Heráclito defende revisão negociada do preço da energia gerada em Itaipu
Ao receber alunos do curso de Relações Internacionais da Universidade Católica de Goiânia (UCG), o presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE), senador Heráclito Fortes (DEM-PI), considerou legítimo que o Paraguai questione o preço pago pelo Brasil pela energia gerada em Itaipu. Mas argumentou que aquele país não pode pôr em questão o tratado de Itaipu, que vale até 2023.
Segundo Heráclito, somente a partir desse ano poderão ser alteradas cláusulas desse tratado. O parlamentar ponderou que o preço de energia gerada em Itaipu tem de ser decidido de forma bilateral, pois, numa empresa binacional, isso não pode ser uma imposição de uma das partes.
- Se formos verificar o preço cobrado por quilowatts de energia, agora mesmo foi licitada uma barragem no norte do Brasil, onde são cobrados 47 dólares, enquanto lá em Itaipu é cobrado 45 dólares. Então, toda essa discussão é em torno de dois dólares - argumentou Heráclito Fortes.
Na oportunidade, o presidente da CRE também assinalou a importância da chamada "diplomacia parlamentar". Nesse sentido, lembrou recente viagem feita, em março, com outros membros da comissão ao Timor Leste. Além do interesse humanitário, Heráclito observou que a missão do Brasil teve o intuito de ajudar na divulgação da língua portuguesa (língua oficial do Timor Leste) e de auxiliar no funcionamento do Parlamento daquele país.
Apesar de ser a língua oficial, o senador comentou que o português é falado apenas por 30% da população, em função da grande influência exercida pela Austrália, que explora o petróleo timorense. Assim, parte da população fala inglês e a maioria, apenas as línguas e dialetos locais.
Estados Unidos
Heráclito Fortes também assinalou a importância de os alunos de relações internacionais acompanharem a campanha eleitoral nos Estados Unidos, onde, em sua opinião, registra-se um nível de participação popular inédito. Segundo avaliou, Barack Obama conseguiu atrair a atenção de parte grande da população americana com uma mensagem de renovação.
- Lá, a eleição era burocrática, definida nos gabinetes, embora não deixasse de ser democrática por isso. Mas, como o voto não é obrigatório, a participação era muito limitada - analisou.
Ainda sobre o assunto, o presidente da CRE disse ter sido convidado para um coquetel na residência de uma presidente da Liga das Mulheres Democratas, cuja família está dividida entre os três candidatos - o marido, eleitor republicano, a mulher, eleitora de Obama, e a filha declarando o voto em Hillary Clinton.
- É uma experiência interessante para o preconceito americano: eles estão entre votar num negro, votar numa mulher ou votar num sucessor do Bush - observou Heráclito.
Ele disse que o candidato republicano carrega a pecha de ser apoiado por Bush, que sofre grande rejeição do eleitorado. Ainda conforme adiantou, essa viagem aos Estados Unidos lhe deixou com a impressão de existir uma grande alienação por parte dos norte-americanos em relação ao que acontece nos outros países.
- Isso, não falo de gente da rua, não; falo de gente da campanha dos dois partidos. Você pergunta e eles não têm a menor noção, não sabem o tamanho do Brasil, acham que, com o biodiesel, o brasileiro vai tocar fogo na Amazônia. Eles não sabem que se tem espaço em Goiás, no Piauí e no resto do Brasil para produzir biodiesel - comentou Heráclito Fortes.
O parlamentar disse que somente 8% dos americanos renovaram o passaporte e que a maioria tem uma visão equivocada do mundo.
- Por tudo isso, estão pagando o preço que pagam hoje, da antipatia quase mundial em cima deles, embora seja um país extraordinário em termos de progresso, e acima de tudo, de democracia - concluiu.
07/05/2008
Agência Senado
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