Graziano: Fome Zero não pertence a nenhum partido



O Fome Zero foi definido nesta quarta-feira (26) pelo ministro extraordinário da Segurança Alimentar e do Combate à Fome, José Graziano, como -um programa em construção, que não pertence a um partido político e sim a toda sociedade-. Durante audiência pública promovida pelas Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), Assuntos Sociais (CAS)e Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), ele afirmou ainda que a iniciativa procura estimular a agricultura familiar, onde haveria uma reconhecida capacidade ociosa.

O obstáculo para alavancar a agricultura brasileira, disse ele, é a restrição de mercado decorrente do protecionismo internacional e da falta de renda da população. No seu entender, uma política de segurança alimentar deve se basear em quatro pilares: qualidade, quantidade, regularidade e dignidade. -Fome se resolve com emprego e renda-, afirmou.

Graziano disse que o Bolsa-Alimentação, do Ministério da Saúde, é o programa de transferência direta de renda do governo que possui o melhor cadastro. Por essa razão, o seu ministério está buscando uma interação com a pasta da Saúde, que já atende a 175 mil famílias da região do semi-árido brasileiro. A meta, segundo o ministro, é a de chegar ao final do ano com 800 mil famílias beneficiadas com o Bolsa-Alimentação e o Cartão-Alimentação, instituído em fevereiro de 2003 e cujo projeto-piloto está sendo desenvolvido nos municípios piauienses de Guaribas e Acauã, com 779 famílias selecionadas.

No início da reunião conjunta, Graziano agradeceu ao senador Almeida Lima (PDT-SE) pela retirada de moção de censura à frase pronunciada em palestra na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), em 7 de fevereiro de 2003, que foi noticiada e entendida como uma discriminação aos nordestinos. O ministro mais uma vez pediu desculpas públicas pela -frase infeliz- que gerou reações de indignação. -Ela não reflete o que penso e fiz ao longo de minha vida-, justificou.

No balanço de 85 dias de governo, o ministro destacou, entre as várias ações de sua pasta, a implantação do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea) federal e suas estruturas nos estados (já existem seis funcionando); a ampliação do fornecimento de merenda escolar; a instituição do Cartão-Alimentação, que beneficiará 179 municípios na sua primeira etapa; o programa de mutirão contra a fome, com 900 pessoas treinadas para atender os doadores pelo sistema de call center (central de atendimento por telefone); os convênios com entidades do setor empresarial; a difusão de tecnologia da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa); e a instalação do Conselho do Fundo de Combate à Pobreza.




26/03/2003

Agência Senado


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