Indicado para diretor da ANP considera "responsabilidade cívica" reduzir dependência de gás importado



Em exposição antes da votação secreta que aprovou seu nome, por unanimidade, para integrar a diretoria da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o engenheiro mecânico Nelson Narciso Filho defendeu, na Comissão de Serviços de Infra-Estrutura (CI), a necessidade de o país atingir rapidamente a auto-suficiência energética. Por "responsabilidade cívica", segundo ele, o Brasil precisa reduzir a crescente dependência brasileira em relação ao gás natural importado.

- Um país com quase duzentos milhões de habitantes e economia tão complexa não pode ficar submetido a alternativas fragilizadoras e ameaçadoras de nossa auto-suficiência energética - disse, nesta terça-feira (23).

Narciso Filho, que ainda terá seu nome submetido à apreciação do Plenário, referia-se ao quadro de insegurança determinado pela decisão da Bolívia de nacionalizar as reservas de petróleo e gás natural, afetando as operações da Petrobras naquele país. Entre outros investimentos no país, a Petrobras aplicou mais de US$ 1 bilhão no gasoduto que traz gás boliviano até a região Sudeste, com compromisso de compras em torno de US$ 30 milhões por ano.

Com carreira de 29 anos no setor privado, em empresas com atividades operacionais e de fabricação e instalação de equipamentos no setor de exploração e produção de petróleo, Narciso Filho contou com 19 votos a favor da indicação do Executivo. A matéria (MSF 131/06) foi relatada pelo senador Luiz Otávio (PMDB-PA) e apresentada na reunião pelo senador Roberto Saturnino (PT-RJ). O indicado trabalhou até recentemente para a estatal angolana do setor petrolífero, a Halliburton Angola, como diretor Global Cliente Sonagol.

Pequenas produtoras

Ainda sobre a auto-suficiência energética, Narciso Filho citou como boa iniciativa a decisão da ANP de estimular no país um segmento de exploração centrado em pequenas e médias empresas. A elas serão repassados lotes devolvidos pela Petrobras, cujas reservas foram consideradas pequenas pela estatal. Nos Estados Unidos, ele informou, esse segmento responde por mais de 60% de todo o petróleo produzido. O indicado também destacou como uma conquista do país o avanço na área dos biocombustíveis, para a qual ele pede ainda mais estímulos, como parte da estratégia para a auto-suficiência.

Pós-graduado em Administração Industrial e Engenharia Econômica, Narciso Filho, durante sua apresentação, fez referências também à sua condição de negro, de origem humilde. Essas características, como afirmou, servem de estímulo para que tome como responsabilidade "étnica e ética" difundir os valores do estudo e da perseverança para as novas gerações.

Em resposta ao senador Roberto Saturnino, o candidato ao cargo de diretor da ANP fez um relato sobre sua experiência em Angola, aonde chegou quando o país enfrentava a guerra civil que durou 30 anos. Segundo ele, a boa qualidade das informações sobre as reservas petrolíferas tem atraído os investidores internacionais e valorizado as concessões. O senador Romero Jucá (PMDB-RR) aproveitou para manifestar apoio à decisão da ANP de estimular a entrada de pequenas e médias empresas na exploração de petróleo.

Ney Suassuna (PMDB-PB) salientou as qualidades do indicado - cujo currículo, como afirmou, mostra que se trata de uma pessoa que "sabe como fazer" - e cobrou mais investimentos internos na área de petróleo. Segundo ele, se o país pôde investir mais de um US$ 1 bilhão no gasoduto que vem da Bolívia, sob o risco de criar rápida dependência desse fornecimento, não poderia deixar de gastar aqui mesmo. Gilberto Mestrinho (PMDB-AM) pediu prioridade para o gasoduto Urucu-Porto Velho.



23/05/2006

Agência Senado


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