Ideli diz que Fome Zero é revolucionário



Ao considerar injustos os constantes ataques ao programa Fome Zero, a senadora Ideli Salvatti (PT-SC) disse que os críticos não perceberam ainda que a decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de colocar o combate à fome no centro das discussões e das ações do governo é uma demonstração de coragem. Em sua opinião, o programa irá causar uma verdadeira revolução, pois focaliza os temas da fome e da miséria, que, conforme ela, sempre foram tratados como subprodutos da economia, como eixos norteadores da política governamental.

- Somente sob esta ótica, de tratarmos a questão da fome e da miséria como central na política de governo, deixando todas as demais a serviço desse objetivo, é que tornará possível a este país ter soberania e dignidade - avaliou Ideli.

Para ela, é preciso ter coragem para colocar esse assunto em condições de igualdade com outros temas como a educação, a economia, a indústria e o mercado financeiro, abordados prioritariamente na história nacional. Ao longo das três últimas décadas, informou, o Brasil não implementou nenhuma política efetiva para modificar a distribuição de renda da população.

- A distribuição da riqueza em nosso país está congelada há mais de três décadas. Pode parecer insignificante colocar esse debate como eixo de governo, mas não é possível garantir três refeições ao dia para 170 milhões de brasileiros sem executar uma verdadeira revolução, sem mexer em estruturas injustas da posse da terra, da questão urbana, das políticas públicas de saúde, educação, saneamento.

A senadora também explicou que, quando se analisa o Fome Zero dessa maneira, seus resultados podem não ser imediatamente perceptíveis, mas eles são efetivos, pois condicionam outras políticas anexas, tais como os programas do primeiro emprego, de alfabetização, de merenda escolar, de doação de cestas básicas para as comunidades indígenas, de construção de cisternas e de apoio à agricultura familiar.

O senador José Jorge (PFL-PE) apoiou o objetivo do governo federal com o Fome Zero, mas disse que, em sua visão, o programa deveria ser uma política geral para todos os municípios e não apenas para poucas cidades, como está sendo implementado. -Assim, os resultados são muito lentos-, afirmou.

Reforma agrária

Ideli Salvatti também analisou os conflitos agrários, atentando para um novo formato de negociação de terras que ocorre na região do Pontal do Paranapanema, onde os invasores de terras por grilagem estão sendo reconhecidos pelo poder público como proprietários, desde que paguem uma parte das terras apossadas. Esses recursos, por sua vez, são aplicados em programas de reforma. Para ela, esse é um sinal de que, apesar de a situação no campo ser séria, não existe apenas violência e injustiça nesse contexto.

Em aparte, a senadora Serys Slhessarenko (PT-MT) concordou com a avaliação de Ideli, considerando errada a posição de fazendeiros que ocupam grande extensão de terras públicas e lutam hoje para ficar com essas terras.



15/08/2003

Agência Senado


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