Iris vai propor cotas nas universidades públicas para estudantes de baixa renda
A senadora Iris de Araújo (PMDB-GO) anunciou nesta quinta-feira (22) que vai apresentar nos próximos dias projeto propondo a criação de cotas nas universidades públicas para estudantes de baixa renda. Ela vai propor que as universidades reservem 30% das vagas para alunos com renda familiar inferior a cinco salários mínimos.
- Meu projeto objetiva oferecer às classes mais baixas, ao filho do pedreiro, do gari, da zeladora, condições de ascensão social similares àquelas de que gozam os filhos das classes abastadas. Importa assegurar um percentual das vagas nas instituições públicas de ensino superior para os candidatos que delas realmente precisam. Trata-se de garantir uma espécie de espaço contingenciado, dentro da premissa de estimular a mobilidade social, dando oportunidades àqueles que não podem pagar seus estudos - explicou.
A partir de dados de pesquisas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Iris de Araújo disse que as famílias com renda mensal de até três salários mínimos representam 40% da população, mas respondem por apenas 5% das matrículas no ensino superior, enquanto as famílias com renda entre 20 e 50 salários mínimos, que são 7% da população, ocupam 27% das vagas.
- Esses números demonstram de maneira incontestável que hoje no Brasil há quatro vezes mais ricos na universidade. Na mesma comparação, há oito vezes menos pobres - assinalou.
A senadora acrescentou que não se pode culpar totalmente o sistema superior de ensino. Citando levantamento feito pelo Ministério da Educação (MEC), em 1996, Iris informou que 74,7% dos inscritos nos vestibulares das universidades estatais são alunos da rede pública, enquanto que os 25,3% restantes vêm da rede privada de ensino médio. Mas, quando se observa a lista de aprovados, verifica-se que 55% dos aprovados são oriundos das escolas de ensino médio privado e apenas 45% saem das escolas públicas.
- O dilema é que o melhor ensino básico está na rede privada, onde só estuda quem pode pagar. Enquanto isso, o melhor ensino superior é o público e, para chegar a ele, faz-se necessária a boa formação oferecida pelo ensino básico privado. Ou seja, em todos os níveis, quem não pode pagar fica excluído do melhor ensino - afirmou.
O senador Gerson Camata (PMDB-ES) disse que o discurso de Iris deveria ser lido todos os dias para lembrar os parlamentares sobre o que deveriam fazer com a educação. O senador José Jorge (PFL-PE) disse que é hora de verificar o papel das universidades públicas para atender os alunos das classes mais pobres.
22/05/2003
Agência Senado
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