Janeiro marca o bicentenário da chegada da família real portuguesa
Há 200 anos, em 22 de janeiro de 1808, D.João VI e a família real desembarcaram em Salvador (BA). A viagem foi motivada pela invasão francesa a Portugal, ocorrida em 29 de novembro de 1807. Napoleão Bonaparte havia declarado, em 1806, o Bloqueio Continental, proibindo que qualquer país europeu mantivesse contato comercial com a Inglaterra. Com esta medida, Portugal corria o risco de perder seu maior aliado e de ficar sob o jugo francês.
A solução encontrada para escapar da ameaça de Napoleão foi transferir temporariamente a sede do reino para o Brasil, principal colônia do império luso. Subitamente, toda a estrutura administrativa, funcionários, documentos, bem como a família real e a corte tiveram de ser embarcados na esquadra portuguesa, escoltada até o Brasil por navios de guerra da Inglaterra.
D. João VI permaneceu um mês em Salvador, período no qual foi declarada a abertura dos portos brasileiros ao comércio exterior, medida que significava o fim do monopólio luso sobre o comércio brasileiro. Outra iniciativa importante foi a permissão para a instalação de fábricas no Brasil, concedida em abril de 1808, um mês após a transferência da família real para o Rio de Janeiro.
Como nova sede do Império, o Rio de Janeiro sofreu grandes alterações na sua estrutura urbana, inspirada no modelo de cidades européias, e na vida cultural, passando a receber espetáculos teatrais e musicais com maior freqüência. A abertura dos portos também ampliou a circulação de visitantes no Rio de Janeiro, muitos interessados em conhecer a fauna e a flora do país, bem como os hábitos dos brasileiros. Um dos mais destacados foi o pintor francês Jean-Baptiste Debret, autor de vários retratos sobre o Brasil.
Com o fim das guerras napoleônicas, em 1815, a família real foi pressionada a voltar para Portugal, como forma de restaurar as antigas monarquias do continente. No entanto, D.João VI se recusou a voltar e, para justificar sua permanência no Brasil, o elevou a Reino Unido a Portugal e Algarves. O fato gerou revolta em Portugal, receoso de perder sua antiga colônia.
Em 1820, estourou a Revolução do Porto, que derrubou Lord Beresford, o presidente da junta inglesa responsável por governar Portugal na ausência da família real. Foi elaborada uma nova constituição, que buscava limitar os poderes do rei. Esta ameaça forçou D.João VI a retornar a Portugal, deixando o futuro proclamador da independência e primeiro imperador do país, D.Pedro I, no Brasil.
22/01/2008
Agência Senado
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