HELOÍSA HELENA APONTA CONTRADIÇÕES DE EDUARDO JORGE



A senadora Heloísa Helena (PT-AL) apontou nesta quinta-feira (dia 24) uma série de contradições entre o que disse o ex-secretário-geral da Presidência da República Eduardo Jorge, em seu depoimento na Subcomissão do Judiciário, e o conteúdo dos depoimentos de juízes e funcionários da Justiça do Trabalho. Conforme a senadora, só a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) ou o fornecimento de informações detalhadas pelo Banco Central poderiam mostrar quem está dizendo a verdade sobre o desvio de verbas destinadas à construção do Fórum Trabalhista de São Paulo.
- O sigilo bancário não é um direito absoluto quando o que está em jogo é o interesse público. Desconfio de que tem alguém grande impedindo que o Banco Central forneça a cadeia das ordens bancárias referentes aos pagamentos da obra - disse a senadora.
A primeira contradição apontada pela senadora diz respeito à afirmação de Eduardo Jorge (da qual compartilharia o presidente Fernando Henrique Cardoso) no sentido de que as liberações de verba para a obra teriam ocorrido de forma automática, atendendo ao princípio de independência e autonomia entre os poderes. Desse modo, teria sido impossível que Eduardo Jorge atuasse como mediador entre o juiz Nicolau dos Santos Neto, principal acusado do desvio, e o Tesouro Nacional.
- Todos os outros depoentes deixaram claro que a liberação não era automática, a não ser para despesa de pessoal. E, se como afirma Eduardo Jorge, o Executivo interferiu na nomeação de juízes classistas, essa tese da autonomia não se sustenta - observou Heloísa Helena.
Segundo a senadora, Eduardo Jorge informou um número maior que o dos outros depoentes para os juízes classistas que teriam sido nomeados com o objetivo de evitar ações trabalhistas que prejudicassem o Plano Real. Além disso, juízes do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) e do Tribunal Superior do Trabalho (TST) têm afirmado à subcomissão que os juízes classistas jamais teriam como influir nos rumos do plano. Nem houve, como afirmou o ex-secretário, conversas com membros da Justiça do Trabalho a respeito de aspectos filosóficos relativos à política econômica, de acordo com Heloísa Helena.
A senadora também cotejou as declarações de Eduardo Jorge - negando que tivesse interferido na administração de fundos de pensão - com o que têm dito o ex-presidente da Previ (fundo de pensão do Banco do Brasil) e a ex-secretária da Administração Federal Cláudia Costin. Para Heloísa Helena, é preciso pôr em dúvida o que Eduardo Jorge disse sobre ligações telefônicas para o Juiz Nicolau - que se intensificavam próximo das datas de liberação de verbas. Já a afirmação do ex-secretário de que era investigado há um ano pelo Ministério Público não seria verdadeira. Conforme a senadora, as investigações começaram há apenas um mês.

24/08/2000

Agência Senado


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