Brindeiro, Eduardo Jorge e Heloísa Helena são citados em conversa de ACM com procuradores



Em encontro com os procuradores Guilherme Schelb, Luiz Francisco de Souza e Eliana Torely, o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) discutiu assuntos relacionados com a atuação do procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, com o sigilo telefônico do ex-secretário da Presidência Eduardo Jorge e com o processo de votação do pedido de cassação do ex-senador Luiz Estevão. Foi o que revelou a transcrição dos diálogos apresentada nesta quinta-feira (dia 8) aos senadores em reunião da Comissão de Fiscalização e Controle. A seguir trechos da conversa, da qual também participa o ex-secretário de comunicação social do Senado, Fernando César Mesquita.

Geraldo Brindeiro

Luiz Francisco diz que os casos mais polêmicos ficam sob encargo do procurador-geral.
Luiz Francisco: ... ao Brindeiro, os casos assim que são mais polêmicos.
ACM: Não veio para vocês?
Luiz Francisco: Não, nunca vem.
ACM: É inacreditável! (...) Não passa nada!
Luiz Francisco: E não conversa. Então, o senhor marca uma audiência, enfim para falar com ele e ...
Fernando César: (Brindeiro) é unanimidade contra.
Eliana Torely: Ele desagrada todo mundo.
ACM: O governo não gosta dele, os procuradores não gostam dele e a sociedade não gosta dele.
Eliana Torely: É verdade. E não agradou ninguém.
ACM: Por que? Porque ele não é decente, ele não é corajoso, porque ele é covarde.

Eliseu Padilha

Em outro trecho, o senador adianta sua estratégia em uma possível disputa judicial contra o ministro dos Transportes.
Eliana Torely: O ministro dos Transportes, Eliseu Padilha, que causou essa confusão toda, essa retaliação direta contra a gente...
Guilherme Schelb: Agora essa reunião ... essa ação de improbidade ...
ACM: ... é boa, porque eu vou ... ele vai me interpelar ... eu chamei ele de Eliseu Quadrilha. (...) eu vou confirmar.
Fernando César: Todo mundo no Nordeste tem quadrilha.
ACM: Mas a quadrilha dele é essa mesmo.

Eduardo Jorge

Há momentos em que Antonio Carlos sugere a quebra de sigilo telefônico do ex-secretário da Presidência da República.
Fernando César: O Ministério Público na Amazônia está investigando todas as denúncias sobre a Sudam. No meio dessas denúncias pegou um empresário suspeito, e nas gravações telefônicas esse empresário fala sobre a vida dos políticos ...
ACM: E no meio, o Eduardo Jorge ...
(...)
Schelb: O senhor diz quebrar o sigilo ...
Fernando César: ... telefônico do Eduardo Jorge.
Schelb: É pra onde ele fez ligações, certo?
Fernando César: Pede uma consultoria.
ACM: Por que não ... quebrar o sigilo de 94?
(...)
Schelb: De 94 para cá?
ACM: Exercício de 94.
(...)
ACM: O problema deles é o telefônico.

Vazamento de informações

Na conversa com os procuradores, o jornalista Fernando César Mesquita admite ter fornecido para a imprensa informações sigilosas relativas à CPI do Judiciário e ao ex-senador Luiz Estevão.

Fernando César: Eu vazei todas as informações... Todo o sigilo bancário e telefônico dele eu dava para imprensa, porque se a gente não desse, o negócio ia ficar escondido, porque ele tinha gente lá. As ligações dele pro Nicolau, aquelas coisas todas, não.

Heloísa Helena

Em determinado momento, o senador comenta com os procuradores aspectos do processo de cassação de Luiz Estevão, indicando que teria conhecimento dos votos dados pelos senadores na sessão secreta.

ACM: ... Heloísa Helena votou nele ... Eu tenho todos que votaram nele.
Luiz Francisco: Mas por que votou nele?
ACM: Renan (Calheiros) que tratou isso.
Schelb: Mas por que ele fez isso?
(...)
Fernando César: Não pode falar isso que o Luiz Estevão pode querer anular e vai acabar dizendo que quebrou o sigilo da votação.

08/03/2001

Agência Senado


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