JEFFERSON APÓIA AÇÃO DA OTAN NA IUGOSLÁVIA
O governo iugoslavo é o único responsável pela guerra em Kosovo. A afirmação foi feita pelo senador Jefferson Péres (PDT-AM) ao discordar nesta sexta-feira (dia 11) do que classificou como "cegueira" de alguns setores da esquerda, que dão sustentação ao "ditador" Slobodan Milosevic apenas para "satanizar" os Estados Unidos. O senador não concorda com a comparação que esses setores da esquerda fazem entre a intervenção passageira da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) em Kosovo e as guerras imperialistas do passado. "Eram guerras de conquista. A Otan procurou evitar que kosovares fossem massacrados", afirmou.Para Jefferson Péres, o massacre e a expulsão de milhares de albaneses para a Macedônia são motivos suficientes para justificar a intervenção da Otan e descaracterizar o conflito como sendo um assunto interno da Iugoslávia. O senador acredita que, se não houvesse a intervenção militar em Kosovo, as grandes potências estariam agora sendo acusadas pelas mesmas pessoas de terem deixado de intervir por não haver interesses econômicos na região. Segundo Jefferson Péres, a guerra teve caráter humanitário porque "vai acabar com uma política sistemática de extermínio da etnia albanesa".O senador Artur da Távola (PSDB-RJ) disse que não se colocou contra os Estados Unidos e que, inclusive, é admirador daquele país. Távola explicou que apenas criticou "o absurdo da opção guerreira que pode se tornar uma ameaça futura à ordem mundial". O senador Pedro Simon (PMDB-RS) disse estar surpreso com a manifestação de Jefferson Péres e que tem "restrições enormes aos Estados Unidos e até um pouco de inveja" pela força da economia, mas considerou um absurdo o título de "polícia do mundo". Para Simon, Milosevic é um "facínora, um monstro", mas o senador não concorda com a intervenção da Otan.Jefferson Péres questionou também qual seria o interesse da indústria bélica neste conflito, conforme acusações feitas. Segundo ele, não houve qualquer aumento na produção de armamentos, a Otan perdeu apenas dois aviões e nem sequer foram utilizados tanques, uma vez que não houve confronto em terra.Para o senador Bello Parga (PFL-MA), é preciso deixar claro que a intervenção foi da Otan, uma organização supranacional, e não dos Estados Unidos. "O governo americano está levando a fama dos outros. Todos, de boa consciência, tinham que acabar com aquela limpeza étnica", disse. DEBATEEm aparte ao discurso do senador Tião Viana (PT-AC), Pedro Simon continuou a controvérsia e acusou os EUA de agirem de acordo com os seus interesses. "Tem momentos em que os americanos acham que é uma barbárie, tem momentos que não", disse, em referência ao estímulo dado pelos EUA às atrocidades cometidas por regimes militares no Chile, Argentina, Brasil e Uruguai.O senador gaúcho alertou para o fato de a Otan e os EUA terem desmoralizado a Organização das Nações Unidas (ONU). "Amanhã, esses mesmos argumentos podem ser usados contra a Amazônia. Dizer que os americanos promoveram a paz é um absurdo", criticou, prometendo continuar o debate na sessão desta segunda-feira (dia 14).
11/06/1999
Agência Senado
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