Inácio Arruda quer que Brasil não reconheça plebiscito na Bolívia
O senador Inácio Arruda (PCdoB-CE) disse nesta terça-feira (29) que o governo brasileiro não deve reconhecer o plebiscito que será realizado no próximo dia 2, em Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia. A região em que se encontra a cidade quer decidir se continua sendo parte da Bolívia ou se torna-se um país independente. Arruda afirmou que "meia dúzia" de representantes da "elite branca" boliviana está tentando aplicar "uma espécie de golpe", fazendo um plebiscito ilegal "por cima do país". Para o senador, os donos da Bolívia são "as grandes nações de nativos" que lutam há séculos para reaver parte do país.
Inácio Arruda frisou que esses nativos têm como ancestrais os Maias, "uma grande civilização que foi massacrada e destruída". O senador disse que "um deles ganhou pelo voto a Presidência da Bolívia e busca reordenar o seu país", mas "as elites brancas não aceitam ser governadas por um nativo". Ele acrescentou que em Santa Cruz de La Sierra estão as grandes reservas de gás e petróleo.
Arruda defendeu uma intervenção positiva do governo brasileiro para dizer "com todas as letras" a quem interessa esse plebiscito. Ele garantiu que não quer uma guerra civil na fronteira com o Brasil, mas lembrou que o plebiscito recebe apoio dos americanos.
- Não por acaso, os que promovem o plebiscito têm o apoio da embaixada americana em La Paz. Não é um acidente: é uma atitude de intervenção nos assuntos internos daquela nação. Quer se criar uma cizânia na América da Sul para que os submarinos e os porta-aviões [americanos] passem a varrer os mares do Atlântico e do Pacífico na costa da América do Sul. É para isso que se quer essa cizânia na Bolívia? - questionou.
O senador José Nery (PSOL-PA) disse, em aparte, que o plebiscito é uma tentativa inaceitável de quem não respeita as regras do jogo democrático.
Inácio Arruda disse que não quer a divisão da Bolívia, e que o plebiscito é contra a constituição boliviana, a lei boliviana e os interesses do país. Ele defendeu a garantia da soberania, dizendo que não é possível aceitar que "tropas alienígenas" se posicionem e tenham bases nos territórios. Arruda disse ainda que o Senado deve estar atento para o que ocorre nos países vizinhos e deve contribuir para a consolidação da democracia.
29/04/2008
Agência Senado
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