IPT e USP participam de conferência sobre uso de material reciclado na construção



Evento acontece no próximo dia 28, no auditório Mario Covas da Escola Politécnica da USP

"Ainda não existe no Brasil uma cultura de reciclagem na construção." A opinião é compartilhada pelos pesquisadores Valdecir Quarcioni e Sérgio Angulo, do Laboratório de Materiais de Construção Civil vinculado ao Centro de Tecnologia de Obras de Infra-Estrutura do IPT. Embora a reciclagem do resíduo de construção e demolição esteja entre os objetivos da resolução número 307 do Conama, o Conselho Nacional do Meio Ambiente, ainda é pouco praticada. “Material que não é reciclado – diz Angulo – vai para o aterro, levando consigo um potencial de contaminação. Por isso, hoje, reciclagem é mais do que uma meta técnica; é uma obrigação ambiental, social e econômica.”

Embora timidamente, de início, hoje o mercado brasileiro investe na construção sustentável. Assim, pode-se prever uma demanda crescente por agregados reciclados nos próximos anos. “O entulho que sai de uma obra pode virar muitas coisas, mas a principal é agregado que poderá substituir bens minerais dos mais consumidos no mundo, como é o caso da brita. Seu uso em concreto, argamassas e em bases e sub-bases para pavimentos é adequada. Em 2002 o Brasil produziu 360 milhões de toneladas de agregado natural. Com a reciclagem não vamos atender toda a demanda. O ideal seria chegar aos 20%, o que será saudável do ponto de vista do mercado. O consumidor contará com uma alternativa viável, de custo competitivo e ambientalmente correta. Com esse novo material o produtor de brita terá uma regulagem para a oferta do mineral, cujo custo cresce em função das distâncias cada vez maiores entre o local de produção e a área urbana onde será consumido”, analisa Angulo.

Outros países – especialmente europeus – implementaram há vários anos a reciclagem do resíduo de construção e demolição, acumulando experiências importantes. Na Espanha, os índices de reciclagem cresceram significativamente. Na Alemanha, Suíça e Holanda existem altos índices de reciclagem com tecnologia de processamento parcialmente consolidada.

A experiência prática e o resultado de pesquisas nacionais e do exterior apresentam resposta ao desafio do sucesso comercial da reciclagem. Observa-se uma diversidade de conceitos inovadores, envolvendo tecnologia de processamento, novos mercados e controle de qualidade.

Evento

No próximo dia 28 de abril, das 8h30 às 17h00, realiza-se no auditório Mario Covas da Escola Politécnica da USP a Conferência sobre Resíduos de Construção e Demolição (RCD) como Material de Construção. A organização é do IPT, Poli/USP e Rilem (União Internacional de Laboratórios e Especialistas em Materiais de Construção, Sistemas e Estruturas) com apoio do programa Habitare, Finep, FDTE (Fundação para o Desenvolvimento Tecnológico da Engenharia) e Conselho Brasileiro de Construção Sustentável.

O objetivo é apresentar uma perspectiva internacional sobre o uso dos resíduos de construção e demolição como materiais de construção, na visão de um selecionado grupo de pesquisadores europeus que participam do grupo técnico da Rilem, além de pesquisadores brasileiros qualificados. Veja mais detalhes em: http://rcd08.pcc.usp.br.

Do IPT

(L.F.)



04/20/2008


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