Humberto procura maior vinculação com Lula








Humberto procura maior vinculação com Lula
Contrastando com a ‘frieza’ das últimas pesquisas de intenção de voto, o candidato da Frente de Esquerda (PT/PCdoB/PCB/PL/PMN/PST) ao Governo do Estado, Humberto Costa (PT), esquentou sua campanha ontem. Depois de anunciar que sua meta é visitar 90 municípios até 6 outubro (já esteve em 66), o petista fez uma animada caminhada pela praia de Pau Amarelo, em Paulista. Acompanhado pelo candidato da coligação ao Senado, Dilson Peixoto (PT), Humberto cumprimentou banhistas, distribuiu santinhos e, claro, pediu votos, vinculando sua candidatura ao do presidenciável Lula (PT).

Situado bem atrás do governador-candidato Jarbas Vasconcelos (PMDB) nas pesquisas – a última do Ibope/Rede Globo deu 66% a 15% –, Humberto se agarra, mais do que nunca, à tese do “lá e lô”. Ele espera reduzir o número de eleitores que, de acordo com os cruzamentos da última pesquisa Exatta/JC, estão sinalizando o voto em Jarbas e Lula. “Muita gente que está com Lula, está comigo”, comentou.

Bastante disposto, trajando bermuda e tomando muita água mineral para amenizar o calor, Humberto caminhou durante uma hora sem reclamar de cansaço. Único candidato ao Palácio das Princesas que, realmente, vem investindo no corpo-a-corpo das ruas, o petista teve boa receptividade. O senador Carlos Wilson (PTB), que faz campanha casada com a chapa encabeçada pelo petista, não compareceu.

Além de preservar o otimismo, Humberto tem se esforçado para driblar os constrangimentos e manter a paciência. Durante o trajeto, o candidato se aproximou, sorridente, de uma barraca de lona, enfeitada com balões vermelhos, mas antes mesmo de cumprimentar os banhistas, foi recebido com gritos de “é Jarbas, é Jarbas!”.

Sem abalar o bom humor, ele acenou e seguiu a caminhada.


“Se Ciro não passar, admito votar em Lula”
O deputado Inocêncio Oliveira, líder do PFL na Câmara Federal, afirma, em entrevista a Inaldo Sampaio, que “o barco de Jarbas está cheio demais”, admitindo que a aliança que o apóia à reeleição deverá implodir em 2004. Ele anuncia também que irá disputar o Governo do Estado em 2006 e que irá apresentar o deputado estadual José Marcos de Lima, que não é candidato à reeleição, para substituí-lo na Câmara Federal. Sobre a sucessão presidencial, garantiu que se o seu candidato, Ciro Gomes (PPS), não for para o 2º turno, deverá seguir a mesma posição do ex-senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA): votar em Lula.

JORNAL DO COMMERCIO – Por que Ciro Gomes?

INOCÊNCIO OLIVEIRA - Porque ele é o melhor candidato. Tem experiência administrativa, tendo sido prefeito de Fortaleza, governador do Ceará e ministro da Fazenda, e em todos esses cargos saiu-se muito bem. Foi uns dos melhores prefeitos que Fortaleza já teve. Junto com Tasso, fez uma revolução no Ceará. Pegaram aquele Estado com metade do PIB de Pernambuco e quase conseguiram igualá-lo ao nosso, graças a 16 anos de continuidade administrativa.

JC - E por que não Serra, que é apoiado por Jarbas e Maciel?

INOCÊNCIO -Porque ele tem uma ligação muito forte com o grande capital nacional, sobretudo com São Paulo e a Avenida Paulista. Serra não tem uma visão dos problemas dos pequenos municípios, das desigualdades existentes entre pessoas e regiões. Ele defende o modelo capitalista clássico, liberal.

JC - De onde surgiu essa versão de que Serra seria antinordestino?

INOCÊNCIO - Não partilho dessa opinião, mas ela está disseminada no Congresso. Ele sempre se recusou a tratar de coisas pequenas com os parlamentares. Certa vez fui com outros deputados falar com ele no Ministério do Planejamento, no primeiro Governo de Fernando Henrique, para liberar recursos para a Adutora do Oeste, e ele não nos deu nenhuma importância. E na Assembléia Nacional Constituinte defendeu os interesses do grande capital nacional, essa é que é a verdade. Ele vive dizendo por aí que foi um dos responsáveis pelo Fundo Constitucional do Norte e Nordeste, mas não é verdade. Quem arrancou esses recursos fomos nós, das bancadas do Norte, do Nordeste e do Centro-Oeste.

JC - Antes de o senhor optar por Ciro, recusou-se a acompanhar Serra a Bezerros e
Caruaru, que integram sua base eleitoral. Foi aí o início da decisão?

INOCÊNCIO - Essa decisão já estava tomada porque eu não votaria em Serra sob qualquer hipótese. Em primeiro lugar por causa do episódio Roseana. Aquilo chateou muito o PFL e nós não tínhamos a menor condição de apoiá-lo porque Roseana tem quase certeza que ele esteve por trás de tudo.

JC - Se derem Lula e Serra no 2º turno, o senhor ficará com quem?

INOCÊNCIO - Acompanharei o candidato de Antônio Carlos Magalhães, José Agripino, Jorge Bornhausen e outros líderes políticos do meu partido.

JC - Lula?

INOCÊNCIO - É por aí.

JC- O que o senhor tem a dizer sobre a reportagem da revista Veja, há duas semanas, de que existiria trabalho escravo numa de suas fazendas no Maranhão?

INOCÊNCIO - Aquilo foi outra armação grosseira do Governo. Não sei de quem, mas que foi uma armação, foi. Por que? Porque o processo de terceirização de mão de obra para bater pasto é comum no Maranhão. Tanto é verdade que o deputado José Genoíno (PT), ao ser questionado sobre isso, disse: "Ainda que eu não gostasse do Inocêncio, eu daria razão a ele. Existe 1 milhão de fazendas no Brasil e porque escolheram só a dele para fazer isso?". Em segundo lugar, é uma praxe normal que se faça terceirização de mão de obra para o trabalho no campo e nada disso foi considerado. Mesmo assim, resolvi pagar todas as ações das pessoas que me denunciaram e nunca mais elas apareceram. Paguei todas as multas e os fiscais ainda me disseram que eu poderia recorrer. Respondi que não iria contestar e que iria vender a fazenda imediatamente assim que o processo fosse extinto. Foi o que eu fiz.

Desse dia em diante nunca mais eu fui à fazenda, nunca mais. Até as coisas de estimação que tinha dentro da casa eu deixei lá porque aquilo me aborreceu muito.
Mas o que está por trás de tudo isso é a sucessão na Câmara Federal.

JC - Como assim?

INOCÊNCIO - É que eu sou um forte candidato para voltar à Presidência da Câmara e Tasso Jereissati, Marco Maciel ou ACM para a Presidência do Senado, e o ‘sul maravilha’ não aceita que dois nordestinos presidam o Congresso.

JC - Passando para o plano local, até quando a aliança PFL-PMDB-PPB-PPS sobreviverá?

INOCÊNCIO - Não sei. Só sei que o barco está muito cheio e a tendência é alguém pular fora depois dessas eleições. Agora, em 2004, com certeza absoluta o quadro será reavaliado porque muitos partidos vão querer lançar seus próprios candidatos à Prefeitura do Recife e outras cidades importantes do interior para poderem se credenciar para disputar o Governo estadual em 2006.

JC - Procede a versão de que o senhor estaria dizendo no interior que é candidato a governandor em 2006?

INOCÊNCIO - Procede, sim. Esta é a minha última eleição para a Câmara Federal. Daqui a quatro anos eu pretendo disputar o Governo de Pernambuco, porque estou me preparando para isso, e irei apresentar o deputado José Marcos para me substituir na Câmara Federal.


Colunistas

PINGA FOGO – Inaldo Sampaio

Lula versus Serra
Em certo momento da presente campanha eleitoral, chegou-se a cogitar a possibilidade de irem ao segundo turno Lula e Ciro, ambos candidatos da oposição, tal como ocorreu em 89 (Lula e Collor). Todavia, com o início do guia da TV ocorreu um freio de arrumação. Ciro, conforme sua própria definição, teve sua imagem “decomposta” por Nizan Guanaes, marqueteiro-mor de José Serra, e dif icilmente reagirá. Pode até cair ainda mais, dado que está sendo abandonado por sindicalistas da Força Sindical depois das suspeitas de envolvimento de Paulinho com o desvio de recursos do FAT.

Deu-se, por conseguinte, uma acomodação em ambos os lados. Serra passou a ser identificado como o “candidato do governo” e Lula como o “candidato da oposição”.

Ciro, apoiado por uma frente heterogênea que vai de Brizola a ACM, perdeu completamente sua identidade política. Trocou os pés pelas mãos desde o debate da Rede Bandeirantes, disparando para todos os lados e falando muito mais do que deveria, e excluiu-se do jogo prematuramente.

Garotinho corre por fora com seus 12%, em média, de eleitores evangélicos, mas o seu objetivo é 2006. Consequentemente, os prováveis finalistas deste ano serão Serra (governo) e Lula (oposição).

A César o que é de...
Para Brizola, sob a ótica do interesse nacional os governos de Sarney e FHC foram “piores” do que os militares. Segundo ele, Sarney e Fernando Henrique Cardoso “nos deram o direito de ir e vir, mas não o de trabalhar”, enquanto os militares, pelo menos, “souberam resguardar o patrimônio nacional”. Semana passada, uma declaração de Lula nessa mesma linha causou o maior “frisson” no PT. Ele disse que os governos militares pensavam o Brasil estrategicamente.

Medida preliminar
Como folha de papel aceita tudo, deve-se encarar com desconfiança “programa de governo” de candidato. O de Serra, para o Nordeste, promete recriar a Sudene, duplicar a BR-101 (Natal-Salvador) e concluir a Transnordestina. Se antes de fazer isto o DNER tapar os buracos de Arcoverde até Serra Talhada, dará uma boa ajuda ao candidato.

Palanque dúbio
Para integrantes da “Frente Trabalhista”, o que mais pesou na queda de Carlos Wilson (PTB) no Ibope foi a “dubiedade” dele na presente campanha presidencial: é o candidato oficial de Ciro mas faz “aliança branca” com o PT. Um dos seus seguidores chegou a dizer numa roda que por mais esforço que se faça “não se pode servir a dois senhores”.

Guerra poderá ter mais votos do que Maciel
A carga que o governo está dando em Sérgio Guerra (PSDB) é tão intensa que não será novidade para a classe política se ele chegar ao final desta campanha com mais votos do que o vice-presidente Marco Maciel (PFL).

Guerra é o calo no sapato de Mendonça Filho
Leitura que já começa a ser feita nos meios políticos: se montar num mandato de 8 anos e tiver o apoio de Jarbas Vasconcelos, Sérgio Guerra (PSDB) atropelará Mendonça Filho (PFL) como candidato ao governo em 2006.

Fora das grades
Pela ameaça de “surrar” Carlos Lapa (PSB), o capitão PM José Pires teve sua prisão administrativa decretada pelo tenente-coronel Juvenal de Matos, comandante do Batalhão de Nazaré da Mata. A detenção só não se consumou porque o militar licenciou-se para disputar cargo eletivo (deputado estadual).

Fora do contexto
Se não fosse uma equipe de TV que estava no local, o deputado José Chaves (PMDB) teria entrado no salão reservado do “Spettus”, terça-feira última, para dar um abraço em Miguel Arraes. Ele, Joaquim Francisco (PFL) e Armando Monteiro (PMDB) são os deputados com menor trânsito junto ao Palácio das Princesas.

Em sua primeira eleição para governador em 1998, Jarbas ficou refém do PFL porque não chegaria jamais ao Palácio das Princesas sem o apoio de Marco Maciel, Roberto Magalhães, Inocêncio Oliveira e Osvaldo Coelho. Hoje, não, o PFL é que é refém dele porque está-se desmiligüindo em todo o Estado.

Continua repercutindo nos meios jurídicos a decisão tomada pelo STF segundo a qual governadores e prefeitos poderão editar medidas provisórias, desde que estejam previstas na Constituição Estadual ou na Lei Orgânica do Município e haja o referendo do Legislativo. Isso faz “pai-rrte”, segundo o STF, da autonomia dos estados e municípios.

Para Célia Cardoso (PV), líder da prefeita Rosa Barros na Câmara Municipal de Arcoverde, se os prefeitos pernambucanos reconhecessem que só estão fazendo alguma coisa pelos seus municípios devido aos programas sociais de FHC, a reunião que tiveram com Jarbas seria totalmente dispensável.

Se Ciro não chegar ao segundo turno, como tudo indica que não chegará, vai ser caco de palanque para todos os lados. O prefeito Fernando Bezerra Coelho (Petrolina), Joaquim Francisco e Inocêncio Oliveira irão marchar com José Serra. Mas Roberto Freire, Elias Gomes, Valdemar Borges e Byron Sarinho ficarão com Lula.


Editorial

DEFESA DO CONSUMIDOR FAZ 12 ANOS

O Código de Defesa do Consumidor (CDC) está completando 12 anos, mas sem grande festa, pois ainda falta muito para ele se tornar uma lei conhecida e obedecida. Muito se caminhou, porém, em pouco mais de uma década, na conscientização de produtores, fornecedores, prestadores de serviços e consumidores. O que já se vinha fazendo antes, se não a lei não teria sido proposta e aprovada. Agora, no entanto, os primeiros têm um instrumento legal para se orientar e melhorar seus produtos e serviços, e os consumidores têm como melhor se defender na busca de seus direitos. Há poucos dias, comentávamos novas determinações da Secretaria de Direito Econômico (SDE) do Ministério da Justiça, que acrescentam pontos de apoio para que a população se defenda mais quando lesada, sobretudo na área de planos de saúde.

Em entrevista ao Jornal do Commercio, o professor Kazuo Watanabe (USP), que foi um dos autores do anteprojeto de lei que deu origem ao CDC, enfatizou a necessidade de a população ter mais consciência de seus direitos, não só de consumidora, para reivindicar melhor. Ele considera que a lei marca um ponto importante na evolução legislativa brasileira, ao promover uma mudança nos hábitos, tanto dos fornecedores, quanto dos consumidores, que são os atores da relação de consumo. O CDC estabeleceu garantias antes inexistentes, como o direito a uma informação adequada e clara sobre produtos e serviços, proteção contra a publicidade enganosa (ainda muito freqüente, quase rotineira). E também definiu medidas efetivas a serem tomadas em caso de abusos anticonsumidor, de descumprimento da lei de 1990.

Um ponto importante do CDC é que, depois dele, o fornecedor, independentemente da existência de culpa, de intenção dolosa, é obrigado a responder pelos danos que causar ao consumidor. Mesmo quando não tenha agido com negligência, imprudência ou imperícia. Antes, bastava ele dizer que não tinha culpa nem má intenção. A empresa tem que oferecer a qualidade e a segurança que a lei exige. O que é muito bom e positivo para ambos os lados, o do fornecedor e o do consumidor. Antes, havia uma desconfiança quase generalizada quanto à ética empresarial. Hoje, isso mudou um bocado; embora ainda haja muito abuso. Em muitas compras à distância, via Internet e outros meios, ainda é comum o comprador não receber o produto comprado. Pseudo-empresas nascem, morrem, mudam de nome, com uma rapidez on line. Observação que não nega a importância desse tipo de compra e venda, que veio dinamizar o comércio globalmente. O que estamos dizendo é que, mesmo com o real avanço representado pela lei 8.078/90 (CDC), o consumidor continua ainda muito vulnerável na sociedade de consumo.

Watanabe se refere à importância de o poder público ampliar sua proteção ao consumidor, fortalecendo órgãos como o Procon, Juizado de Pequenas Causas, delegacias especializadas, e apoiando entidades privadas de fiscalização da lei e de orientação e apoio ao consumidor, como o maior deles, o Idec (Instituto de Defesa do Consumidor). Um segmento de serviços que pretende não enquadrar-se no CDC é o financeiro e bancário. O professor paulista considera isso “um absurdo”, pois as operações bancárias são expressamente menc ionadas na lei. Em sua entrevista ao nosso repórter Marcelo Robalinho, ele explica que o Banco Central deve fiscalizar e controlar o funcionamento de bancos e financeiras; mas, no que diz respeito ao
consumidor, essas instituições estão enquadradas no CDC. A questão está sub iudice.

Em suma, grandes progressos foram obtidos nestes 12 anos, mas muita coisa ainda está por ser feita nessa área.


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09/16/2002


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