Ideli aponta contradições em defensores da redução de gastos públicos



A líder do PT no Senado, Ideli Salvatti (SC), questionou a defesa do corte de gastos públicos feita pela oposição. Assim, exigiu dos críticos dos gastos sociais e das intervenções financeiras federais que apontem onde realmente o governo pode reduzir despesas sem comprometer o funcionamento do Estado e a condução da economia do país. Para a senadora, os críticos pretendem atingir os programas sociais do governo, como o Bolsa-Família, ao classificá-los como alavancas de gastos públicos, avaliação que ela contesta.

- Em várias matérias, artigos e discursos, há sempre a sugestão de cortar, porqueo governo está gastando muito e que a inflação só pode ser solucionada se cortarmos gastos - ressaltou, observando que, paradoxalmente, as bancadas parlamentares ligadas a setores produtivos, como o agronegócio, sistematicamente propõem a renegociação de dívidas que acabaria dependendo da intervenção do Estado.

-Dessas dívidas renegociadas, ou "quadrinegociadas", os agricultores familiares, que só têm 3% de inadimplência, tiveram renegociados apenas R$ 3 bilhões de um total de R$ 75 bilhões. O restante foi para os grandes produtores - observou Ideli, sustentando não ser contra a ajuda estatal ao segmento agropecuário. A parlamentar questiona, entretanto, a necessidade de o governo aumentar seus gastos por conta dessas renegociações.

Ao criticar os neoliberais brasileiros, "que defendem a tese de livre mercado, ou a ausência do Estado", ela acusou a oposição de ser contraditória ao colocar em xeque a capacidade de o governo alocar recursos para socorrer setores econômicos em dificuldades. E citou como exemplo de neoliberalismo fracassado a política de livre mercado adotada nos Estados Unidos, onde recente crise econômica suscitada por dívidas do mercado imobiliário obrigou o Banco Central (FED) a injetar recursos em bancos privados.

-É interessante porque, lá, sempre reclamaram da intervenção do Estado. Mas, agora, passaram todos a exigir a regulamentação do sistema financeiro e a necessidade imediata de injetar dinheiro público nos bancos - concluiu.



28/05/2008

Agência Senado


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