JADER ALERTA CONTRA ESVAZIAMENTO DO BB E DO BASA



Estudo que sugere ao governo retirar o Banco do Brasil do financiamento à agricultura foi rechaçado nesta segunda-feira (dia 17) pelo senador Jader Barbalho (PMDB-PA). Elaborado pela consultoria estrangeira Booz Allen & Hamilton, por encomenda do Ministério da Fazenda, o trabalho aponta a necessidade de o BB reduzir seus custos, dedicando-se unicamente à atividade de banco comercial. Sugere ainda que o Banco da Amazônia (Basa) seja fundido com a Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) e que o Banco do Nordeste (BNB) e a Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) passem a formar uma única instituição.Para o senador, afastar o Banco do Brasil do crédito agrícola significará extinguir o braço executor de importante política pública e deixar sem assistência bancária o interior do Brasil - principalmente os pequenos produtores rurais -, uma vez que bancos privados e agências de crédito não teriam como suprir a demanda dos agricultores. Depois de exibir cópia de notícia sobre o estudo publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, Jader denunciou o esvaziamento do BB. Entende o senador que, alijado de sua função social, o BB será alvo fácil daqueles que desejam sua privatização com argumento de que ao Estado não cabe atuar empresarialmente na área financeira.- Embora o nosso partido faça parte da base de sustentação do governo, o nosso compromisso incondicional é com a sociedade. O PMDB não vai admitir a desarticulação do Banco do Brasil, do Basa, do BNB e da Caixa Econômica Federal - disse Jader, referindo-se à sugestão dos consultores da Booz Allen, que abrange todo o setor financeiro oficial, inclusive o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Em relação à Caixa, por exemplo, é sugerido que encerre a carteira comercial e feche agências, transformando-se numa autarquia.Apesar de falar em nome de seu partido, do qual é presidente e líder de bancada, Jader disse acreditar que o Senado e o Congresso Nacional vão ficar atentos a qualquer tentativa de desestruturação ou privatização dos bancos oficiais. O senador anunciou que enviará requerimento à Mesa solicitando que o Ministério da Fazenda encaminhe ao Senado cópia do estudo da consultoria. Adicionalmente, proporá à Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) que faça cuidadoso exame desse processo. Ele chamou a atenção de seus colegas para o fato de que a consultoria baseou-se no modelo de financiamento alemão, que para o senador não tem nada a ver com a realidade brasileira. O discurso de Jader foi aparteado por diversos senadores, todos eles contrários à privatização dos bancos oficiais. O senador Sérgio Machado (PSDB-CE) lembrou que essas instituições são responsáveis por atender à periferia e às comunidades mais distantes. Já a senadora Heloísa Helena (PT-AL) enxerga nos projetos de mudança do governo para as instituições de crédito oficial uma estratégia de privatização "sorrateira", porque feita aos poucos. O senador José Eduardo Dutra (PT-SE) acrescentou que a lei impede a privatização do BB e da Caixa por decisão do Conselho Nacional de Desestatização (CND) - caberia ao Congresso dar a autorização para a venda dessas empresas.Como ex-funcionário do BB, o senador Leomar Quintanilha (PPB-TO) atestou a importância da instituição como difusora de crédito e instrumento na luta contra as desigualdades regionais. O senador Amir Lando (PMDB-RO) observou que o Brasil crescia antes do programa de privatização, passando agora a um período de estagnação. Lando foi um dos senadores que também protestaram contra as medidas que aos poucos reduzem o papel da Petrobras e encaminham a empresa para a privatização.Apoiaram ainda o discurso de Jader os senadores Antero Paes de Barros (PSDB-MT), Agnelo Alves (PMDB-RN), Francelino Pereira (PFL-MG), Eduardo Suplicy (PT-SP), Marluce Pinto (PMDB-RR) e Ademir Andrade (PSB-PA), que repudiaram as propostas visando à venda dos bancos oficiais e a transferência da atividade de fomento a bancos particulares. O senador Pedro Simon (PMDB-RS) disse estranhar que um governo social-democrata não atente para a função social dessas instituições.

17/04/2000

Agência Senado


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