Restos mortais encontrados no Tocantins chegam a Brasília e seguem para exame no IML



Os restos mortais localizados por antropólogos forenses na área "Cimento", no Cemitério de Xambioá (TO), chegaram às 20h30 desta quarta-feira (27) à Base Aérea de Brasília, em um voo da FAB procedente de Marabá (PA). Segundo indicações de colaboradores e testemunhas, eles podem ser de um participante da Guerrilha do Araguaia, mas a eventual identificação só poderá ser confirmada após exames periciais.

Assim que foram retirados do avião Bandeirante, os ossos foram encaminhados imediatamente para o Instituto de Medicina Legal da Polícia Civil do DF (IML). Os exames periciais serão realizados por médicos legistas do IML e do Instituto Nacional de Criminalística (INC), da Polícia Federal.

A transferência dos restos mortais foi acompanhada pelo médico legista Ricardo César Frade Nogueira, do IML-DF, que viajou de Marabá a Brasília no mesmo voo. Ricardo Nogueira integra o Grupo de Trabalho de Tocantins (GTT), criado pelo ministro da Defesa, Nelson Jobim, em 2009, que vem realizando expedições no Sul do Pará e em áreas de Xambioá, cidade que, atualmente, pertence ao estado de Tocantins, mas que, na época da Guerrilha, integrava a região norte de Goiás.

Em sua 6ª. Expedição em 2010, seguindo indicações de mateiros, guias e colaboradores, o GTT realizou escavações em localidades de Xambioá e em áreas do Município de São Geraldo do Araguaia (Pará) à procura de vestígios de guerrilheiros ou militares que participaram do movimento, ocorrido nos anos 60 e início da década de 70.

"Em alguns sítios, localizamos vestígios humanos que, após exames iniciais, foram descartados como integrantes da guerrilha. Os únicos não descartados são os que trouxemos nesse voo da FAB", disse Ricardo Nogueira. "Só os exames periciais a serem feitos em Brasília permitirão saber se a inumação (sepultamento) descoberta no Cemitério de Xambioá pertence ou não a um guerrilheiro, conforme as indicações que nos foram trazidas", completou.

O médico do IML descreveu como foram realizadas as escavações que resultaram na descoberta das amostras ósseas trazidas para a capital federal. Segundo ele, o processo se inicia com a aplicação do GPR (um tipo de radar de solo), que tem o objetivo de detectar alvos nos locais apontados pelos colaboradores.

Com a identificação dos alvos, começa a fase da escavação por meio de pás, picaretas etc. A escavação só é feita até a descoberta da existência de uma inumação. Antes mesmo de visualizados os restos humanos, os antropólogos forenses iniciam os trabalhos de retirada da cobertura de terra com ferramentas leves. A parte mais delicada da tarefa, segundo Ricardo Nogueira, corresponde ao momento em que a estrutura óssea é visualizada. Nesta fase, os antropólogos adotam procedimentos semelhantes aos de uma cirurgia, inclusive com o uso de máscaras, luvas e lâminas de bisturi.

Nogueira afirmou que não é possível prever, no momento, quantos dias serão necessários para que os exames periciais sejam concluídos. Ele afirmou que esse prazo dependerá não só do trabalho dos peritos, como também da existência de amostras de DNA a serem disponibilizados em bancos de dados de entidades de direitos humanos, associações de mortos e desaparecidos, entre outras fontes.

A determinação de procura dos restos mortais de pessoas que participaram da Guerrilha e de militares partiu de decisão judicial prolatada pela juíza Solange Salgado, da 1ª. Vara da Justiça Federal em Brasília. No último fim de semana, a magistrada esteve em Xambioá para examinar a evolução dos trabalhos do GTT.


Fonte:
Ministério da Defesa



28/10/2010 21:30


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