JADER QUER APLICAR DINHEIRO DA VENDA DE TUCURUÍ EM OBRAS NO RIO TOCANTINS



A Comissão de Assuntos Econômicos vota ainda este ano projeto do senador Jader Barbalho (PMDB-PA) que obriga o governo a aplicar nas obras de transposição do nível do rio Tocantins os recursos obtidos com a venda de ações da hidrelétrica de Tucuruí. O projeto será relatado pelo senador Gilberto Mestrinho (PMDB-AM) e decidido em caráter terminativo.
Jader considera essa iniciativa um passo estratégico na redução das desigualdades regionais e alega que a transposição do nível do Tocantins é essencial ao restabelecimento de sua navegabilidade. Defendendo a desconcentração industrial e a criação de corredores de exportação alternativos, o senador menciona a integração das bacias hidrográficas das regiões Norte e Centro-Oeste para argumentar sobre a necessidade de recuperação da navegabilidade do Tocantins.
De acordo com o senador, a transposição do nível desse rio propiciará o pleno aproveitamento econômico de todo o potencial florestal, agropecuário e mineral do vale Tocantins/Araguaia. Em sua opinião, essa é a oportunidade de alavancar-se a atividade econômica do Norte e Centro-Oeste e só será possível destinando-se os recursos obtidos com a venda de Tucuruí à conclusão de duas eclusas (diques para represar águas correntes) e de um canal intermediário, imprescindíveis ao restabelecimento da navegabilidade do Tocantins.
Segundo Barbalho, as obras das eclusas se iniciaram em 1981 e tiveram seu cronograma reduzido em 1984 até a completa paralisação em 1989. Retomadas em 1997, as obras estavam previstas para encerrar-se em 2002, a um custo global estimado em R$ 375 milhões. A necessidade dessas obras, explicou, se fez a partir da construção da barragem de Tucuruí, quando o rio Tocantins foi seccionado, ocasionando um desnível de cerca de 72 metros, que precisa ser urgentemente corrigido.
Sobre a desestatização da hidrelétrica, o senador informou que a estratégia do governo é desmembrar Tucuruí e vendê-la em um único bloco de ações, com um preço mínimo estimado em US$1 bilhão. Ele disse que o programa de privatização brasileiro tem-se traduzido apenas em instrumento de arrecadação de vultosos recursos financeiros a curto prazo, o que considera bem distante de uma política econômica redutora das desigualdades inter-regionais, como exige a Constituição.

11/09/2000

Agência Senado


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