Isso é que é gabinete!







Isso é que é gabinete!
Com 165 assessores no gabinete, o prefeito João Paulo tem mais auxiliares que Marta Suplicy, de São Paulo, e Tarso Genro, de Porto Alegre, além do governador Jarbas Vasconcelos

De quantos assessores um prefeito precisa? Apesar de aparentemente simples, a pergunta não é tão fácil de ser respondida, pelo menos segundo o prefeito do Recife, João Paulo (PT). Passados onze meses desde que tomou posse, o petista enfrenta dificuldades para cumprir uma de suas promessas de campanha: enxugar a PCR. Quando assumiu o cargo, João Paulo disse ter recebido, da gestão do ex-prefeito Roberto Magalhães (PSDB), um gabinete com 172 servidores. Apesar de ter afirmado, logo nas primeiras semanaS da gestão, que esse número seria “radicalmente reduzido”, atualmente 165 pessoas estão lotadas em seu gabinete - uma área de 637 metros quadrados, que ocupa mais da metade do 9º andar do edifício sede da PCR. Esse número é bem maior que os registrados nas prefeituras de Porto Alegre e da capital paulista - também administradas pelo PT, onde respectivamente 78 e 110 servidores estão lotados nos gabinetes dos prefeitos Tarso Genro (PT) e Marta Suplicy (PT), segundo informações das próprias prefeituras.

O efetivo à disposição de João Paulo também é menor que o total registrado no gabinete do governador Jarbas Vasconcelos (PMDB), onde 115 assessores (incluindo os que trabalham no escritório de representação do Estado, em Brasília), estão lotados. João Paulo nega a existência de uma superestrutura e justifica o número de servidores em seu gabinete afirmando que “todos estão envolvidos no desenvolvimento de projetos sociais que não existiam nas gestões anteriores”, além da manutenção de serviços já existentes.
Entre as justificativas apontadas pelo petista está a criação das Coordenadorias da Mulher e do Voluntariado, que apesar de terem caráter social estão ligadas diretamente ao gabinete, como forma de “dar mais autonomia” para o desenvolvimento do trabalho. Além disso, João Paulo explicou que o gabinete, funciona como uma espécie de “cérebro” da prefeitura e por isso precisaria de mais recursos humanos do que uma secretaria, por exemplo.

De acordo com a chefia de gabinete da PCR, cerca de 85 servidores trabalham no espaço físico destinado ao gabinete. OutrOs 31 dão expediente nas nove juntas militares do Recife (as juntas militares, apesar de serem instituições ligadas ao Exército, utilizam pessoal e até prédios das prefeituras municipais). Dezenove servidores, apesar de estarem lotados no gabinete, estão prestando serviços em outros departamentos ou órgãos da administração municipal.
“Não existe nenhuma superestrutura. Estamos trabalhando duro para melhorar a cidade e cada servidor tem um papel fundamental para isso. Algumas outras prefeituras administradas pelo PT podem fazer um trabalho similar ao nosso, mas cada uma está estruturada de maneira diferente e isso não quer dizer que uma é melhor que a outra”, afirmou o prefeito. A faixa salarial dos assessores do gabinete varia entre R$ 400,00 e R4 5.386,50.

Para os vereadores da bancada de oposição da Câmara Municipal do Recife, o gabinete virou um “cabide de empregos”. “É uma vergonha. Como é que o PT quer falar em moral e seriedade quando vive dando maus exemplos”, afirmou um oposicionista em reserva. Já o vereador Roberto Andrade (PFL), preferiu usar a frase veiculada nas inserções do PPB nas rádios e televisões. “O PT é bom para reclamar e ruim para governar. As provas estão aí para quem quiser ver. Eles criticaram o quanto podiam a gestão do ex-prefeito Roberto Magalhães e agora ficam se justificando com desculpas fabricadas”, argumentou. O ex-prefeito Roberto Magalhães não quís falar com a reportagem.


PT acusa PSDB de plagiar discurso
A paternidade do discurso de desenvolvimento com justiça social será questionada na campanha de 2002. Agora, os petistas decidiram aproveitar as divergências na seara tucana para acusar o PSDB de plágio. Nas diretrizes do programa do deputado José Genoíno (SP), candidato do PT ao governo de São Paulo, a crítica não é ao mercado, mas, como diz o ministro da Saúde e presidenciável José Serra (PSDB), ao Estado inerte e omisso. “Os tucanos não têm credibilidade para fazer esse discurso e agora estão copiando o nosso”, afirma Genoíno, que terá sua candidatura homologada hoje, no 15.º Encontro Estadual do PT, em Serra Negra (SP). “O desenvolvimento deles é desbotado e anêmico, enquanto o nosso é o verdadeiro”, afirmou.


PMDB debate programa de governo
Dirigentes do PMDB começarão a viajar pelas capitais brasileiras esta semana, abrindo o ciclo de debates promovido pela Fundação Ulysses Guimarães para elaborar o programa do partido para o País. Mesmo com chance mínima de disputar a Presidência da República indicando o cabeça de chapa, o PMDB quer concluir, no dia 20 de dezembro, um projeto de governo com propostas ousadas na área social. “Vamos começar os debates por Sergipe, Alagoas e Bahia”, diz o líder do PMDB na Câmara, Geddel Vieira Lima (BA), que vai recepcionar o presidente da Fundação, Moreira Franco, em Salvador no próximo fim de semana. Para alinhavar as propostas que irão a debate Brasil afora, a Fundação Ulysses Guimarães montou um grupo de 13 notáveis, entre economistas, sociólogos e cientistas políticos de correntes políticas que variam de dissidências do PSDB ao PT.


Fim da imunidade ameaça mandato de 100 deputados
Em Pernambuco, a Justiça apresentou cinco pedidos para processar os deputados. Nenhum foi acatado

Pelo menos uma centena de deputados estaduais de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná, Espírito Santo, Pernambuco, Mato Grosso, Amazonas e Pará são réus em queixas-crime à espera de autorização das Assembléias Legislativas para que possam ser processados pela Justiça. Em Pernambuco, há pedidos da Justiça para processar cinco deputados.
As acusações contra os cinco parlamentares pernambucanos dizem respeito a crimes de falsidade ideológica, estelionato, contra a administração pública e contra a honra. As acusações são relativas a períodos em que eles eram prefeitos, antes de se elegerem deputados estaduais. Estarão todos sujeitos, portanto, ao prosseguimento dos processos que correm contra eles caso sejam aprovadas as novas regras da imunidade.

“Somente depois da aprovação da lei é que a Assembléia vai analisar os casos dos cinco deputados que são alvo da Justiça”, diz o presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa, deputado José Marcos (PFL).

CRIMES – Protegidos pela imunidade parlamentar, a exemplo dos congressistas, os deputados estaduais só podem ser acionados hoje com o aval da respectiva Casa legislativa. Boa parte dos crimes dos quais são acusados trata de delitos políticos, mas no mínimo 46 deputados em todo o País poderão ser processados imediatamente a partir da aprovação das mudanças na imunidade parlamentar.
O segundo turno de votação do projeto que altera a imunidade deve ocorrer nos próximos dias na Câmara dos Deputados. Os pedidos de autorização da Justiça para a abertura ou prosseguimento dos processos estão parados nas Assembléias Legislativas, em alguns casos, há mais de uma década. E a lista certamente é maior. O assunto é tabu entre os deputados. A Assembléia mineira, por exemplo, não divulga as ações contra seus integrantes. Um levantamento extra-oficial da Associação dos Magistrados de Minas Gerais indica que 30 dos 77 parlamentares são réus em processos. Destes, apenas cinco são conhecidos.

O deputado Marcelo Gonçalves (PDT), acusado de ter atropelado e matado um ciclista em uma rodovia estadual em 1994, já foi alvo de cinco pedidos de licença feitos p elo Tribunal de Justiça de Minas. Todos foram negados. Dizendo-se inocente, ele sustenta que pediu à Mesa Diretora da Assembléia que concedesse a licença, no entanto, ela não acatou.


Edgar refuta casuísmo na PM
Secretário Extraordinário de Coordenação afirma que projeto da PM resultou de uma decisão de Governo que não privilegiou ninguém

Apontado pelos coronéis da PM recém-reformados como o principal inspirador da lei que redefiniu os critérios de promoção na Polícia Militar, o secretário Extraordinário de Coordenação do Estado, Edgar Moury Fernandes, esperou a poeira baixar para dar também sua versão dos fatos.
O projeto enviado pelo governador Jarbas Vasconcelos à Assembléia Legislativa, disse ele, “resultou de uma decisão de Governo”, depois que se chegou à conclusão de que era necessário regulamentar o Artigo 100, inciso X, da Constituição de Pernambuco, segundo o qual “as promoções dos servidores militares serão feitas por merecimento e antigüidade, alternadamente, de acordo com o estabelecido em legislação própria”.

A partir daí, segundo o secretário, chegou-se ao critério dos 30 anos de serviço ativo e quatro no posto de coronel, que é estabelecido pelas Forças Armadas. Ele contestou também a acusação de que a lei seria “casuística”, por supostamente beneficiar pessoas ligadas ao Palácio das Princesas, dizendo que essa afirmação só seria procedente se o Governo tivesse incluído algum dispositivo para favorecer o coronel de Roberto Magalhães (Adilson José da Silva) e prejudicar o de Carlos Wilson (José Ramos).
“Tanto a Lei é impessoal que mandou para casa o coronel Adilson e deixou no posto o coronel Ramos (assistente militar do prefeito João Paulo)”, disse ele, referindo-se ao dispositivo que abre exceção para os coronéis que se encontrem trabalhando em funções de natureza administrativa no Tribunal de Justiça, na Assembléia Legislativa e na Prefeitura do Recife. Esses, mesmo completando os quatro anos, não vão para a reserva compulsoriamente.

Para o secretário, a ditadura acabou no Brasil, mas a cabeça de muitos coronéis continua voltada para 64 porque alguns daqueles que foram transferidos para a reserva contestavam a autoridade do comandante Iran Pereira. “Eles vêm a PM como uma instituição à parte, desvinculada do Governo, como se o seu comandante supremo não fosse o governador. Iran pensa diferente. Tem consciência de que a PM é constitucionalmente subordinada ao poder civil, e, por isso, tem a confiança do governador.”

JORNAL VELHO – O secretário de Coordenação também contou que quando chegaram ao seu conhecimento denúncias anônimas contra o comandante – teria comprado um imóvel sem que tivesse renda para tal –, mandou chamá-lo ao gabinete e pediu explicações. Ele mostrou ter adquirido o imóvel mediante financiamento da Caixa Econômica e que as outras denúncias posteriormente encaminhadas pelos coronéis à Secretaria de Defesa Social “não tinham fundamento, salvo a quantidade de pessoas na sua guarda pessoal”.
“Se há excesso, vamos corrigi-los. Mas não deixá-lo sem segurança pessoal”, declarou Edgar Moury Fernandes.
Ele acha que há uma certa discriminação na própria PM contra Iran, “por ser de cor e de origem humilde”, e considerou “ridícula” a afirmação do coronel Lucinaldo Pimentel de que um dos motivos que teriam levado o Governo a bancar a nova lei seria o desejo de apadrinhar o segundo tenente João Cláudio Alves da Silva.


Artigos

O Islã no Nordeste
MANUEL CORREIA DE ANDRADE

A publicação do livro A Questão Muçulmana na Cultura Afro-Brasileira, um estudo das influências do culto nagô em Pernambuco, de Cláudia Lima, é de grande atualidade. A autora, como historiadora e folclorista, é um nome consagrado e o tema referente ao negro tem sempre um maior interesse entre nós. O negro é uma presença forte desde o início da colonização e o assunto islamismo está em foco, no momento em que se trava a guerra de americanos com o Afeganistão e o mundo inteiro teme que ela se torne uma nova Cruzada, com um confronto entre o Cristianismo e o Islamismo; Cruzada que, uma vez iniciada, ninguém saberá onde e como irá terminar.
Cláudia Lima, como boa comunicóloga, sabe prender o leitor, sabe expor as suas idéias em linguagem acessível e atraente, que o leva a aprofundar seu interesse pelo assunto. Conhecendo bem os termos africanos, muito usados pelos praticantes destes cultos, tornou-os acessíveis aos leitores ligados a outras áreas. Ainda usa bem a prática que tem, como escritora que já publicou livros de sucesso, como Tachos e Panelas, já em segunda edição, sobre a história da alimentação regional, e o Evoé: história do carnaval – das tradições mitológicas ao trio elétrico, além de organizar revistas sobre temas populares do Nordeste, como História do Carnaval e História Junina, justamente as duas grandes festas populares nordestinas, onde demonstra uma grande vivência com os temas estudados.

Neste novo livro ela envereda por um tema que vem sendo estudado por grandes figuras de antropólogos brasileiros, como Nina Rodrigues, Gilberto Freyre, Edson Carneiro, Valdemar Valente, René Ribeiro e outros, a influência do Islã nos cultos e na civilização afro-brasileira ou, mais especificamente, afro-nordestina. O livro começa analisando os princípios gerais da religião pregada por Maomé, suas origens, sua expansão no Oriente Médio e depois na África, as conquistas árabes no Mediterrâneo e a sua expansão pela África Negra. Com grande capacidade de infiltração o Islã propagou-se praticamente por toda a África, absorvendo costumes e assimilando hábitos e crenças preexistentes e influenciando com os seus próprios costumes, salientando a importância do sincretismo para a expansão das idéias religiosas.

A autora estuda, em seguida, a transferência dos cultos islâmicos da África para o Brasil, em decorrência do tráfico negreiro, e a formação, em vários Estados, de grupos que adotavam os princípios de Maomé, como os malés na Bahia, já estudados por Gilberto Freyre e Luís Viana Filho, famosos pela revolução que fizeram em 1835, em pleno período regencial quando o poder político do Estado estava enfraquecido, os huassas, associados aos nagôs, no fim do período colonial, os negros minas, islamizados, e os alufás que tiveram importância também na província do Rio de Janeiro.
Salienta a presença de negros islamizados em Alagoas e Pernambuco, que já eram relacionados pelos observadores que viveram no Nordeste, como o famoso inglês Henry Koster, no seu estudo documentado e fonte permanente de todos os cientistas sociais que se interessam pelo Nordeste. Assim, teriam sido estabelecidos pelos traficantes de escravos negros, dos grupos nagô da Nigéria e Mina da Costa do Ouro (Gana), e que aqui, apesar dos preconceitos e da repressão, difundiram suas crenças e idéias. Essa difusão teria se dado de forma pacífica, nas casas grandes, transmitida através de superstições, crendices e medos, e de forma direta, através de implantação de cultos afros, que ficaram famosos.

Alguns terreiros e seus pais-de-santo tornaram-se famosos e socialmente respeitados, apesar de ter havido, em alguns momentos, grandes perseguições aos cultos africanos.
O mais famoso babalorixá, o pai Adão, chegou a ir a Lagos na Nigéria, em 1906, o que aumentou o seu prestígio entre os babalorixás. Seus conceitos sobre pai Adão, baseados em pesquisas diretas e em estudos de antropólogos que a antecederam, enriquecem consideravelmente este livro, situando o personagem tanto em relação à população negra como em relação aos estudiosos de antropologia, que a partir de Freyre, tanto desenvolveram pesquisas e estudos sobre a população afro-pernambucana.
O capítulo de Conclusões Finais é um Glossário, de g rande interesse para os não iniciados nos conhecimentos afro-brasileiros. Desse modo, com o novo livro de Cláudia Lima temos uma obra de fácil acesso ao público e de profundidade no conhecimento do problema islâmico no Brasil. É uma obra que complementa o conhecimento tanto de leitores iniciantes como de leitores conhecedores do tema. Acreditamos que ele vá ter um bom acolhimento por parte do público especializado e do não especializado.


Colunistas

Pinga-Fogo - Inaldo Sampaio

Ou define ou murcha
Desde que o PFL a lançou na mídia, Roseana Sarney investiu num tópico que o diferenciou dos outros candidatos à sucessão de Fernando Henrique: sua condição de mulher. Não chegou aos 20 pontos nas pesquisas defendendo um programa de governo ou se comprometendo com o governo atual, mas tão somente mostrando a cara. Anthony Garotinho ironizou: eleição para presidente da República não pode ser confundida com concurso de miss, referindo-se obviamente ao rosto simpático da governadora.
Partindo-se portanto da constatação de que a filha de Sarney ocupou o espaço da “direita”, já que em política não existem vácuos, deve-se concluir que o PSDB terá que escolher o mais rápido possível o seu candidato presidencial, para não ficar a reboque do PFL. Se o presidente José Aníbal diz todos os dias que o partido terá o seu próprio candidato ao Palácio do Planalto, ou bota logo esse nome na rua ou ele será engolido pela governadora. Que, malgrado pertencer a uma oligarquia, consegue passar a imagem de “não política”.
Como observou Inocêncio Oliveira, quem diz que tem quatro não tem nenhum. Ou escolhe logo Serra, ou Tasso, ou Paulo Renato, ou Aécio, mas tem que escolher. Deixar para abril poderá ser fatal.

Predominantemente sulista
Não fosse a presença de Tânia Bacelar, do prefeito de Aracaju Marcelo Deda e do deputado federal Nélson Pellegrino (BA), a comissão do PT que elabora o programa de governo de Lula seria totalmente sulista. O coordenador é Celso Daniel, prefeito de Santo André, com a colaboração de Marta Suplicy, Tarso Genro, Aloízio Mercadante, Patrus Ananias, Maria Vitória Benevides, Luiz Marinho, Oded Grajew, Miguel Rosseto e Maria da Conceição Tavares.

Torcida zero
Embora nordestino, Tasso (CE) não conseguiu sensibilizar ainda o tucanato pernambucano com sua candidatura presidencial. Exceto Batata, que está fechado com Aécio Neves, o restante dos líderes do partido tem simpatia por José Serra. Por trás da rejeição ao nome de Tasso, há um componente de ordem econômica: a disputa PE x CE.

Só aos quarenta
Shirley Oliveira, filha do líder Inocêncio Oliveira (PFL), não rompeu os laços com a política. Apenas adiou o seu projeto para quando alcançar os 40 anos (tem 27). “Estou nova demais para abdicar da vida pessoal em favor da vida pública. Mas aos 40, já enjoada de marido e de menino, quem sabe?” O maridão Marco Aurélio, disse ela, “ficou arrasadíssimo”.

Secretário de João Paulo põe campanha na rua
Já circulam veículos pelas ruas do Recife anunciando a candidatura do secretário municipal de Recursos Humanos, Danilo Cabral (PSB), à Assembléia Legislativa. Para não ferir a Lei, a mensagem é singelíssima: “Danilo 2002”.

Boa chance para avaliar a força eleitoral
O prefeito Fernando Bezerra Coelho (PPS) terá um enorme desafio em Petrolina em 2002: dar a vitória a Ciro Gomes. Se conseguir, ficará definitivamente comprovado que quem derrotou Jarbas lá em 98 não foi Arraes, e sim ele.

Triste final 1
O “triste fim” do governo FHC, segundo o deputado Maurílio Ferreira Lima (PMDB), já é visível no Congresso. “Quando Arnaldo Madeira (líder do governo) caminha pelos corredores, os próprios deputados da base governista cortam caminho para não cumprimentá-lo. Imagina em agosto do próximo ano”.

Triste final 2
Para o deputado peemedebista, qualquer candidato a presidente que o PSDB apresentar corre o sério risco de perder para Enéas. “Zé Aníbal (SP) insiste em candidato próprio mas quando iniciar o toque da corneta será como o mulá Omar no Afeganistão: não encontrará um só talibã para brigar ao seu lado”.

De um coronel PM que trabalhou com Joaquim (PFL) sobre as cartas apócrifas que continuam circulando no QG do Dérby com ofensas pessoais a Iran Pereira: “A PM chegou ao fundo do poço e só mesmo um general de brigada conseguirá pôr a Casa em ordem”. Um ex-governador também pensa assim.

A greve das Universidades Federais chegou ao seu final mas Carlos Wilson (PPS) deixou registrado nos anais do Senado a sua solidariedade aos professores. “O governo endureceu com os grevistas por causa de uma despesa anual de R$ 350 milhões. Mas foi extremamente generoso com os bancos Marka e FonteCindam”, disse o senador.

Como dois bicudos não se beijam, é inamistosa a relação política no PSDB de dois liderados de Sérgio Guerra: Pedro Eurico e Antonio Moraes. A disputa não se dá por espaços políticos mas porque o ex-líder do PSB, segundo Moraes, “tenta passar para a opinião pública uma imagem que não tem”.

Dois deputados estaduais da base governista torcem fervorosamente para que Romário Dias (PFL) ponha em votação a prestação de contas do governo Arraes relativas ao ano de 96: Hélio Urquisa (PMDB) e Augustinho Rufino (PSDC). Este último já ensaiou o que irá dizer, alto e bom som, da tribuna da Casa: “Nãããão”!


Editorial

Imposição sem sentido

O entulho autoritário (expressão cunhada pelo ex-ministro da Justiça Fernando Lyra) é difícil de ser varrido. Teimoso, não se conforma em ir para o lixo da história e arranja um jeito de cair da caçamba de limpeza pública política. Foi assim que uma criação da nossa última Constituição, a medida provisória (MP, que existe em países mais solidamente democráticos), adquiriu status de lei, independentemente de aprovação do Congresso. Até a tentativa de retomada de poder feita há pouco pelo Legislativo, milhares de MPs foram editadas e reeditadas, ao bel prazer de quatro presidentes da República pós-redemocratização. Foi usada e abusada como substituto do decreto-lei da ditadura, um autêntico entulho autoritário. Ainda hoje, continua servindo para realizar caprichos governamentais.

Outro autêntico entulho autoritário, herança de ditadura já sepultada na primeira metada do século passado, é a Voz do Brasil, programa oficial de divulgação e louvação de atos oficiais, que todas as emissoras de rádio do País são obrigadas a retransmitir diariamente. A empostação oficialesca e burocrática, a música d’O Guarani como introdução e gran finale (Carlos Gomes não tem culpa disso), o desfiar monótono de notícias palacianas, tudo isso se repete há 66 anos, desde o Estado Novo; atravessou duas redemocratizações (1945 e 1985), a constelação de governos militares, uma guerra mundial na qual tomamos parte; passou pela onda de liberalização e modernização do País inaugurada na década passada e chega impávida aos nossos dias.

Resistiu à chegada da televisão, à explosão e popularização da informática, à expansão da propaganda oficial em todos os meios de comunicação, novidade introduzida nos governos militares. Resistiu até à gozação de um filme dos anos 50, Aviso aos Navegantes, da Atlântida: uma seção da Voz do Brasil tinha esse título, que aparecia sempre; no dia em que não havia nenhum aviso, o locutor acrescentva solenemente: “Hoje não há aviso aos navegantes”. A única opção que o ouvinte de rádio tem, para se livrar da xaropada oficial, é desligar o aparelho; ou, para os que podem, refugiar-se na TV, no aparelho de som e outros lazeres. Se algum dia o programa se justificou, pela falta de outros canais de comunicação entre governo e cidadãos, hoje não tem mais nenhum sentido. O governo faz sua propaganda maciça, ostensiva ou sub-reptícia, através de todos os meios de comunicação. O Senado e a Câmara têm suas emissoras de TV e publicações várias. O Governo federal tem a Rádio Nacional e poderá ter, quem sabe, uma Rádio Planalto. Obrigar compulsoriamente, mantendo um entulho autoritário da ditadura, emissoras da iniciativa privada a retransmitir esse programa obsoleto não é minimamente aceitável.

No momento em que se discutem outras propostas de legislação de interesse dos meios de comunicação, como a que permite a participação minoritária de capital estrangeiro em empresas de comunicação social e a que cria nova legislação para a radiodifusão, seria bom que nossos legisladores se debruçassem também sobre o mistério da longevidade do entulho autoritário da Voz do Brasil. Quanto à participação minoritária de capital externo em empresas de comunicação, acreditamos que poderá ser uma maneira correta de enfrentar o problema das dificuldades que atingem os meios de comunicação, sobretudo jornais, permitindo ao público opções que não estão asseguradas com a tendência à oligopolização. E uma nova lei de radiodifusão deverá evitar possíveis abusos do poder econômico (como exclusividade de transmissão de jogos de futebol), através do poder regulatório de agências públicas. Tudo isso nos aproximará mais da democracia, que desejamos perene


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12/02/2001


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