Compromisso do governo é com o setor aéreo e não com as empresas, diz o vice-presidente do BNDES
O compromisso do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) é com o setor aéreo nacional e não com as empresas de aviação, disse o vice-presidente da instituição, Darc Antônio da Luz Costa, em audiência pública promovida pela Comissão de Assuntos Sociais (CAS), nesta quarta-feira (27), sobre a proposta de fusão das empresas Varig e TAM. Ele salientou que o banco até agora não recebeu, das duas empresas, nenhum pleito oficial relativo à fusão.
Darc Costa reconheceu, entretanto, que a aviação comercial é um instrumento de defesa nacional e que o BNDES -está adepto à cooperação e não à imposição-, desde que sejam colocados sobre a mesa, em primeiro lugar, os interesses nacionais. Ele disse que a aviação civil é um bem público e que, por isso, deve merecer tratamento diferenciado do Estado.
Para o representante do Ministério da Defesa, Alex Castaldi Romera, que também tomou parte dos debates, a fusão entre a Varig e a TAM é a melhor alternativa para salvar da falência a Varig. Mas admitiu que, apesar de o governo acompanhar com -apreensão- a possível fusão, -não vai interferir por se tratar de uma questão empresarial-.
Castaldi reconheceu que o setor da aviação está em crise e atribuiu o problema a três principais fatores: retração do mercado, alto preço do querosene e a pesada carga tributária que vem onerando as companhias aéreas. Ele pediu, ainda, a urgente criação de uma política de aviação civil.
O coordenador dos estudos sobre a fusão ligado aos trabalhadores das duas empresas, Paulo Rabello, sugeriu que, em um prazo de 24 a 48 meses, a Varig tenha o que qualificou de -governança interina-, a ser encabeçada por uma gestão profissional e competente. Ele também sugeriu a participação dos trabalhadores na gestão não somente da Varig, mas de todas as empresas de aviação.
O economista Luciano Coutinho, coordenador da proposta de união das duas empresas, disse estar convencido que a fusão é viável e que a nova empresa nasceria fortalecida e saudável de modo a passar a ter, inclusive, uma expressiva participação no mercado externo.
Para ele, a fusão representa -a salvação da Varig-, e do ponto de vista dos trabalhadores, o projeto de fusão, conforme informou, prevê tratamento correto e negociado de todos os direitos trabalhistas, com a contratação de uma empresa especializada em recursos humanos para definir a estrutura da nova empresa e seus planos de cargos e salários, mantendo o critério de proporcionalidade dos grupos Varig e TAM.
27/08/2003
Agência Senado
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