Heráclito quer esclarecimentos sobre incorporação de banco do Piauí pelo BB



O senador Heráclito Fortes (DEM-PI) cobrou nesta sexta-feira (16), em Plenário, esclarecimentos sobre a transferência do Banco do Estado do Piauí (BEP) para o Banco do Brasil (BB). O senador disse que a incorporação foi anunciada com festa, no Palácio do Planalto, pelo valor de R$ 180 milhões. O senador criticou a falta de transparência na operação e disse ainda ter dúvidas se o montante a ser pago ao estado irá incorporar o real valor do patrimônio da instituição, do qual constam fazendas, gado, imóveis e títulos.

- É um crime entregar o banco (BEP) por cento e oitenta milhões. E o patrimônio que temos lá dentro? - questionou.

Para efeito de comparação, Heráclito observou que o próprio BB pagou recentemente R$ 202 milhões apenas pelo direito de administrar a folha salarial dos funcionários da Câmara dos Deputados. No caso do Piauí, o banco federal fica também com a folha dos servidores e a carteira de crédito consignado, além de todo o patrimônio. Lembrou ainda que o governador do estado, Wellington Dias, nem sequer teve a atenção de informar ao Senado sobre a operação.

- Ora, o Senado terá que aprová-la na Comissão de Assuntos Econômicos e eles sequer tiveram a consideração de comunicar. Vão mandar um pacote pronto, feito para a gente dizer amém - afirmou.

O senador também criticou problemas que se estão registrando no Banco doBrasil que, como avaliou, estão deteriorando o conceito da instituição. Disse que o banco já não é mais o mesmo desde que "aloprados" invadiram contas de cidadãos mantidas na instituição. Entre fatos mais recentes, citou as denúncias de irregularidades na Fundação Banco do Brasil, relacionadas a repasses a organizações não-governamentais (ONGs). Mencionou, ainda, o anúncio de obras da fundação para o Piauí.

- Por que, para fazer obras no Piauí, a fundação tem que ficar com o banco, e no resto do Brasil, não? São perguntas que faço, são dúvidas que tenho. E não adianta pressão, não adianta chantagem. Eu vou até o fim na luta para o esclarecimento desses fatos. É meu dever como senador da República, e não abro mão dele - afirmou ainda.

Heráclito, no início do pronunciamento, criticou o ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência da República, Luiz Dulci, por ter dito, na abertura da 13ª Conferência Nacional de Saúde, na quarta-feira (14), que a CPI das ONGs, em funcionamento no Senado, seria "idéia de conservadores". Com ironia, o senador disse que a CPI é realmente uma iniciativa de conservadores, mas dos que conservam os "cofres públicos" contra as ações de "aloprados".

- O doutor Dulci, até então imune, começou a entrar naquela fase de receber fuxico do Palácio do Planalto - criticou.

O senador disse que a CPI das ONGs não se dirige contra ninguém, mas também não vai proteger ninguém. As investigações, afiançou, visam apenas a ajudar o país a sair da imoralidade representada pelo financiamento, com recursos públicos, de "atividades inconfessáveis". Lembrou, ainda, que a proposta para a realização da CPI contou com a assinatura de 76 dos 81 senadores. Observou que apenas dois petistas não assinaram o pedido.

Em aparte, o senador Pedro Simon (PMDB-RS) disse que também estranhou a declaração de Dulci, segundo ele uma pessoa sempre sensata em suas manifestações. Concordando com Heráclito, disse que Dulci teve uma "recaída estudantil".



16/11/2007

Agência Senado


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