GERALDO CÂNDIDO REGISTRA O DIA MUNDIAL CONTRA O RACISMO



O senador Geraldo Cândido (PT-RJ) disse que o racismo "está longe de transformar-se em página virada na história mundial", ao registrar a passagem do Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial, comemorado no dia 21 de março. Ele lembrou também a instituição dessa comemoração pela Organização das Nações Unidas (ONU), "em sinal de protesto e como marco do assassinato de 69 pessoas negras, em 1960, pela polícia da África do Sul".Geraldo Cândido afirmou estar constrangido ao constatar que, passadas décadas dessa iniciativa da ONU, o racismo ainda está presente na sociedade. Ele citou os problemas dos negros, as relações entre palestinos e judeus, o genocídio dos povos indígenas nas Américas, as atitudes hostis em relação aos trabalhadores imigrantes.- Apesar de comprovada a falácia das teorias racistas, é grande sua influência na história do pensamento humano. Tem sua expressão mais cruel no genocídio justificado pela suposta periculosidade do povo exterminado. Os judeus foram mortos pelos nazistas porque, segundo estes, eram "raça indesejável". Os negros e índios foram perseguidos porque eram bárbaros, pagãos, desprovidos de humanidade, considerados um perigo para o estado colonial - lamentou o parlamentar.O senador acrescentou que o racismo tem raízes econômicas e que por isso se converte em fato político. Disse ainda não ser por acaso que a população negra está entre os grupos sociais mais pobres do planeta, fruto de 400 anos de escravidão e exploração. Para Geraldo Cândido, a liberdade jurídica conquistada pelos negros não lhes assegura a liberdade real, pois "não libertou o povo negro dos preconceitos que o estigmatizaram como inferior", e "não lhes deu oportunidades e participação de forma igualitária na sociedade".- Os governantes de todos os países afirmam respeitar a declaração de direitos humanos, da ONU, que condena a discriminação por motivo de raça. Mas está aí uma contradição das chamadas democracias atuais, pois se afirmam humanistas e igualitárias, mas colocam em prática políticas que vão contra esses princípios, discriminando grupos sociais tradicionalmente pobres.Os temas abordados pelo Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial estão, para o senador, profundamente ligados à história do povo brasileiro. No Brasil, "segunda nação negra do mundo", com uma população que, segundo dados oficiais citados pelo senador, é cerca de 50% composta de indivíduos de origem africana, "a situação deveria ser mais positiva". Geraldo Cândido citou que costuma-se dizer que não há preconceito no Brasil, mas que a prática cotidiana mostra exatamente o contrário.- Por fim, neste dia, gostaria de lembrar: a única raça é a raça humana. Vamos viver em harmonia, vamos diminuir a distância entre raças e etnias para vivermos um mundo melhor, para construirmos uma sociedade justa, democrática e participativa, que respeite os direitos das várias etnias existentes, bem como a dignidade e a vida de milhões de habitantes desse planeta. Só assim o Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial perderá seu sentido - concluiu o senador.

23/03/1999

Agência Senado


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