Ipea defende uso de crédito de carbono para ampliar geração de energia a partir do lixo



O uso de biogás de lixo urbano é a melhor oportunidade para o Brasil ampliar o uso de Mecanismos de Desenvolvimento Limpo, segundo um estudo publicado nesta quarta-feira (23) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Segundo o Comunicado 80, além de reduzir a emissão dos gases de efeito estufa, o mercado de carbono poderia se tornar uma fonte de financiamento necessária para reduzir o problema do saneamento básico.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2002, quase 59% dos municípios brasileiros ainda usam lixões, o que traz riscos para a saúde da população. Ao mesmo tempo, o Brasil conta com experiências bem sucedidas de recuperação dos gases da decomposição do lixo e queima controlada para a produção de eletricidade. Os dois melhores exemplos, que podem ser replicados rapidamente em cerca de 100 municípios são o proje do aterro Bandeirantes (PBGage) e o Projeto NovaGerar.

O Comunicado 80 prevê que, caso seja feito um plano setorial com regras claras para a replicação desses projetos, passarão a ser atrativos também pequenos projetos com a metodologia e técnica já testadas. Isso porque os custos de transação, administrativos e jurídicos, têm sido o fator que limita a expansão da experiência.


Alta eficiência

E os projetos de aterros sanitários se destacam por sua elevada capacidade de reduzir os gases do efeito estufa. Apenas 9% dos projetos MDL brasileiros são de aterro sanitário, gerando 24% do total de redução de emissões.

A degradação da biomassa de um aterro sanitário é capaz de gerar biogás de alto poder calorífico: melhor do que lenha e o bagaço de cana, embora menor que combustíveis fósseis, como carvão mineral, óleo diesel, gás natural e óleo combustível. Mas como apresenta elevada concentração de metano e de dióxido de carbono se torna um valioso meio de gerar créditos de carbono no MDL.

Segundo o Comunicado 80, um MDL setorial para o tratamento de lixo em nível nacional reduziria enormemente os custos de transação dos projetos, viabilizando projetos que não seriam viáveis na ausência dos créditos de carbono.


Dois bons exemplos

O PBGage, em São Paulo (SP), terá uma vida útil operacional estimada em 21 anos, dividido em três fases de sete anos. Apenas a primeira fase, ele retira 7,4 milhões de toneladas de CO2.  Até 2003, o Aterro Bandeirantes, da prefeitura paulistana, destruiu apenas 20% do metano produzido. Hoje, cerca de 80% é queimado em motores para a gerar energia e os 20% restantes são incinerados em flares. O gás é coletado e transferido para a usina por uma rede de tubos com cerca de 50 quilômetros. Após ser tratado, analisado e medido, ele vai para os 24 motores e gera cerca de 20 MWh.

O Projeto NovaGerar, em Nova Iguaçu (RJ), começou a ser feito em 2001, no processo de substituir o lixão de Marambaia pelo aterro sanitário de Adrianópolis - onde a queima do biogás foi programada para reduzir a emissão dos gases de efeito estufa em 14 bilhões de toneladas nos 21 anos seguintes. Foi constado também um efeito positivo na saúde dos moradores e no ambiente, já que o chorume passou a ser tratado e deixou de afetar a qualidade da água da região.


Fonte:
Portal Brasil



23/02/2011 18:15


Artigos Relacionados


São Paulo discute geração de energia a partir do lixo

Crivella quer destinar lixo urbano para geração de energia elétrica

Alckmin explica medidas paulistas para ampliar geração de energia ao vice-presidente Marco Maciel

SP discute geração de energia a partir do bagaço da cana

Figueiró defende uso de fonte hidrelétrica para geração de energia

Walter Pinheiro defende estímulos para a geração de energia eólica