HOLLANDA: PESQUISA DO "PROVÃO" MOSTROU UNIVERSIDADE ELITISTA
O perfil do universitário brasileiro, revelado por pesquisa feita durante o Exame Nacional de Cursos, o chamado "Provão", mostra que é preciso mudar o ensino superior. A constatação foi feita em plenário, hoje (dia 26), pelo senador Joel de Hollanda (PFL-PE), ao analisar os resultados do levantamento. Para ele, o questionário respondido pelo graduandos confirmou que predomina o caráter elitista do ensino superior no Brasil.
Encontram-se predominantementenas universidades pessoas oriundas de famílias com nível de renda elevado. Cerca de um terço dos alunos pesquisados vem de famílias que ganham de R$ 2.400,00 a R$ 6 mil por mês. Outro terço está na faixa de R$ 1.200,00 a R$ 2.400,00. De cada 10 alunos, menos de 5 pertencem a famílias que ganham até três salários mínimos - informou Joel de Hollanda.
Para o senador de Pernambuco, na verdade esse perfil elitista é um sintoma que começou bem antes, ainda no primeiro e no segundo graus. A maioria dos pesquisados estudou em escolas particulares, à exceção dos formandos em Administração. O "Provão" foi realizado no final do ano passado, em quase todo o país, com graduandos em direito, administração, odontologia, medicina veterinária, engenharia civil e engenharia química.
Apesar do elitismo confirmado, a pesquisa revelou um dado positivo, na avaliação de Joel de Hollanda: mais da metade dos pais e quase dois terços das mães dos alunos cursaram, no máximo, o segundo grau. Além disso, o levantamento apresentou dados que confirmam algumas mudanças no perfil dos profissionais de ensino superior do país. Um deles é o crescimento acentuado da presença das mulheres no mercado. Elas já somam 60% dos formandos em odontologia e metade dos recém-graduados em direito e medicina veterinária.
Alguns dados mostram situações curiosas como, por exemplo, que a maioria dos formandos mora com seus pais. E mais: poucos lêem jornais ou livros não escolares, o que é preocupante, na opinião do senador. No geral, os recém-graduados têm uma visão crítica do ensino universitário e lamentaram na pesquisa que as faculdades não tivessem exigido mais deles. "Isso indica a necessidade de modificações no ensino universitário do país", observou.26/01/1998
Agência Senado
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