Heráclito diz que Brasil deve agir com equilíbrio na crise Colômbia-Venezuela-Equador



O presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE), Heráclito Fortes (DEM-PI), defendeu em entrevista que o Brasil, por seu papel histórico no continente sul-americano, mantenha posição de equilíbrio e faça o possível para que Colômbia e Equador reencontrem o diálogo e a paz.

- O Brasil não pode participar de nenhum gesto, nenhuma ação que sirva para acirrar os ânimos - advertiu.

Heráclito fez uma distinção entre a postura adotada pelo governo brasileiro, que considera cautelosa, e aquela assumida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que, segundo ele, "foi cautelosa, mas não foi neutra", ao sugerir à Colômbia que pedisse desculpas ao governo equatoriano pela invasão de seu território.

- Nós não podemos usar dois pesos e duas medidas. É admissível condenar a Colômbia pela invasão, mas não podemos aceitar que países dêem guarida e protejam os que praticam uma luta armada, colocando em risco a soberania de um país vizinho - opinou.

O presidente da CRE elogiou a decisão do secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), José Miguel Insulza, de convocar reunião extraordinária da entidade para tratar da questão. E foi duro na crítica à postura assumida por Hugo Chávez no conflito, afirmando que "nunca foi tão preciso Chávez ouvir os conselhos do rei da Espanha como agora".

O rei Juan Carlos, em encontro com o presidente da Venezuela, irritou-se com Chaves, criticava um ministro espanhol e reagiu; "Por que não se cala?". O presidente da Venezuela é acusado pelo governo colombiano de financiar a guerrilha das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).

O senador democrata também lamentou que a crise ocorra em um continente habitualmente "tranqüilo", justamente no momento em que o Brasil está obtendo "índice de crescimento invejável'.

Jobim

Heráclito Fortes elogiou ainda a disposição do ministro da Defesa, Nelson Jobim, em prestar esclarecimentos à CRE sobre a denúncia de que o governo brasileiro estaria fornecendo armas à Venezuela. Após denúncia nesse sentido ter sido apresentada no Plenário nesta terça-feira pelo líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), e de Heráclito Fortes ter cobrado explicações do ministro da Defesa sobre o assunto, o próprio Jobim compareceu ao Senado e se dispôs a esclarecer o assunto.

De acordo com Arthur Virgílio, a denúncia partiu da agência privada de inteligência World Check, segundo a qual haveria um suposto esquema de transporte ilegal de armas do Brasil para a Venezuela envolvendo a companhia aérea TAM. A operação seria realizada em quatro vôos secretos, dos quais um já teria partido em direção à Venezuela com um carregamento de uma tonelada e meia de armas. A denúncia foi desmentida pelo líder do Governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR).



04/03/2008

Agência Senado


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