internacional da Eliminação da Discriminação Racial, comparou a situação do Brasil com o regime de apartheid em que viveu a África do Sul. Cândido explicou que o regime sul-africano 87% do território para domínio de brancos, assim como empresas e indústrias, deixando os 13% restantes para a maioria negra. O fim desse regime na África do Sul se deu em 1994, com a eleição de Nelson Mandela para a presidência.

22/03/2001

Agência Senado


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