Hospital de custódia de Franco da Rocha preserva acervo histórico



Documentos narram parte importante da história da psiquiatria no Brasil

Funcionários do Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico (HCTP) I de Franco da Rocha desenvolveram um projeto para preservar o acervo histórico que estava se deteriorando em um galpão da unidade e que conta parte importante da história da psiquiatria no Brasil. São prontuários de pacientes que passaram pelo hospital, alguns datados de 1897 e que têm informações sobre o tratamento que era administrado em pessoas internadas na instituição naquela época. O projeto denominado “Arquivo Histórico e Cultural Professor André Teixeira Lima” pretende restaurar cerca de 16 mil volumes, onde constam documentos que comprovam, por exemplo, o uso de eletrochoque e aplicação de lobotomia.

A equipe responsável, juntamente com a diretoria HCTP, apresentou o projeto ao prefeito municipal de Franco da Rocha, Márcio Cecchettini, no dia 15/8 e, além de sugerirem que o Arquivo Cultural seja incluído no Patrimônio Histórico do município, solicitou apoio na implementação, gerência e divulgação. Também foi reivindicado ao administrador que se viabilize a permanência de três funcionárias contratadas pelo programa “Frente de Trabalho”, do Governo do Estado, que estão na iminência do final de contrato. “São pessoas qualificadas que têm conhecimento em preservação e restauração”, explica o diretor Técnico de Departamento Carlos Tarifa Botta. “Nossa intenção é mantê-las, de alguma forma, pois são moradoras da cidade e conseguiram uma interação muito grande com a equipe e com o trabalho que estamos desenvolvendo”, justifica.

Todo o material está passando por um processo de restauração e arquivamento em ordem cronológica. A intenção da diretoria é, na segunda etapa, digitalizar e torná-lo disponível para consultas públicas e pesquisas acadêmicas.

A idéia de recuperar o patrimônio surgiu em setembro de 2006, com um grupo de funcionários, coordenados pelas psicólogas Angela Aparecida Leite, Rosana Antonia Araújo Benvenuto e pelo médico psiquiatra Carlos Eduardo Garcia que, ao visitarem o galpão – até então conhecido pelos funcionários como 'arquivo morto' – se depararam com o vasto material. “O local era raramente freqüentado e funcionava como depósito de materiais diversos; havia ali a necessidade de organização do espaço físico, desde a limpeza até a retirada de objetos sem possibilidade de reaproveitamento, como cortinas velhas, por exemplo”, relata Garcia.

Para auxiliar nos trabalhos, a diretoria administrativa disponibilizou as três funcionárias da Frente de Trabalho, que foram treinadas para a limpeza, reconstituição das capas, troca de colchetes dos prontuários, além da organização de um índice constando nome do paciente, número de registro, ano de internação e um espaço para anotar eventuais observações, etc. As psicólogas coordenadoras se detiveram na revisão do conteúdo e arquivamento de cada volume.

Busca de parceiros

Apesar de estar em estágio avançado de estruturação e montagem, o local ainda tem de passar por uma série de etapas, como a disposição dos prontuários em estantes apropriadas, além da formação de uma equipe de infra-estrutura para viabilizar o funcionamento do Centro. “Esta equipe deve ser composta por voluntários e estagiários com conhecimentos técnicos para o desenvolvimento de processos necessários ao objetivo do projeto”, explica Botta. “Os voluntários terão carga horária reduzida e receberão certificado expedido pela instituição”, adianta. “Entretanto, o projeto visa angariar subsídios externos através de parcerias e patrocínios, que poderão garantir remuneração e, conseqüentemente, ampliação de carga horária”.

Para buscar essas parcerias, os idealizadores encaminharam o projeto à Coordenadoria de Saúde do Sistema Prisional e aguardam apreciação e a devida autorização.

Um dos objetivos do projeto é reforçar a importância de uma equipe composta, basicamente, por funcionários do próprio Hospital de Custódia e desenvolver processos que possibilitem aos profissionais interessados a ampliação dos conhecimentos de técnicas de atuação. “Nosso trabalho deve permitir e incentivar a pesquisa nas diferentes áreas do conhecimento, através do acesso aos dados sistematizados pelas tecnologias de informação”, esclarece Benvenuto. “Mas tudo isso, respeitando-se as normas internas e as resoluções Legais que compreendem a pesquisa com seres humanos”, garante. A publicação do material digitalizado será analisada pela assessoria jurídica do Hospital de Custódia, que definirá os critérios do que será disponibilizado ao público.

A inauguração do “Arquivo Histórico e Cultural Professor André Teixeira Lima” está prevista para o início de 2008 e a expectativa é que o acervo seja visitado por pesquisadores das áreas de psiquiatria, psicologia, direito, Serviço Social, entre outros.

Da Secretaria de Administração Penitenciária

(I.P.)



09/10/2007


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