NEY SUASSUNA QUER PROIBIR DINHEIRO PÚBLICO NA VENDA DE EMPRESAS BRASILEIRAS



O senador Ney Suassuna (PMDB-PB), presidente da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, defendeu da tribuna, nesta terça-feira (dia 29), que o governo brasileiro seja proibido de financiar grupos estrangeiros na compra de empresas brasileiras. Para ele, um país de baixa poupança interna com o Brasil não pode se dar ao luxo de gastar dinheiro oriundo de impostos para financiar empresas estrangeiras, que têm fácil acesso ao capital internacional.- Não sou xenófobo, mas todos hão de concordar que é um absurdo o BNDES financiar grupos estrangeiros na compra de empresas brasileiras, como ocorreu em outubro passado, quando foi privatizada a Companhia de Geração Elétrica Tietê, uma das empresas em que foi subdividida a Centrais Elétricas do Estado de São Paulo - afirmou.O senador considera que o capital estrangeiro é um complemento necessário ao capital nacional e contribui para a prosperidade brasileira, especialmente pela tecnologia avançada que trás ao país. Entretanto, Suassuna alerta que o capital estrangeiro deixa de ser interessante quando a economia sofre um processo "exagerado" de desnacionalização. Ele concorda que é difícil dizer o momento em que tal capital se torna "excessivo" na economia de um país.- Quando a presença estrangeira na economia nacional torna-se excessiva, é como se perdêssemos o controle sobre nosso próprio destino, sendo tomadas por estrangeiros as decisões mais importantes que afetam nossa economia - observou. Ele citou uma entrevista concedida recentemente pelo banqueiro Fernão Bracher, ex-presidente do Banco Central, na qual ele afirmou que, na crise cambial de janeiro de 99, o Brasil só não entrou em colapso porque os grandes bancos nacionais - Bradesco, Itaú e Unibanco - continuaram comprando papéis da dívida pública.Suassuna lembrou os argumentos usados pelos críticos da abertura aos investimentos estrangeiros, para quem a maior parte das aplicações se destina à compra de negócios já existentes, e não à construção de novas indústrias, ou seja, seria apenas uma transferência de propriedade de nacionais para estrangeiros. No entanto, o senador ponderou que os brasileiros que vendem suas empresas acabam investindo em novos negócios no país, gerando riqueza e emprego. O ex-ministro Roberto Campos, lembrou Suassuna, considera o termo "desnacionalização" inadequado para descrever o que ocorre no Brasil, pois isso só ocorreria quando houvesse perda de patrimônio.- Discussões semânticas à parte, os US$ 30 bilhões que o Brasil recebeu no ano passado representam 20% do total de investimentos realizados no país. Outros 80% de investimentos são de origem nacional, o que levou a revista Veja a concluir que "a economia brasileira é um bicho muito grande para ser deglutido assim rapidinho, mesmo por um animal do porte do capital internacional" - acrescentou.

29/02/2000

Agência Senado


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