Instituto Agronômico pesquisa soja tolerante à "ferrugem"



Estudos de combate à praga são feitos há oito anos pelo IAC. Doença atinge 12 estados brasileiros.

Uma nova variedade de soja, mais tolerante à doença conhecida como ferrugem da soja, está sendo estudada pelo Instituto Agronômico de Campinas (IAC), órgão vinculado à Secretaria Estadual de Agricultura de São Paulo. O Instituto é pioneiro, no Estado, no estudo da doença, que já atinge 12 estados brasileiros.

A ferrugem da soja, também conhecida como ferrugem asiática, é causada por uma espécie de fungo, Phakopsora Pachyrhizi e chegou ao Brasil, mais especificamente em Minas Gerais, no final da década de 70.

Desde 1998, o IAC trabalha no Programa de Melhoramento da Soja e ano passado começou a desenvolver estudos com uma variedade de planta com um grande nível de tolerância. "Foram encontradas algumas linhagens que apresentaram genótipos mais tolerantes. Estamos com uma expectativa muito grande para desenvolvê-las", disse a pesquisadora Margarida Fumiko Ito, diretora do Centro de Fitosanidade do IAC.

Após o desenvolvimento, o material ainda é testado em diferentes regiões, passa por registro e então a produção de sementes é disponibilizada ao setor produtivo. A conclusão dos trabalhos está prevista para 2009.

Normalmente a ferrugem infiltra-se pelas folhas localizadas nas partes mais baixas da planta, que fica amarelada. A doença provoca queda prematura das folhas prejudicando o crescimento dos grãos, rendimento e qualidade da produção.

A pesquisadora Ito alerta, em São Paulo alguns agricultores perderam mais de 80% de suas safras, prejudicadas pela doença. "Se não houver um monitoramento constante os agricultores podem perder toda a produção".

Treinamento

No início de 2005, o IAC realizou um treinamento em conjunto com a Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati), também vinculada à Secretaria da Agricultura, no pólo regional de Assis, para orientar os produtores sobre os sintomas da ferrugem, o ciclo de vida do fungo e como controlar e manejar a aplicação do fungicida.

Segundo Fumiko, a única forma que existe atualmente para combater a praga é por meio de herbicida, que deve ser aplicado, em média, por 25 dias. "Se aplicar no momento errado, o agricultor pode repetir a aplicação várias vezes, o que aumenta os custos de produção".

Ela explica ainda que a principal forma de disseminação da doença é por meio do vento e da umidade. Temperaturas médias menores que 28º graus centígrados e a irrigação das folhas por mais de 10 horas favorecem a infecção da planta. "A doença é muito agressiva e rápida e ataca a soja na fase jovem. A aplicação do fungicida deve ser feita logo nas primeiras folhas que apresentarem lesões", esclarece a pesquisadora.

A doença vem atingindo nos últimos anos plantações nos estados de Mato Grosso, Paraná, Rio Grande do Sul, Maranhão, Goiás, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina, Tocantins, Rondônia, Bahia, São Paulo e Distrito Federal.

Carlos Prado

Técnica ajuda a identificar a ferrugem
A ferrugem da soja pode ser facilmente confundida com as doenças mancha parda, crestamento bacteriano e danos por herbicidas pós-emergentes. Em todos os casos as folhas afetadas amarelam, secam e caem prematuramente dificultando a distinção.

Uma técnica simples pode facilitar a vida dos produtores e técnicos que estão monitorando a evolução da ferrugem a campo.

  1. Coletar as folhas com suspeita de ferrugem, colocar em um saco plástico, soprar um pouco de ar e amarrar a boca, fazendo um pequeno balão (câmara úmida). Devem ser coletadas folhas dos terços médio e inferior das plantas;
  2. Deixar o saco fechado em local fresco, à temperatura ambiente, durante 12 a 24 horas; durante esse período de incubação, o fungo irá produzir os urediniosporos que ficarão acumulados na superfície das urédias (estruturas salientes), tornando-se mais visíveis;
  3. Após o período de incubação, retirar as folhas do saco plástico e, observando a folha contra um fundo claro (exemplo: contra o céu claro), procurar por minúsculos pontos (menos de 0,5mm de diâmetro) de coloração escura a cinza-esverdeada, na parte inferior da folha com o auxílio de uma lupa de 10x a 20x de aumento, ou até a olho-nu. Essas estruturas de frutificação (em relevo na superfície da folha) são as únicas características que permitem diferenciar a ferrugem das outras doenças foliares e lesões de fitotoxidez de herbicidas;
  4. Para facilitar a visualização das urédias com a lupa ou microscópio, fazer com que a luz incida com a máxima inclinação sobre a face abaxial (inferior) da folha, de modo a formar sombra de um dos lados das urédias. Esse procedimento permite a observação das urédias, a campo, mesmo sem o auxílio da lupa de bolso.
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04/27/2006


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