Interino na Fazenda, Bernard Appy defende isenção do IR para investidores em títulos públicos



O ministro interino da Fazenda, Bernard Appy, defendeu nesta terça-feira (6), em audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), a iniciativa do governo de isentar do Imposto de Renda (IR) os ganhos dos investidores estrangeiros na compra de títulos públicos. Appy argumentou que os efeitos da medida ao longo do tempo são positivos, pois a maior competitividade na atração de capitais permite a redução das taxas de juros de longo prazo e, em conseqüência, também a redução dos custos de captação de recursos financeiros para as empresas nacionais.

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- Esse movimento, portanto, tem efeitos positivos para as empresas e os investimentos - disse Appy, salientando que a maioria dos países garante o mesmo tipo de isenção aos investidores de fora.

Os compradores estrangeiros deixaram de pagar IR sobre os ganhos com títulos públicos desde fevereiro passado, quando o governo baixou a Medida Provisória (MP) 161/06. Para que a isenção seja mantida, no entanto, a proposta - na forma do Projeto de Lei de Conversão (PLV) 11/06 - precisa ainda ser aprovada pelo Senado. A matéria está na pauta do Plenário, que se encontra trancada por outras MPs. Todo o prazo constitucional para exame da proposta foi esgotado e a prorrogação de sua vigência esgota-se no próximo dia 15.

Appy compareceu à CAE para falar - na condição de presidente em exercício do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) e também como representante do titular da pasta da Fazenda, Guido Mantega - sobre a concessão de benefícios a empresas participantes de políticas de incentivos mantidas pelos estados com base na isenção do Impostos Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).

Soma negativa

Tais políticas vêm ensejando conflitos entre as unidades federativas, com a denominada "guerra fiscal" travada pela atração de investimentos privados. Para Appy, o debate sobre a reforma tributária representa o contexto apropriado para pôr fim à disputa que, na sua avaliação, já teria chegado a um ponto em que os resultados são adversos para todos os estados que oferecem incentivos.

- Os próprios estados estão percebendo que, para o conjunto, o sistema de incentivos virou um jogo de soma negativae tornou-se disfuncional - afirmou.

Appy admitiu, no entanto, a hipótese de que o Confaz, em que estão representadas todas as secretarias de Fazenda dos estados, trabalhe para uma solução de consenso caso o novo desenho do sistema tributário - a ser definido em torno de projeto do Executivo que já passou pelo Senado e voltou à Câmara em razão das mudanças introduzidas -deixe a questão ainda em aberto. Ele aproveitou para afirmar que o governo continua interessado na reforma, mas cabe ao Congresso a "decisão soberana" sobre o tema.

O interino da Fazenda observou que o Confaz não dispõe de levantamentos sistemáticos sobre as isenções oferecidas pelas políticas estaduais de incentivo, mas revelou que a estimativa é a de que o montante esteja situado entre R$ 25 bilhões a R$ 30 bilhões por ano. Segundo ele, a substituição do ICMS pelo Imposto sobre o Valor Agregado (IVA), como previsto na reforma tributária, significa um avanço para um sistema tributário mais racional. Esse tributo, na sua avaliação, vai facilitar a implementação de um sistema de partilha compensatória da arrecadação, sobretudo a partir da integração dos fiscos federal e dos estados, por ele estimada para acontecer dentro de até cinco anos.



06/06/2006

Agência Senado


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