Governo federal, entidades religiosas e Unicef em prol da criança e adolescente
“O Palácio do Planalto é um ponto de encontro e foi construído para sediar as iniciativas que fazem bem ao povo brasileiro”, afirmou o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, na abertura do encontro Movimento Paz & Proteção, promovido pela Unicef em parceria com a Secretaria-Geral e Secretaria de Direitos Humanos. O evento aconteceu na última sexta-feira (6), no Palácio do Planalto, em Brasília.
O Movimento é fruto de parceria que envolve o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (Conic), a Visão Mundial, a Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde (Renafro) e a Koinonia Presença Ecumênica e Serviço.
O objetivo da oficina é mobilizar e qualificar a ação de comunidades religiosas pelos direitos das crianças e adolescentes. O evento do dia 6 de dezembro foi dirigido a lideranças pentecostais e contou com a participação de cerca de 70 delas, representando 15 estados, atuantes em projetos de assistência e de garantia de direitos com crianças e adolescentes.
Estado laico
Gilberto Carvalho afirmou que é tarefa da Secretaria-Geral garantir as portas abertas do Palácio do Planalto para o diálogo e cooperação com os diferentes segmentos da sociedade civil. O governo federal não é inimigo das igrejas e este evento é um retrato da disposição para o diálogo e a cooperação com vistas ao bem comum da população brasileira, disse. O Estado é laico, continuou Gilberto Carvalho, e por isso mesmo deve trabalhar pela garantia do direito à liberdade religiosa e ter as religiões como parceiras.
Segundo o ministro, há uma cultura entre os diferentes estratos da máquina governamental, inclusive no funcionalismo público, de atuar nesse sentido - servir a quem sempre teve privilégios. Buscou-se, então, atuar "contra este padrão de Estado em busca de um Estado brasileiro como motor de igualdade e não de exclusão". Gilberto Carvalho avalia que muita coisa mudou no Brasil, mas que ainda cabe ao Estado a tarefa de "alcançar uma democracia verdadeira, por isso, é preciso contar com a ação cidadã de entidades sociais, como as igrejas”. O ministro admite que se as entidades sociais cruzarem os braços o país para e, portanto, cabe ao Estado apoiá-las.
Unicef
A chefe de Proteção à Criança na Unicef no Brasil, Casimira Benge, enfatizou a parceria da Unicef com as organizações religiosas em todo o mundo e, em especial, com a sociedade civil e o governo brasileiro. Ela citou o Estatuto da Criança e Adolescente e os esforços para garantir acesso a educação. “Mas é preciso avançar mais”, enfatizou. De acordo com Casimira Benge, são registrados no País cerca de 180 casos diários de violência contra crianças e adolescentes e 600 mil crianças sem registro civil. A violência contra crianças e adolescentes pode ser combatida com o acolhimento no seio das comunidades
Já o teólogo Ricardo Bitun expressou o desafio da responsabilidade social das igrejas à luz da Bíblia, que sempre recomenda cuidado especial com os órfãos, viúvas, pobres e estrangeiros.
Durante o encontro foram destacados dois temas em relação à violência contra crianças e adolescentes: a campanha Proteja Brasil e a discussão sobre a redução da maioridade penal. A campanha de proteção à criança e adolescente, que prevê combate à exploração sexual e outras formas de violência como a do trabalho infantil, em especial durante os grandes eventos, como o Carnaval e a Copa do Mundo.
Sobre a redução da maioridade penal, Angélica Goulart, secretária Nacional de Promoção dos Direitos das Crianças e Adolescentes (Secretaria de Direitos Humanos) explicou que é um tema difícil que mexe com emoções. Por isso tem proposto, inclusive em audiência com a Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados, a qualificação do debate, defendendo mudanças estruturais para que os direitos de crianças e adolescentes sejam garantidos.
Dados da Secretaria de Direitos Humanos revelam que 0,09% do total da população adolescente comete ato infracional e dos atos cometidos cerca de 17% são graves. Ela lembrou que este tema sempre se reforça quando alguém branco e da classe média sofre com algum crime. "Claro que não é correto e quem praticou deve ser devidamente punido", disse, "no entanto, e aquelas crianças e adolescentes negros, da periferia que morrem todos os dias, quem clama por eles?" A secretária mostrou dados que revelam que mais de 20 crianças e adolescentes morrem assassinados todos os dias no país
Paz e Proteção
O Movimento Paz e Proteção busca unir pessoas, organizações e comunidades religiosas ou de fé para a salvaguarda dos direitos, da integridade e da dignidade de crianças e adolescentes. O objetivo é garantir a sobrevivência, desenvolvimento, proteção e bem-estar de meninas e meninos por meio de ações de prevenção da violência e promoção do registro de nascimento.
O Movimento faz parte de uma ação global que a Unicef vem realizando para mobilizar organizações seculares e religiosas, unindo a fé e os esforços de todos e todas. Essa aliança é baseada no que foi estabelecido pela Convenção sobre os Direitos da Criança, na legislação brasileira e em princípios e valores comuns.
O Movimento Paz e Proteção busca unir pessoas, organizações e comunidades religiosas ou de fé para a salvaguarda dos direitos, da integridade e da dignidade de crianças e adolescentes. O objetivo é garantir a sobrevivência, desenvolvimento, proteção e bem-estar de meninas e meninos por meio de ações de prevenção da violência e promoção do registro de nascimento.
Para participar do Movimento, as organizações e instituições assinaram um Termo de Adesão, concordando com a implantação das ações previstas. As lideranças pentecostais presentes foram convidas a assinar o Termo, que pode ser assinado por outras organizações que desejem se integrar.
Esta foi a terceira oficina do Movimento Paz e Proteção em Brasília, desde maio de 2013, com lideranças religiosas para discutir o plano conjunto para proteção de crianças e adolescentes. Representantes de organizações religiosas apresentaram ações que já estão sendo realizadas e discutiram as bases do plano para 2013 e 2014.
Fonte:
Secretaria-Geral da Presidência da República
10/12/2013 17:11
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