Instituições divulgam notas sobre agressão a alunas da UnB
A Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM), ligada à Presidência da República, e o Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Mulheres (NEPeM), da Universidade de Brasília (UnB), publicaram notas públicas de repúdio ao trote sofrido pelas alunas da Faculdade de Agronomia e Veterinária (FAV) da UnB. As calouras tiveram de simular sexo oral com uma lingüiça nas dependências da instituição.
Veja as duas notas na íntegra:
Nota à imprensa
A Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM) repudia publicamente o trote sofrido por calouras da Faculdade de Agronomia e Veterinária da Universidade de Brasília (UnB), no último dia 11. As estudantes se ajoelharam e lamberam uma lingüiça lambuzada de leite condensado, simulando uma cena de sexo oral. Ao redor delas, veteranos e veteranas achavam graça da situação.
Ao tomar conhecimento do caso, por meio de denúncia à Ouvidoria, a SPM encaminhou ofício ao reitor da UnB, Cícero Lopes, e ao Ministério Público Federal solicitando informações e providências a respeito do caso. Dependendo do posicionamento da UnB, a SPM pode oficiar o Ministério da Educação para solicitar reforço no tratamento dessa questão na instituição de ensino. Até o momento, a UnB e o Ministério Público Federal não se manifestaram, oficialmente, sobre o assunto.
Segundo a ministra Iriny Lopes, da SPM, o trote foi um gesto de violência e desqualificação das mulheres. “É a permanência de gestos e posturas como essas que coloca a mulher em situação subalterna, além de ser uma violência moral. Infelizmente, temos assistido uma escalada de violência nos trotes”, repudiou.
Manifesto contra a vulgaridade do trote
O Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Mulheres (NEPeM), da Universidade de Brasília (UnB), vem a público manifestar total repúdio aos trotes destinados às calouras da Faculdade de Agronomia e Veterinária (FAV), que foram motivo de denúncia recente à Secretaria de Políticas para Mulheres (SPM).
Trata-se de práticas vulgares, vexatórias, desrespeitosas e humilhantes, a que as alunas foram submetidas. Além disso, não dizem respeito apenas às pessoas que delas participaram, uma vez que a violência simbólica nelas presentes é sexista ao disseminar a idéia patriarcal sobre quem são as mulheres em geral e sobre o seu lugar na sociedade. Ou seja, a mensagem veiculada nessas ações associa fortemente as mulheres a objetos sexuais e destina-lhes um espaço desvalorizado em ambiente em que as capacidades cognitivas, não os atributos corporais, são prestigiadas.
As regras de convivência na UnB devem ser pautadas pela ruptura com padrões sexistas e discriminatórios vigentes na sociedade mais ampla, exatamente por se esperar, nesse meio, o desenvolvimento de um pensamento crítico em relação ao senso comum e que, portanto, oriente a instauração de novas ações. Diante disso, o NEPeM soma-se às vozes da comunidade universitária e demais instituições para demandar explicações sobre os acontecimentos, bem como formas efetivas de coibição e prevenção de futuros trotes dessa natureza.
Fonte:
Observatório Brasil da Igualdade de Gênero
24/02/2011 19:06
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