Jefferson Péres diz que inconstitucionalidade da MP do Banco Central é "solar", de "uma clareza que cega"
O senador Jefferson Péres (AM), líder do PDT, disse que se o presidente da República fosse Leonel Brizola, ele, Jefferson Péres, como líder do partido, renunciaria imediatamente se o governo enviasse ao Congresso Nacional uma medida provisória como a que concede status de ministro ao presidente do Banco Central, Henrique Meirelles.
- Imaginem se, há alguns anos, o presidente Fernando Henrique enviasse uma MP semelhante para garantir o foro privilegiado para o então presidente do BC, Armínio Fraga. Os senhores e senhoras, senadores do PT, votariam a favor ou fariam um escândalo? É o que lhes pergunto, já que os tenho na conta de honestos - disse Jefferson Péres.
O líder do PDT afirmou não aceitar que o governo use o princípio de que os fins justificam os meios.
- Não vou nem discutir a inconstitucionalidade dessa MP. É de uma clareza cegante, solar. Como é que os senhores têm a coragem de subir à tribuna e dizer que pau é pedra?
Jefferson Péres prosseguiu, classificando como "imoral" a chamada MP do Meirelles.
- Logo o doutor Meirelles, um homem de grande magnetismo pessoal, tanto que arrebanhou um número impressionante de votos em Goiás - eu gostaria de conhecer o segredo de tanto carisma - ironizou.
O senador Jefferson Péres invocou por duas vezes o senador Eduardo Suplicy (PT-SP), a quem aponta como homem de grandes qualidades morais e considerado "puro", ao contrário da maioria dos políticos.
- Senador Suplicy, já que está na moda cantar na tribuna, eu quero aqui recordar Charles Aznavour: "Que reste-t-il de nos amours?" (O que resta de nosso amor?) - cantarolou o senador, citando uma velha canção do cantor, compositor e ator armênio naturalizado francês Charles Aznavour, sucesso no fim dos anos 60.
08/12/2004
Agência Senado
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