JEFFERSON PERES CRITICA BANDA CAMBIAL



Defendendo uma taxa cambial mais realista, o senador Jefferson Peres (PSDB-AM) disse hoje (23) que o governo brasileiro está cometendo o mesmo erro que levou à crise econômica do México. Segundo ele, a crise mexicana ocorreu devido à "teimosia" em manter o câmbio congelado e o Brasil está armando uma bomba de efeito retardado fazendo algo parecido, com as bandas cambiais (cotações mínima e máxima fixadas pelo Banco Central).

Jefferson Peres lembrou que, quando o então presidente do Banco Central, Pérsio Arida, esteve no Senado para explicar a taxa de juros e a banda cambial, perguntou-lhe porque o governo não estabeleceu, desde o início, uma banda cambial que tivesse apenas o valor do piso. O senador não obteve resposta, mas acredita que o mais recomendável seria estabelecer apenas a cotação mínima para o câmbio, sem banda superior (limite máximo).

A defasagem da balança comercial, segundo Jefferson Peres, não pode ser corrigida através de uma taxa cambial insustentável ou do aumento da taxa do imposto de importação. "É inútil corrigir isso através do aumento de taxas de importação, pois esse tipo de medida apenas protege setores ineficientes", argumentou o senador. Citando o economista Mário Henrique Simonsen, Peres disse que "a inflação incomoda, mas o câmbio mata"

Em aparte, o senador Roberto Requião (PMDB-PR) disse que falta ao governo "a sintonia fina, o ajuste de setores que estão sendo altamente prejudicados". O senador anunciou que 370 das 371 prefeituras do Paraná estão fechadas hoje, por um dia, em protesto contra a alta dos juros. "Jamais houve uma manifestação tão grande e o governo insiste em não enxergar o desemprego e a recessão", afirmou. Requião lembrou ainda que a alta de juros está quebrando as pequenas e médias, responsáveis por seis de cada 10 empregos oferecidos.

O senador Bernardo Cabral (PP-AM), também em aparte, disse que não podia se calar diante da situação econômica. O senador solidarizou-se com Peres e lembrou as recentes medidas do governo, que, segundo ele, "torpedearam" o parque industrial de Manaus e que foram adotadas sem que o governador do Estado do Amazonas fosse avisado.

Como solução para o processo recessivo que avança no país, o senador Jefferson Peres pregou uma paridade real-dólar mais realista, admitindo até uma inflação mais alta. "Creio que seria melhor se a inflação se elevasse um pouco e o câmbio fosse mais realista, pois propiciaria a queda dos juros", analisou.

Jefferson Peresdefendeu ainda a proposta de emenda constitucional do senador Vilson Kleinübing (PFL-SC), em que estabelece o retorno do IPMF para cobrir a dívida pública. Peres disse que essa pode ser a solução para a crise fiscal da União, obtendo recursos para que o governo cumpra seu papel de prestador de serviços.

A desqualificação do preço do gás de cozinha, também foi criticado pelo senador Jefferson Peres. Segundo ele, caso essa medida seja tomada dará "um golpe violentíssimo" na população mais pobre do interior do Amazonas. O senador explicou que em Manaus o preço do botijão de gás continuará o mesmo, pois lá existe uma refinaria de petróleo. Mas, no interior, a população voltará ao fogão a lenha, pois o transporte através de barcos tem um custo muito alto além do tempo que pode chegar, em alguns casos, a 20 dias.



23/06/1995

Agência Senado


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