Haverá 2º turno? Lula contra quem?









Haverá 2º turno? Lula contra quem?
Pesquisa Ibope deixa aliados de Lula cautelosos diante de eventual vitória no 1º turno. Adversários se mostram desconfiados

BRASÍLIA - Pesquisa Ibope feita por encomenda da Rede Globo, divulgada ontem, indica que o candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, não teve variação nos índices de intenção de votos na semana passada, mesmo sob os ataques que recebeu no horário eleitoral gratuito. Lula se mantém com 41% e seus adversários, somados, têm 45%, o que aponta para a realização do segundo turno, se as eleições fossem hoje.

A dúvida é quem seria o adversário do candidato do PT, já que Anthony Garotinho, do PSB, ganhou dois pontos percentuais em relação à pesquisa da semana passada. Com 15% dos votos, ele está tecnicamente empatado com Serra, que perdeu um ponto e aparece com 18%. Ciro Gomes (PPS) manteve os mesmos 12% da pesquisa anterior. Com este índice, está tecnicamente empatado com Garotinho.

O resultado da pesquisa Ibope divulgada ontem mostra que Lula manteve os 48% dos votos válidos que alcançou na pesquisa do início da semana passada. Ele poderá vencer no primeiro turno se chegar a 50% mais um dos votos válidos. As oscilações dos candidatos ficaram dentro da margem de erro da sondagem, que é de 1,8 ponto percentual. Também não houve variação significativa em relação à pesquisa Ibope patrocinada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e divulgada na última sexta-feira.

Aquela pesquisa apontou Lula em primeiro lugar, com 39%, Serra em segundo, com 19%, e Garotinho e Ciro empatados com 14%. Mas a comparação com a pesquisa da CNI não é relevante, porque a base de dados é diferente da pesquisa feita para a Rede Globo, que entrevista 3 mil eleitores em 203 cidades - enquanto a outra pesquisa entrevistou 2 mil pessoas em 145 municípios.

O Ibope mostra ainda a vitória de Lula em todas as simulações de segundo turno. Os resultados variam pouco, seja qual for o adversário. Lula teria 55% contra 35% de Serra. Contra Garotinho, o placar seria 55% a 34%. Se o adversário fosse Ciro, Lula teria 56% a 32%.

O comando petista acompanha os resultados das pesquisas com cautela. Esta semana, os dirigentes do PT receberam informações de sondagens que apontavam Lula com 45% dos votos e rigorosamente empatado com a soma de todos os adversários.

Entre os tucanos, o clima é de alívio com a pesquisa divulgada ontem. A avaliação é que os ataques não ajudaram Serra, mas podem ter evitado a vitória de Lula no primeiro turno.

Entre os correligionários de Ciro e Garotinho, o clima é de desconfiança nos resultados do Ibope. O candidato do PSB acredita que já ultrapassou Serra. E o do PPS avalia que estancou a queda e pode se recuperar a tempo de ultrapassar os adversários e garantir uma vaga no segundo turno.


Serra atacará Garotinho
Tucanos temem que socialista fique com votos de Lula

BRASÍLIA - O candidato do PSB, Anthony Garotinho, foi escolhido pelo PSDB como alvo para tentar evitar que seu crescimento ameace o tucano José Serra na disputa do segundo lugar. Além disso, o partido quer impedir que os votos eventualmente perdidos por Lula migrem para Garotinho. Por fim, o comando da campanha de Serra fará uma ofensiva para atrair líderes que estão abandonando Ciro Gomes, do PPS.

Os programas eleitorais de Serra foram reformulados. Atacar Garotinho chegou a ser considerado arriscado. Mas a estratégia é defendida pelo líder do PMDB na Câmara, Geddel Vieira Lima (BA):
- Serra não pode aliviar na reta final. Tem que apontar as fragilidades e incoerências de todos os seus adversários, inclusive Garotinho.

Os tucanos querem parar o crescimento de Garotinho a todo custo. No comitê de Serra cresce a idéia de utilizar a participação no Show do Milhão, apresentado por Silvio Santos, do SBT, em que o ex-governador do Rio pediu ajuda aos universitários para responder qual a fórmula da água.

- É bom que Serra comece a bater em Garotinho. Ele mostra que teme o crescimento do candidato, pois ninguém joga pedra em laranja podre, ainda mais em fim de campanha - diz o vice-presidente do PSB, Roberto Amaral.

Mostrar que os adversários de Serra coordenaram entre si uma espécie de ''ataque especulativo'' para derrubá-lo é o ponto central da nova estratégia do publicitário Nizan Guanaes. No último fim de semana, foram usadas por Ciro e Lula 114 inserções comerciais do horário eleitoral para atacar o tucano. Elas equivalem a 25 comerciais em horário nobre de TV, segundo Nizan.

Para conquistar os ex-apoiadores de Ciro, o coordenador da campanha tucana, deputado Pimenta da Veiga (MG), foi a Belo Horizonte preparar a visita que o candidato do PSDB fará à capital mineira amanhã. Serra lançará um programa específico de desenvolvimento para Minas Gerais, num ato no Hotel Ouro Fino para 150 prefeitos e líderes políticos do Estado. Todo o PFL mineiro foi convidado por Pimenta. Até o ministro da Fazenda, Pedro Malan, participou do esforço, conversando com empresários e políticos pefelistas.

Ao Ceará foi enviado, ontem, o ex-deputado João Faustino. Acertou o apoio do ex-governador Tasso Jereissati a Serra no segundo turno. No Paraná, o candidato do PDT ao governo, senador Álvaro Dias, também foi sondado pelos tucanos.


Trabalho escravo: governo se confunde
BRASÍLIA - O governo federal não se entende sobre o combate ao trabalho escravo. Ontem, após a abertura da I Jornada de Debates sobre o tema, no Superior Tribunal de Justiça, o ministro da Justiça, Paulo de Tarso Ribeiro, garantiu que 90% do problema foi abolido na governo Fernando Henrique.

- Há situações residuais no Brasil, sobretudo nas áreas de fronteira. Mas o combate está sendo feito de maneira incansável - disse o ministro.

O ministro do Trabalho, Paulo Jobim foi mais cauteloso.

- Seria horrível saber o número de trabalhadores escravos e não fazer nada contra isso.

O ministro lembrou que, entre 1995 e 2002, foram libertados 4,5 mil trabalhadores escravos no Brasil. O que não significou, necessariamente, a prisão dos envolvidos.

- A fragilidade e a ausência de tipificação penal impedem a punição - lamentou Jobim.

O presidente do Tribunal Superior do Trabalho, ministro Francisco Fausto, reconheceu o choque de informações. A Organização Internacional do Trabalho (OIT) vai auxiliar na elaboração de um banco de dados sobre o assunto.


PT escala 700 mil na eleição
BRASÍLIA - O PT montou estrutura com 700 mil fiscais para fiscalizar urnas de 12 mil seções, escolhidas aleatoriamente país afora, para evitar fraudes. Os fiscais encaminharão, via fax ou telefone, para o comando da campanha em São Paulo, os comprovantes impressos pelas urnas eletrônicas, para comparar com os resultados divulgados pelos Tribunais Regionais Eleitorais. O partido gastou aproximadamente R$ 250 mil para montar essa estrutura. As 62 maiores cidades do Brasil já contam com núcleos montados para o trabalho.
- Queremos eleições tranqüilas e transparentes - defendeu o coordenador nacional de fiscalização do PT, Joaquim Soriano, lembrando que o partido fiscalizará áreas de risco, como o Acre, por exemplo.

Na véspera da eleição, irá ocorrer outro tipo de fiscalização, promovido pelo próprio Tribunal Superior Eleitoral em conjunto com uma comissão interpartidária. Serão escolhidas 389 urnas e, dentre elas, sorteadas duas por estado. Os partidos simularão uma votação, a fim de conferir se os votos computados serão idênticos aos impressos, para confirmar a segurança do sistema.


Frente traça planos para o 2° turno
BRASÍLIA - Os integrantes da Frente Trabalhista já têm data marcada para definir o que farão no segundo turno. Alguns políticos ainda alimentam expectativas de ver Ciro Gomes, do PPS, na disputa com o candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva. Mas PTB e PFL já convocaram suas bancadas para reuniões em Brasília na segunda semana de outubro. A Força Sindical, reduto do vice na chapa de Ciro, Paulo Pereira da Silva, também define seu futuro político logo depois de 6 de outubro. O PFL não quer nem ouvir falar em Lula e o PTB deve manter neutralidade.

Apoio a qualquer nome que não seja o de Ciro está descartado por enquanto. Segundo os pefelistas, o cenário está muito confuso para posições radicais. Mas caso Ciro não passe para o segundo turno, tanto ele como Paulinho já declararam o voto em Lula. Não será a primeiro vez que o candidato do PPS votará em Lula. Em 1989, Ciro votou no petista contra Fernando Collor. O PPS pode seguir o voto de Ciro. Mas o presidente do partido. o senador Roberto Freire (PE), não quer falar nisso por enquanto.

- Não vou me precipitar. O jogo ainda está muito confuso. Ciro pode ganhar - disse.

Paulinho deve levar a Força Sindical com ele. A reunião da central sindical está marcada para o dia 8 de outubro, em São Paulo. No mesmo dia, o líder do PTB na Câmara, Roberto Jefferson (RJ), reúne sua bancada em Brasília. O PFL fechará posição no dia 9 de outubro. Segundo o secretário-executivo pefelista, Saulo Queiroz, o partido deve ficar neutro ou apoiar Serra.

- É impossível o apoio a Lula ou a Garotinho - afirmou.

O PDT ainda não tem nada marcado. Segundo o secretário-geral do partido, Manoel Dias, o mais provável é uma aliança com o PT.

- Não há chance de o partido fechar com o governo - advertiu.


Debate define segundo turno
Aconteça o que acontecer na reta de chegada da campanha eleitoral, a perspectiva de haver ou não segundo turno para eleger o sucessor de FHC depende - isso sim - do resultado do debate na Rede Globo marcado para a noite de 3 de outubro, último dia permitido pela lei para propaganda política. O lance decisivo para os que disputam o governo do Rio de Janeiro será na véspera, dia 2.

Quanto à sucessão presidencial, ninguém possui a menor dúvida de que Lula chegará amplamente em primeiro nas urnas do dia 6. A luta na Globo vai se concentrar então pelo segundo lugar, mas não apenas por este posto, mas sobretudo para evitar que o candidato do PT alcance a faixa da metade dos votos mais um. Pois se não houver segundo turno, o segundo lugar nada representa. A eleição terá acabado antes de se digitar as urnas eletrônicas, preocupação permanente do ex-governador Brizola.

A estratégia portanto terá que ser múltipla, daí mais um complicador. Inclusive porque estarão do lado de cá da tela pelo menos uns sessenta milhões dos 115 milhões de eleitores. Como na seqüência famosa de Orson Welles no Cidadão Kane, uma visão do palco para a platéia imensa. Se debater diante de uma audiência de 14 por cento com Bóris Casoy na Record já representou uma enormidade, imaginem o debate com um índice de 40 por cento, como o que será conduzido por William Bonner.

Um ponto a acrescentar
Um dado a acrescentar, para mim importante: a mais recente pesquisa do Ibope, antes de a de ontem à noite, foi feita antes de o presidente Fernando Henrique Cardoso ter cumprimentado pública e enfaticamente a governadora Benedita da Silva pela operação que resultou na prisão do bandido Elias Maluco sem colocar em risco os moradores do Complexo do Alemão, uma verdadeira Kasbah brasileira, como se viu pelos filmes da televisão. O cumprimento não deve ter agradado a José Serra. Aliás não era para menos.

Mas Serra até há poucos dias desenvolvia uma estratégia agressiva. Não teve sucesso. Prosseguirá nela?


Artigos

Ideologia de camarim
Carlos Alberto Rabaça e Gustavo Barbosa

Fala-se em ''palanque eletrônico'' há algumas décadas, mas nunca antes a mídia eletrônica foi tão decisiva no processo eleitoral brasileiro. Sem dúvida a presença dos candidatos na telinha, em nossos lares, tem muitos aspectos positivos na medida em que a mídia dissemina as idéias e opiniões desses candidatos para dezenas de milhões de eleitores-telespectadores, simultaneamente. Os grotões já não são tão distantes nem mais é tão fácil transformá-los em currais.

Infelizmente, porém, a massificação gerou novas formas de distorção e manipulação. O papel da TV no processo eleitoral, com tamanha relevância, ainda é uma novidade para os responsáveis pelas campanhas, a ponto de se dar mais atenção ao meio do que à mensagem. A ideologia predominante no palanque eletrônico é uma ''ideologia de camarim''. Nem o cenário é a realidade do eleitor nem os personagens são reais. Os ambientes são produzidos artificialmente. Os protagonistas exibem sorrisos maquiados por marqueteiros e figurinos talhados nos melhores alfaiates, sob medida conforme o suposto gosto do eleitor. Numa dublagem do modelo norte-americano, o acontecimento político é montado como um vistoso espetáculo. Os programas são monólogos autoritários, preocupados mais com a forma do que com o conteúdo, mais com a estética do que com a ética, mais com a eficácia do que com a verdade.

Os programas são bem produzidos e editados, mas seus conteúdos são mesquinhos e constrangedores. Joga-se nos outros a culpa de todos os problemas e tenta-se conseguir adesão popular por meio de promessas não necessariamente realizáveis. Estes são sinais de uma mentalidade autoritária, presente nos mínimos gestos e reações dos candidatos.

A intenção de mostrar conhecimento e preparo torna-se mais um ingrediente publicitário. Indicadores sociais e econômicos soam como números artificiais, distantes da realidade, ditos para impressionar, para mostrar o preparo do candidato e não para formar senso crítico. Misturados a outros argumentos publicitários, são números na faixa dos milhões e bilhões, que o raciocínio do espectador nem chega a processar.

Os temas abordados e as opiniões dos candidatos são moldados por pesquisas qualitativas, em tática idêntica à que se usa no desenvolvimento de produtos de consumo ou de telenovelas. Por isso o conteúdo dos programas fica tão semelhante, já que feito sob medida para os mesmos clientes , ou melhor, para os eleitores. Os candidatos tornam-se coisas iguais, sem ''marca'' peculiar. Como se todos fossem produtos genéricos, feitos de uma mesma fórmula.

Em recente artigo no Jornal do Brasil , Eugênio Bucci chama atenção para o fato de que a cultura política ''acabou reduzida a um ramo secundário da cultura de mercado'' em que ''noções próprias da cidadania, como a de legitimidade, acabam substituídas por noções de consumo, como a de popularidade''. Julga-se o potencial de um político como se fosse uma marca de tênis. Na mesma linha, Marcelo Coelho observa na Folha de S. Paulo: ''Cada candidato quer se mostrar mais neutro do que o outro. O jogo das alianças e coalizões descaracteriza a mensagem de cada postulante''. Por isso, o candidato evita identificar-se com posições ideológicas e até mesmo com o próprio partido.

''Quero uma ideologia pra viver'', cantava o irrequieto Cazuza. Queremos de volta o direito ao sonho. Muito mais do que promessas embrulhadas ao gosto do freguês, muito além da vã retórica do marketing político, o brasileiro quer cultivar esperanças grandiosas que façam a vida ter sentido.


Colunistas

COISAS DA POLÍTICA – Dora Kramer

Lula defende voto facultativo
Políticos, em geral, não são muito afeitos a discutir política em público. Se não há meio de fazê-los debater com seriedade e consistência a reforma do sistema político-eleitoral, quem dirá votá-la. Consta que isso acontece porque política é o único assunto sobre o qual o s parlamentares efetivamente entendem.

Por isso surpreende, numa conversa de duas horas, a ênfase que o candidato Luís Inácio Lula da Silva emprega na abordagem do tema. Lula resiste um pouco em discutir detalhadamente o assunto, porque a proposta de reforma política do PT ainda está sendo preparada por um grupo de acadêmicos.

Embora ressalte que tenha opinião formada a respeito, ressalva que ela não representa consenso dentro do partido. Um exemplo de divergência é o voto obrigatório.

''Eu sou a favor do voto facultativo, mas não há concordância no PT sobre isso. Muita gente defende a manutenção da obrigatoriedade porque acha que ela amplia a participação popular e assegura a representatividade dos mandatos''.

O candidato prefere acreditar que a legitimidade da representação está, na verdade, ligada ao grau de consciência do eleitorado e não necessariamente à sua amplitude: ''A política ficará melhor e mais depurada quanto maior for a convicção com que o eleitor comparecer para votar''.

Lula não concorda com o argumento - bastante comum à direita e à esquerda - de que o voto facultativo favorece a manipulação do eleitorado. Para ele, tanto esta tese quanto aquela da redução do universo de votantes, são justificativas de quem não quer ter a obrigação do compromisso partidário nem o trabalho de conquistar o interesse da sociedade.

''O político que vá para rua e trate de motivar o eleitorado'', recomenda o candidato, que considera fundamental o papel do Poder Executivo (entenda-se, o presidente da República) na indução do processo de reforma política.

Sem partidos orgânicos e um mínimo de seriedade de propósitos, Lula não vê como se estabelecerem relações institucionalmente adequadas entre Executivo e Legislativo. Na opinião dele, o PT deve assumir a tarefa - independentemente de ser governo, mas principalmente se vier a sê-lo - de levar esse debate à sociedade o quanto antes.

Inclusive porque, caso não se reorganizem as relações entre o Parlamento e o Planalto, o próximo presidente não terá como escapar da armadilha que, em larga medida, ceifou boa parte da popularidade de Fernando Henrique Cardoso: a interlocução exclusiva com o Congresso, em detrimento do diálogo com os vários setores da nação.

Adaptações
Um dos juízos difíceis de se formar a respeito de Luís Inácio Lula da Silva é se o atual discurso do candidato guarda relação exclusiva com a circunstância eleitoral ou se traduz um real amadurecimento de posições. Fica sempre a dúvida.

Opiniões manifestadas agora não são as mesmas externadas outrora e não houve no PT nenhum processo formal de autocrítica. As adaptações, no entanto, são nítidas e ocorrem a uma velocidade que impressiona.
Parlamentar abúlico na Constituinte, Lula agora defende a honradez da profissão como se nunca tivesse dito que no Congresso há ''mais de 300 picaretas''.

Defensor recente da eficácia administrativa dos governos militares, depois de constatada a impropriedade da postura, o candidato não perde a chance de acrescentar críticas àqueles elogios.

Já se pode ouvi-lo chamando os generais de ''megalômanos'' e lembrando como à época havia ''julgamentos sumários''.

A versão modernizada também inclui a defesa da flexibilização dos encargos sociais das empresas, a retirada do Estado de vários setores da economia e a aplicação da lei - vale dizer, do princípio constitucional - com o recurso à desocupação no caso de invasão de propriedades privadas.

Um avanço, sem dúvida. Resta saber se tem prazo de validade.

O próprio
Na primeira fila da platéia, o deputado José Genoíno, candidato ao governo de São Paulo, assistia entrevista de Lula quando o candidato a presidente referiu-se a políticos adoradores de holofotes, ''que não podem nem abrir a porta da geladeira e já saem dando declarações''.

Genoíno afundou na cadeira de tanto rir.

No caso, humor auto-referido. Em Brasília é corrente a história: o deputado certa vez foi atropelado por um caminhão porque viu luz acesa, pensou que eram câmeras e microfones e partiu para cima.

''Pois é, graças a isso subi nas pesquisas'', responde aos inconvenientes que lembram a ele a piada.


Editorial

ASSALTO AO PASSADO

De fevereiro a junho deste ano, 10 ruas de Santa Teresa foram vítimas de arrastão especializado em luminárias com valor histórico e peso material. Mais de 50 peças foram retiradas e, obviamente, encaminhadas ao mercado de antiguidades. Os postes de ferro e as luminárias têm público especializado.
Segundo antiquários e comerciantes do ramo, os compradores devem ser de fora do Rio, onde a moda de utilizar essas luminárias de época vigorou até os anos 70, quando a modernização do sistema de iluminação pública restringiu a substituição das peças antigas roubadas, dado o custo de produção.

Depois de fazer o levantamento do assalto ao patrimônio do bairro, a RioLuz decidiu partir para a contra-ofensiva e o seu diretor Nelson Coutinho Lopes programa uma campanha para interessar os moradores do bairro na preservação da característica histórica, mediante denúncia de toda atividade suspeita. A presença de estranhos, em atitudes suspeitas, é suficiente para que os moradores telefonem (2297-5335, ranal 2.100) e funcionários da RioLuz possam agir.

As peças podem ter sido roubadas por encomenda de mercado restrito e fora do Rio. O valor histórico tem peso comercial para mobilizar ladrões especializados. Peças instaladas entre o fim do século 19 e o começo do século 20, têm características artesanais cuja reposição só será possível mediante produção industrial, limitada pelo custo.

A maneira de interessar a população de Santa Teresa, afeiçoada à atmosfera antiga do bairro, será preciosa para o êxito da campanha Disque-Denúncia. A reposição imediata das luminárias antigas por peças modernas e industriais poderá ser fator de mobilização da sociedade para a manutenção da fisionomia histórica do Rio sobrevivente.


Topo da página



09/25/2002


Artigos Relacionados


Haverá segundo turno em 11 capitais

Heráclito diz que não haverá turno extra da eleição presidencial

Haverá segundo turno para presidente da República, diz Heráclito

Se quem é contra a CPMF é sonegador, Lula foi sonegador no passado, diz Mário Couto

Se quem é contra a CPMF é sonegador, Lula foi sonegador no passado, diz Mário Couto

ACM: Lula venceu na Bahia, mas haverá "volta triunfal do carlismo"