Indicado para embaixador quer "parceria estratégica" em biocombustíveis com os EUA



O Brasil e os Estados Unidos poderão desenvolver uma "parceria estratégica" na área de biocombustíveis, disse nesta quarta-feira (13) o ministro de primeira classe Antonio Aguiar Patriota, cuja indicação para a embaixada brasileira em Washington recebeu parecer favorável da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE).

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A criação dessa parceria foi sugerida inicialmente ao governo brasileiro pelo subsecretário de Estado norte-americano, Nicholas Burns, segundo anunciou Patriota aos senadores da comissão. Os Estados Unidos, relatou o embaixador indicado, estão preocupados com sua forte dependência de combustíveis fósseis, provenientes em grande parte do Oriente Médio, e estariam dispostos a cooperar no estabelecimento de um mercado internacional para combustíveis como o etanol.

- Assim como o acordo nuclear entre os Estados Unidos e a Índia, a criação de uma parceria estratégica na área de biocombustíveis pode ser uma opção interessante para nós - afirmou Patriota, atual subsecretário-geral político do Ministério das Relações Exteriores.

O embaixador indicado disse também identificar "perspectivas promissoras" para a ampliação do comércio bilateral. Ele recordou que um compromisso nesse sentido foi assumido em novembro de 2005 pelos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e George Bush. E reiterou o desejo do governo brasileiro de negociar com Washington um acordo de livre comércio entre os Estados Unidos e o Mercosul.

Entre os atuais pontos positivos do relacionamento bilateral, Patriota destacou a participação brasileira na missão de paz no Haiti - elogiada pelos norte-americanos em encontros de alto nível realizados recentemente - e as iniciativas de Brasília no sentido de retomar a Rodada de Doha, da Organização Mundial de Comércio (OMC). A liderança brasileira no chamado G-20, composto por países em desenvolvimento, estaria sendo identificada por Washington, segundo o diplomata, como um "fator de construção de consensos".

No campo das divergências, o diplomata apontou a resistência norte-americana a propostas brasileiras no sentido de ampliar o G-8 - grupo composto pelos países mais ricos - e o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU). Também existem diferenças, a seu ver, na questão da Tríplice Fronteira. O governo norte-americano insiste em afirmar que existem financiadores do terrorismo na região entre Brasil, Argentina e Paraguai - informação contestada pelos três governos sul-americanos.

Patriota elogiou proposta feita pelo embaixador norte-americano Clifford Sobel, no sentido de se estabelecer um fórum de grandes empresários dos dois países. Lembrou ainda que os Estados Unidos - cujas importações alcançam US$ 1,7 trilhão - contam com um Produto de Interno Bruto (PIB) de US$ 13 trilhões, enquanto o PIB do Japão, segundo país mais rico do mundo, limita-se a US$ 4,5 trilhões.

- Vamos nos manter na rota do amadurecimento do relacionamento bilateral e da ampliação de nossas relações comerciais - anunciou Patriota.

Em seu voto favorável à mensagem de indicação do novo embaixador, o senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) observa que a preeminência norte-americana no cenário mundial, especialmente depois da Guerra Fria, é levada em conta por todos os outros países, na formulação de suas políticas externas.

- Ainda em nossos dias, a decisão pelo alinhamento ou não à política norte-americana é fonte de preocupação entre os formuladores de política externa. Ora a composição com a potência americana é defendida em bases pragmáticas, ora é execrada em nome da independência política - ressaltou Azeredo, em reunião presidida pelo senador Roberto Saturnino (PT-RJ).



13/12/2006

Agência Senado


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