JEFFERSON PÉRES CHAMA ATENÇÃO PARA CRISE CAMBIAL NA TAILÂNDIA



O senador Jefferson Péres (PSDB-AM) fez um alerta hoje (dia 7) sobre a crise cambial enfrentada pela Tailândia e para o risco potencial que o Brasil corre de enfrentar situação semelhante. Lembrando que o terceiro ano do Plano Real coincidiu com a eclosão da crise tailandeza, o senador avisou: "O Brasil não suportaria um estouro cambial porque temos uma dívida social que tem de ser resgatada com urgência".

Ele observou que a crise na Tailândia pode até não ser um sinal de perigo para o Brasil, mas definiu-a como um fato que não pode ser desprezado. Disse que a economia brasileira caminha entre o déficit comercial e o déficit público e que nenhum país, salvo os Estados Unidos, pode se dar ao luxo de permanecer por muito tempo com esses dois megadéficits. Jefferson lembrou queesse país só faz isso porque tem o privilégio de possuir uma moeda de curso universal.

Para Jefferson Péres, nenhuma outra economia pode sobreviver com esses dois déficits gigantescos e a equipe econômica brasileira sabe disso. "Não devemos ser catastróficos, mas não podemos achar que isso definitivamente não acontecerá ao Brasil", disse o senador, assinalando que o déficit brasileiro em conta-corrente está sendo financiado pelo ingresso de capitais especulativos, o que significa a remessa para o exterior de lucros que agravarão o desequilíbrio das contas brasileiras.

Embora ressalvando que exercício de futurologia em matéria econômica é futilidade, o senador disse ter a convicção de que, em poucos momentos da história brasileira, o país esteve diante de uma "bifurcação" como a de agora. "Ou o Brasil resolve o problema básico do ajuste fiscal ou despenca para o quarto mundo. Não podemos brincar com fogo e nosso problema número um é o desequilíbrio das contas públicas". frisou.

Na opinião de Jefferson Péres, o Brasil tem que crescer 6% para enfrentar o desemprego. Com 3% ou 4% de taxa de crescimento, segundo o senador, o país não atenderá à demanda por emprego decorrente do aumento da população. Por outro lado, como a industrialização é poupadoura de mão-de-obra e aumenta as importações de equipamentos, a economia brasileira continua num impasse.

- É preciso desmontar essa armadilha e nós, do Senado, precisamos ter presente nossa responsabilidade nesse ajuste fiscal, que não pode ser obra apenas do Executivo - advertiu.

Péres mencionou a precariedade dos serviços de saúde, a falta de segurança pública nas cidades, a falência dos estados, a agitação no campo, os baixos salários do setor público, assim como o efeito dominó da rebelião da polícia mineira, para concluir que "uma crise cambial seguida de recessão elevaria a crise social, que é perigosíssima. Se a economia do país destrambelha, sabe Deus o que pode acontecer se somarmos a isso o desprestígio da classe política".

O senador Humberto Lucena (PMDB-PB) aparteou para dizer que é urgente a necessidade da reforma tributária para contornar essa crise, acrescentando que não vê nenhum esforço do governo nessa direção. "O projeto está parado na Câmara, fala-se em reduzir os tributos para quatro ou cinco, mas nada acontece", acentuou.

07/07/1997

Agência Senado


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