Incorporação da Venezuela será debatida em reunião da Comissão Parlamentar Conjunta do Mercosul



A Comissão Parlamentar Conjunta do Mercosul (CPCM) deverá começar a discutir a incorporação efetiva da Venezuela, durante a reunião plenária marcada para os dias 19 a 21 em Córdoba, na Argentina. A previsão é do presidente da seção brasileira da comissão, senador Sérgio Zambiasi (PTB-RS), para quem a adesão do país ajudará a consolidar o principal bloco econômico da América do Sul.

Atualmente, a delegação venezuelana tem direito a voz, mas não a voto, nas reuniões da CPCM. Para o senador, a adesão do país como membro pleno da comissão será uma conseqüência natural do ingresso formal da Venezuela no Mercosul, anunciado na terça-feira (4) em Caracas. Com o novo integrante, o Mercosul passará a ter um Produto Interno Bruto (PIB) equivalente a US$ 1 trilhão, o que corresponde a três quartos de toda a economia sul-americana, além de um comércio global superior a US$ 300 bilhões.

- Hoje ainda existe a visão de que o Mercosul interessa apenas ao sul do Brasil e aos países situados no sul do continente. Com a entrada da Venezuela, desmistifica-se esse conceito de que se trata de um bloco econômico ligado apenas ao Cone Sul - disse Zambiasi, em entrevista à Agência Senado.

Na opinião do senador, o ingresso da Venezuela pode representar mais um passo em direção à construção de um único bloco econômico na América do Sul. A seu ver, o Mercosul ganha mais condições de vir a absorver os integrantes do Bloco Andino - Bolívia, Colômbia, Equador e Peru - e conquistar países independentes, como o Chile.

Para que o Mercosul se consolide, porém, será necessário garantir maior atenção aos seus atuais sócios menores, como adverte Zambiasi. Durante a próxima reunião plenária, observa o senador, não haverá como deixar de discutir as queixas que vêm sendo apresentadas ao bloco pelo Paraguai e pelo Uruguai. Os governos desses dois países têm alertado para a necessidade de melhor distribuição, entre os sócios, dos benefícios do processo de integração. E o Uruguai chegou a analisar recentemente a possibilidade de buscar um acordo de livre comércio diretamente com os Estados Unidos.

Na opinião do senador, deputados e senadores dos países que integram o Mercosul podem ajudar a construir soluções negociadas para o futuro do bloco. Essa contribuição, a seu ver, se tornará mais concreta a partir da instalação do Parlamento do Mercosul, prevista para dezembro deste ano.

- Ficará cada vez mais clara a importância da interlocução do Parlamento na busca de soluções para as crises - acredita Zambiasi.

O protocolo de criação do Parlamento do Mercosul, que sucederá a CPCM, já foi aprovado pelo Poder Legislativo do Paraguai, mas ainda precisa ser ratificado pelos Congressos Nacionais dos demais sócios. Atualmente, a comissão conjunta realiza plenárias no território de cada um dos quatro países originais do Mercosul, que se revezam na presidência do colegiado a cada seis meses. Uma vez aprovado, o futuro Parlamento do Mercosul terá sede em Montevidéu.



10/07/2006

Agência Senado


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