Impasse persiste em negociação entre empresas e trabalhadores do setor aéreo



VEJA MAIS

Mesmo sem haver perspectiva de acordo, representantes das empresas e dos trabalhadores do setor aéreo se dizem empenhados em buscar um entendimento e, assim, evitar uma eventual paralisação dos aeroportos no período de festas de final de ano. Essa intenção foi demonstrada nesta terça-feira (27), durante audiência pública da Subcomissão Temporária sobre a Aviação Civil (Cistac), vinculada à Comissão de Serviços de Infraestrutura (CI).

O impasse na negociação parece se concentrar nas cláusulas financeiras. Graziella Baggio, secretária de assuntos previdenciários do Sindicato Nacional dos Aeronautas, adiantou que a categoria não abre mão de repasse integral da inflação e aumento real nos salários, o que totaliza um índice de reajuste de 11,4%. Apesar de apontar ganhos recentes no setor, como produtividade superior a 5,5% e desoneração da folha de pagamento e da tarifa de energia elétrica, a sindicalista reclamou da resistência do empresariado até em repor a inflação do período.

Na outra ponta, Odilon Junqueira, consultor de recursos humanos do Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias, afirmou que não há obrigatoriedade legal de recomposição do desgaste inflacionário dos salários. Comentou ainda que o segmento emprega cerca de 50 mil pessoas e tem os gastos com pessoal como segundo maior custo, só superado pelas despesas com combustível. Odilon também creditou as dificuldades econômicas amargadas pelo setor aéreo à carga tributária, ao custo da infra-estrutura e à variação cambial.

Ambos reconheceram que a proximidade da data base dos trabalhadores do setor aéreo – 1º de dezembro – com as festas de Natal e Ano Novo gera na população o temor de greve numa época de movimento intenso nos aeroportos do país. Mas, apesar de se dizerem empenhados em negociar a mudança dessa data, acabaram jogando um para o outro a falta de interesse em resolver a questão.

Webjet

Graziella Baggio também aproveitou o debate para protestar contra o fechamento da Webjet e a demissão de 850 funcionários da empresa.

- O sindicato soube até que uma tripulação foi informada que tinha sido demitida enquanto estava voando, o que representa uma situação de risco para a segurança de vôo - comentou.

Ao final do encontro, o presidente da Subcomissão, senador João Costa (PPL-TO), fez um apelo para que empresas e trabalhadores do setor aéreo busquem uma solução negociada para suas demandas.

- O país não vai crescer se desrespeitar os direitos dos trabalhadores - ponderou.



27/11/2012

Agência Senado


Artigos Relacionados


Governo estimula negociação no setor aéreo

ALCÂNTARA PEDE NEGOCIAÇÃO ENTRE AS PARTES PARA SOLUCIONAR IMPASSE DAS UNIVERSIDADES

Compromisso do governo é com o setor aéreo e não com as empresas, diz o vice-presidente do BNDES

Hélio Costa quer garantir a livre concorrência entre empresas de transporte aéreo

Empresas de alto crescimento empregaram 3,2 milhões de trabalhadores entre 2007 e 2010

Impasse na negociação: governo insiste em mínimo de R$ 540 e sindicalistas pedem R$ 580