JEFFERSON CITA CORÉIA DO SUL E TAIWAN COMO EXEMPLOS NA REDUÇÃO DE DESIGUALDADES



Ao constatar que quando se discutem temas como a concentração de renda no Brasil os debates geralmente se limitam aos efeitos e não às causas das desigualdades sociais, o senador Jefferson Péres (PDT-AM) disse nesta quarta-feira (dia 22) que, quando o tema voltar a ser debatido, devem ser levadas em consideração as experiências de países como Taiwan e Coréia do Sul. Ele listou sete fatores que podem explicar porque estes dois países conseguiram crescer a uma média de 10% ao ano entre 1960 e 1985, descentralizando a renda, enquanto o Brasil não teve o mesmo êxito.
O primeiro fator citado pelo senador foi a realização da reforma agrária e a criação de uma classe média rural tanto em Taiwan como na Coréia do Sul. Dessa forma, explicou Jefferson Péres, os dois países evitaram que massas de excluídos, como ocorre no Brasil, migrassem para as cidades criando um cinturão periférico de miséria.
A estabilidade monetária foi o segundo ponto abordado. Jefferson Péres lembrou que entre 1960 e 1985 o Brasil detinha uma inflação de dois, três e até quatro dígitos, enquanto Taiwan e Coréia do Sul, por adotarem uma política monetária rigorosa, mantiveram uma média de inflação de nível europeu. A universalização da educação foi o terceiro ponto citado pelo senador.
- Nos dois países o estado investiu forte e pesadamente na educação. Logo nos primeiros anos erradicaram o analfabetismo e hoje exibem números que nos fazem morrer de inveja. A Coréia do Sul tem mais percentual de PHDs do que os Estados Unidos. Um total de 95% da população coreana na faixa etária de 15 a 17 anos está cursando o segundo grau. Eu preciso dizer qual foi o comportamento do estado brasileiro? - indagou Jefferson Péres.
O quarto ponto levantado pelo senador foi a manutenção, tanto pela Coréia do Sul, quanto por Taiwan, dos juros baixos, mas positivos. Os juros foram ao mesmo tempo estimuladores dos investimentos, porque eram baixos, e estimuladores da poupança, porque eram sempre superiores à inflação. A baixa carga tributária nos dois países, que é inferior a 20%, enquanto no Brasil ultrapassa 30%, foi o quinto item citado por Jefferson Péres.
A valorização do capital nacional também foi incluída por Jefferson Péres como diferencial da Coréia do Sul e Taiwan em relação ao Brasil. Enquanto as estatais brasileiras foram privatizadas com financiamento e subsídio de um banco estatal, o BNDES, nos países asiáticos criou-se empresas de nível internacional, como Sansung, Daweo e Hyundai. O último fator levantado pelo senador foi a extroversão econômica - o privilégio às exportações sem escancarar as portas para as importações.

22/09/1999

Agência Senado


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