Paim quer consenso para projetos de cotas em universidades públicas



O senador Paulo Paim (PT-RS) defendeu, nesta quinta-feira (3), a formação de um consenso em torno das diversas proposições que buscam diminuir as desigualdades de oportunidades que atingem negros e índios. Ele manifestou sua posição na audiência pública realizada para discutir os projetos que estabelecem cotas nas universidades públicas, promovida no Senado pelas Comissões de Educação (CE), Assuntos Sociais (CAS) e Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH). A audiência, comandada pelo presidente da CE, senador Wellington Salgado (PSDB-MG), contou com a participação do ministro da Educação, Fernando Haddad, e da ministra da Secretaria Especial de Políticas de Promoção de Igualdade Racial, Matilde Ribeiro.

-Espero que haja um amplo entendimento para que a questão das cotas seja resolvida, mas é preciso lembrar que o Estatuto da Igualdade Racial não se restringe apenas a esse tópico - argumentou Paim.

O Estatuto, projeto de Paim aprovado pelo Senado e enviado à Câmara dos Deputados no final do ano passado, prevê que se reserve, para afrodescendentes,30% das vagas de instituições públicas federais de educação superior e dos contratos do Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (FIES).

A audiência pública debateu também o PL 73/1999, da deputada Nice Lobão, que traz apensados dois outros projetos. Essa matéria propõe que as instituições públicas federais de ensino superior reservem 50% de suas vagas a alunos que cursaram o ensino médio integralmente em escolas públicas. Foram apensados à proposição o PL 3627/2004, de autoria do Poder Executivo, e o PL 615/2003, do deputado Murilo Zauith.

A proposta do governo determina que cada universidade preencha as vagas reservadas por uma proporção mínima de autodeclarados negros, pardos e indígenas igual à proporção de pretos, pardos e indígenas na população do estado onde está instalada a instituição, de acordo com o censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Já a segunda proposição defende a obrigatoriedade de vagas para índios que forem classificados em processo seletivo, sem prejuízo das vagas abertas para os demais alunos. Emendas apresentadas ao PL 73/1999 defendem ainda que a reserva de vagas para alunos egressos da escola pública também seja feita em escolas técnicas.

Debate

O ministro Haddad defendeu a proposta do governo, que reserva vagas para alunos da escola pública. Para ele, o direito do negro estudante de instituições públicas de ensino entrar na universidade pelo sistema de cotas é o mesmo dos brancos oriundos dessas instituições. Haddad também lembrou que outros projetos do governo, como o aumento de vagas nos cursos noturnos e a construção de 50 escolas técnicas em todo o país, atinge especialmente esta parcela da população.

Fernando Haddad também destacou que o debate sobre o tema ao longo dos últimos anos fortaleceu a proposta e citou dados de uma pesquisa do Datafolha: 65% da população se diz favorável às cotas para negros e 25% são contrários. Já em relação às cotas para alunos das universidades públicas, o número de favoráveis ultrapassa 80%.

Com um discurso de teor semelhante, a ministra Matilde lembrou que, após a aprovação do Programa Universidade Para Todos (Prouni), 200 mil alunos de escolas públicas se matricularam em instituições de ensino superior, sendo mais de 60 mil negros e de 2 mil indígenas. Mesmo assim, ela se mostrou uma entusiasta da aprovação do Estatuto da Igualdade Racial e lembrou que toda e qualquer desigualdade tem que ser atendida e resolvida pelo governo em consonância com a sociedade.

- O Estatuto é um potente instrumento que, somado à Constituição federal, encurta caminhos prevendo ações afirmativas em todas as áreas.

03/08/2006

Agência Senado


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