Gerente da Petrobras nega superfaturamento em refinaria de Pernambuco
Contrariando relatório do Tribunal de Contas da União (TCU), o gerente-geral de Implementação de Empreendimentos para a Refinaria de Pernambuco, Glauco Legatti, negou a existência de superfaturamento nas obras dessa refinaria. Ele afirmou, porém, que o custo estimado desses investimentos, que inicialmente era de US$ 4 bilhões, aumentou para cerca de US$ 12 bilhões. O gerente fez essas declarações nesta terça-feira (25), durante reunião da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras.
Ao justificar a diferença nas estimativas, Glauco Legatti argumentou que a primeira, de US$ 4 bilhões, foi calculada "na fase conceitual" do empreendimento e que diversos fatores provocaram o aumento desse valor. Entre esses fatores, ele citou o tipo de solo no qual será feita a terraplenagem para a construção da refinaria - segundo o gerente, foi encontrado um volume de "solo mole" maior que o esperado, o que dificulta as obras.
Enquanto os senadores da oposição criticaram o aumento da estimativa, os governistas apoiaram tanto Glauco Legatti como o outro funcionário da Petrobras que depôs nesta terça-feira, o gerente de Engenharia de Custos e Estimativas de Prazos Sérgio Arantes.
Tasso Jereissati (PSDB-CE) disse que a variação de US$ 4 para US$ 12 bilhões "muda totalmente o cálculo de viabilidade econômica do empreendimento". Já Sérgio Guerra (PSDB-PE) criticou o fato de a refinaria ser construída sobre "solo mole". Antonio Carlos Junior (DEM-BA) fez vários questionamentos sobre as razões que levaram ao aumento do custo estimado.
Por outro lado, Delcídio Amaral (PT-MS) afirmou que "os números atuais são absolutamente condizentes com o preço do barril de petróleo". Ele também argumentou que "a Petrobras possui uma competência inquestionável e funcionários altamente qualificados". Ideli Salvatti (PT-SC), por sua vez, lembrou que há quase 30 anos não se constrói uma refinaria no país e que, neste momento, está prevista a construção de três - em Pernambuco, Ceará e Maranhão. Inácio Arruda também defendeu a estatal.
TCU
Ao lembrar o documento do TCU que apontou irregularidades nas obras em Pernambuco, Alvaro Dias (PSDB-PR) declarou que "esse relatório é taxativo" e que "o auditor responsável por esse documento, após meses de análise, não faria recomendações irresponsavelmente". Entre as irregularidades indicadas no relatório, o senador citou a obstrução da fiscalização, a sonegação de dados, o descumprimento de deliberações do TCU e o sobrepreço em contratos - todas negadas pelos gerentes da Petrobras.
O auditor responsável por esse relatório será convidado a depor na CPI da Petrobras, em audiência a ser realizada na próxima terça-feira (1º de setembro).
25/08/2009
Agência Senado
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