Guerrilha do Araguaia: ossos encontrados em Tocantins serão periciados em Brasília



A estrutura óssea localizada por antropólogos forenses na área “Cimento”, no Cemitério de Xambioá (TO) será encaminhada até quarta-feira (27) a Brasília, onde será submetida a exames periciais por médicos legistas do Instituto Nacional de Criminalística (INC), da Polícia Federal, e do Instituto Médico Legal (IML) do Distrito Federal. 

O objetivo dos exames periciais é saber se os restos mortais descobertos no cemitério correspondem ou não às indicações obtidas pelo Grupo de Trabalho de Tocantins (GTT) de que no local haveria uma inumação (sepultamento) de um participante da Guerrilha do Araguaia.   

O GTT foi criado em 2009, pelo ministro da Defesa, Nelson Jobim, para tentar localizar restos mortais de guerrilheiros e militares mortos na Guerrilha do Araguaia, episódio que culminou, entre 1972 e 1974, com a morte de civis e militares no Sul do Pará e Norte de Tocantins (região na época pertencente a Goiás). 

A juíza Solange Salgada, da 1ª. Vara da Justiça Federal em Brasília, esteve sábado e domingo em Xambioá, para examinar a evolução dos trabalhos do GTT, que acaba de realizar a sua 6ª Expedição à região em 2010. No ano passado, o GTT realizou cinco expedições com o mesmo propósito. 

Responsável pela decisão de determinar a procura de restos mortais de pessoas que participaram da Guerrilha, a magistrada ouviu durante o último fim-de-semana mateiros, guias e colaboradores que moraram na região, na época do movimento guerrilheiro, ou que participaram de ações da guerrilha. 

Ao comentar a descoberta da estrutura óssea no Cemitério de Xambioá, o médico Jeferson Evangelista Corrêa, perito criminal da Polícia Federal que integra o Grupo de Trabalho, fez a seguinte análise do achado: “Trata-se de uma inumação (sepultamento) antiga. Há preservação parcial dos ossos longos. Isso permitirá uma estimativa da estatura do indivíduo”. 

Numa primeira análise, os peritos que compõem o GTT consideram que os ossos retirados das escavações, que já foram acondicionados em recipientes especialmente adaptadas para essa função, correspondem aos de uma pessoa do sexo masculino, acima de 40 anos e, aproximadamente, 1m70 de altura. Esses dados, porém, ainda não podem ser considerados definitivos, já que necessitam ser confirmados pelos exames periciais.

Jéferson Evangelista alerta que é cedo para saber se a estrutura óssea encontrada quinta-feira (21) corresponde ou não às indicações obtidas pelo GTT de que ali estaria enterrado um participante da Guerrilha do Araguaia.  A retirada dos ossos do local foi precedida de uma série de cuidados, que incluíram a coleta de vestígios relacionados à inumação, a retirada gradual e completa da cobertura de terra, medição dos ossos e enumeração das amostras.

Escavações realizadas noutra parte do cemitério, denominada Área Axixá, apontada por colaboradores como um dos prováveis locais onde haviam sido enterrados alguns guerrilheiros enrolados em lonas, não indicaram a existência de restos mortais de participantes da guerrilha.

Nesta segunda-feira (25), outras escavações foram feitas na Área de São Sebastião, na região de São Geraldo do Araguaia, onde haveria, seguindo indicações de colaboradores, restos mortais de guerrilheiros. Nenhum indício que confirmasse a informação, porém, foi achado no local. 

Os integrantes do GTT já seguiram para Marabá (PA), onde deverão finalizar os relatórios sobre a 6ª Expedição. 
 

Fonte:
Ministério da Defesa

 

25/10/2010 20:02


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