Hartung quer que Senado discuta investimentos para o setor de energia



O perigo iminente de racionamento de energia preocupa o senador Paulo Hartung (PPS-ES) que comunicou nesta segunda-feira (dia 19) a apresentação de requerimento para que o novo ministro de Minas e Energia, José Jorge, compareça à Comissão de Assuntos Econômicos para esclarecer as providências que estão sendo tomadas pelo governo nesta área. Para Hartung, a falta de investimentos no setor fez com que a ampliação da capacidade geradora de energia se tornasse insuficiente para acompanhar a demanda.

Os reservatórios das áreas Sul, Sudeste e Centro-Oeste estão com 38% da sua capacidade e especialistas do setor têm firmado que até o final de abril, quando se encerra o período das chuvas, se esse nível não se elevar, serão inevitáveis medidas de racionamento, acentuou Hartung. Ele apontou o apagão ocorrido na noite do último dia 7 nos estados do Pará, Maranhão e Tocantins como um alerta do que pode ocorrer ao país.

- O governo precisa explicar ao país por que os gastos com a expansão da oferta de energia despencaram nos últimos 13 anos. No ano de 1987 foram investidos no setor algo em torno de R$ 16 bilhões. No ano passado, não passaram de R$ 3 bilhões, enquanto, no mesmo período, houve um crescimento do consumo nacional da ordem de 5% ao ano - disse o senador.

De acordo com Hartung, que elogiou matérias publicadas sobre o assunto nas revistas Carta Capital e República, o primeiro erro cometido pelo governo foi o corte nas despesas das estatais e nos programas sociais para cumprir o ajuste fiscal acertado com o FMI. Para solucionar a questão, na visão do senador, deve-se suspender o programa nacional de privatização das empresas de energia, inclusive de Furnas, Eletronorte e Chesf e direcionar os investimentos para a produção de energia, estimados em R$ 8 bilhões para os próximos dez anos . O senador propôs ainda a construção de miniusinas de até 40 megawatts e a aceleração, por intermédio da Eletrobrás, da interligação entre as novas fontes geradoras e as malhas de distribuição nos centros de consumo, com a criação de um sistema capilar de transmissão. Apesar dos problemas, disse Hartung, o país possui uma das tarifas de energia mais caras do mundo, que teve, após o Plano Real, um aumento de 151,77% contra uma inflação de 88,09%. Em aparte, o senador Romero Jucá (PSDB-RR) disse que ter plena confiança de que o ministro José Jorge irá buscar em pouco tempo uma solução para o problema. O senador Ramez Tebet (PMDB-MS) afirmou que o quadro exige vontade política e a busca de alternativas e o senador Ricardo Santos (PSDB-ES) concordou que deve-se acelerar a potencialização da linha de Itaipu para o Sudeste.

19/03/2001

Agência Senado


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